O sol nasce tímido sobre o pátio principal do Grupo Schneider.
A brisa fria da manhã serpenteia entre os galpões, arrastando consigo o cheiro de metal, óleo e promessas não ditas.
O som das empilhadeiras ecoa como um tamborilar distante, compondo uma trilha sonora que parece... calma demais.
Quase como se o próprio mundo prendesse a respiração.
Na sala da presidência, Jonathan assina relatórios enquanto observa Marta, sentada no sofá, folheando seu caderno de anotações.
De tempos em tempos, ele ergue os olhos, como se precisasse vê-la para acreditar que ela está ali, viva, respirando e sorrindo para ele.
— Vai ficar me vigiando o dia inteiro, Senhor Schneider? — Marta provoca, sem desviar o olhar das folhas.
Jonathan arqueia uma sobrancelha, deixando um sorriso brincar no canto da boca.
— Tentador... mas não. — responde, num tom de falsa resignação. — Hoje você tem reunião com Islanne no RH às dez. Eu vou ficar preso com uma pilha de contratos tão chatos que até as paredes vão querer fugir.
Marta fecha o caderno, se levanta com graça e caminha até ele.
Sem aviso, se inclina e roça os lábios nos dele, um beijo rápido, quente, que acende algumas promessas.
— Lida direitinho com os números... que eu te recompenso esta noite. — sussurra, deixando a ameaça doce pairar no ar.
Jonathan ri, a voz grave e rouca de quem já imagina mil possibilidades, e dá um tapa carinhoso no quadril dela quando ela se afasta.
Ele a observa sair, o peito aquecido pela certeza de que, enquanto ela existir ali, o mundo ainda faz sentido.
Às 10h02, duas batidas secas na porta rasgam o sossego da sala.
— Entra. — diz Jonathan, sem levantar os olhos dos papéis.
O que entra, porém, o faz largar a caneta no mesmo instante.
Um homem alto, moreno, terno preto impecável moldando a postura militar que grita treinamento severo.
Olhos tão frios quanto a lâmina de uma faca.
Presença tão intensa que parece preencher cada centímetro da sala.
— Senhor Jonathan Schneider? — a voz é grave, cortante. — Dante Bittencourt. Ex-forças especiais. Especializado em táticas de contenção, combate corpo a corpo, defesa civil e rastreamento.
Indicado por Eduardo Rossi para atuar como segurança pessoal da senhorita Islanne Schneider.
Jonathan se levanta, lentamente, como quem avalia uma ameaça disfarçada de solução.
— Eduardo te indicou pessoalmente? — pergunta, olhos estreitos, estudando cada linha daquele homem.
— Sim, senhor. — Dante mantém o tom firme. — Ele afirmou que a senhorita Schneider precisa de proteção... especial.
Jonathan fecha a pasta com calma calculada e se aproxima.
Há algo em Dante que faz o alerta interno dele apitar imediatamente, não um perigo imediato, mas uma certeza: aquele homem é capaz de qualquer coisa para cumprir a sua missão.
Exatamente o tipo de aliado que se quer por perto... ou o inimigo que se teme.
Ele estende a mão.
— Bem-vindo ao Grupo Schneider, Dante.
Espero que minha irmã não acabe te deixando maluco.
Dante segura a mão dele com força controlada, o traço de um sorriso cruzando seus lábios.
— Ela pode tentar, senhor.
Jonathan sorri de verdade pela primeira vez no dia.
Isso vai ser interessante.
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