Jonathan e Marta caminharam em silêncio até o carro. Quando entram, ele se vira, olhando para ela com um sorriso misto de fascínio e ternura.
— Você… — começa, balançando a cabeça, rindo sem acreditar — você literalmente domou a Viviane Stoller.
— Ela precisava ouvir. — responde Marta, com simplicidade.
— E eu estava de saco cheio daquele teatro barato.
Ele riu mais, depois puxou-a suavemente para um beijo.
Foi intenso. Lento. Carregado de admiração e orgulho.
— Eu fico impressionado com você — disse, colando a testa na dela. — Essa firmeza, essa clareza. Você tem noção da mulher que é?
— Tenho uma ideia — respondeu ela, sorrindo contra os lábios dele.
— Sabe o que mais? — Jonathan acariciou o rosto dela com o polegar. — As meninas da roça sempre foram mais recatadas, mais contidas… mas você… você é fogo escondido em seda.
Ela riu.
— Talvez seja o tempero da terra vermelha.
Ele a beijou de novo, mais uma vez, como se não conseguisse se segurar.
De volta ao Grupo Schneider, o clima no elevador era de cumplicidade silenciosa. Jonathan ainda sorria de canto, observando Marta pelo reflexo do aço escovado.
Ela, por sua vez, já estava focada novamente no trabalho, como se o episódio do restaurante tivesse sido apenas mais uma interrupção qualquer. Mas ele sabia. Por trás daquela compostura vivia uma mulher que não deixava passar uma única ofensa, nem com luvas de pelica.
No andar da presidência, eles se separaram. Jonathan foi para sua sala. Marta, direto à de Islanne.
— E aí, como foi com a Viviane Stoller? — perguntou Islanne, sem tirar os olhos do notebook.
— Se eu te contar, você vai rir… ou mandar prender — respondeu Marta, encostando-se à mesa, divertida.
— Pronto, agora quero saber. Desembucha. Vamos, quero todos os detalhes!
Marta contou tudo. Com direito a imitações exageradas de Viviane mexendo no decote, os olhares provocativos, o convite descarado, e por fim, a tentativa de beijo e o sermão final.
— Eu falei: "Se quiser algo com o Grupo Schneider, trate diretamente comigo ou com Islanne Schneider!" — disse Marta, cruzando os braços com orgulho.
Islanne arregalou os olhos, boquiaberta.
— ELA TENTOU BEIJAR O JONATHAN?! NO RESTAURANTE?!
— Tentou, Islanne. Na cara dura. Quase quebrei uma taça de cristal de tanto ódio. Mas fui civilizada. Dentro do possível, é claro.
— Ah, não… eu tô passando mal! — Islanne riu alto, batendo as mãos na mesa. — E você mandou ela embora assim? Com um sermão?
— Algum motivo especial?
— Minha RAM preta tá me chamando. Talvez um vinho depois. Talvez um beijo. Quem sabe?
Islanne riu.
— Vai lá, dona poderosa. Mas volta com o mesmo brilho amanhã.
— Eu sempre volto com brilho — respondeu Marta, piscando.
Seus saltos ecoaram no corredor como assinatura.
Jonathan, parado na porta entreaberta da sala, observava tudo com um sorriso que misturava orgulho, carinho… e uma pontinha de desejo contido.
Sim, Marta Maia era tudo o que ele jamais pensou merecer e tudo o que ele nunca deixaria escapar.
Enquanto revisava um relatório em sua sala, os olhos de Jonathan pararam no nada, presos na lembrança da cena no restaurante. Não era só o escândalo evitado, nem o constrangimento imposto a Viviane, era a postura de Marta.
Ela não gritou, não perdeu a classe, mas foi firme como uma sentença. Com uma elegância cortante, transformou o constrangimento em controle, a provocação em autoridade. Jonathan sentiu um orgulho quase primitivo ao lembrar do jeito que ela se impôs, como quem marca território sem precisar elevar o tom. Ela não era apenas a sua assistente, era a sua fortaleza. E naquele momento, mais do que nunca, teve certeza de que não havia ninguém que o representasse melhor, que o defendesse melhor… e que o fascinasse tanto quanto Marta Maia.
Mas será que aquela cena no restaurante realmente havia terminado?
Ou era só o primeiro movimento de uma peça muito mais perigosa?

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