O Grupo Schneider acorda como uma fera adormecida: um organismo gigante, pulsando em silêncio entre aço e concreto.
No ar da manhã, há uma eletricidade sutil, uma vibração que passa despercebida pelos distraídos... mas não por Dante Bittencourt.
Ele sente.
Ele sempre sente.
Dante é um fantasma em trajes civis — discreto, mas impossível de ignorar para quem tem sensibilidade suficiente.
Sua presença densa, calculada, é como a sombra que se projeta antes da tempestade.
Onde Islanne Schneider vai, ele vai.
Silencioso. Atento. Impecavelmente preciso.
O novo guarda-costas da vice-presidente do Grupo Schneider é uma fortaleza de músculos, disciplina e olhar frio. Não fala mais do que o necessário. E observa, sempre observa.
Para Islanne, isso é o maior combustível.
A primeira investida do dia acontece em um corredor lateral do prédio administrativo. Ela sente sua presença antes mesmo de vê-lo, é como uma mudança sutil na temperatura do ar.
— Você já pensou em usar sinos no pescoço? — dispara, girando nos saltos para encará-lo com um sorriso travesso.
Dante, a poucos passos de distância, mantém os olhos atentos nos arredores e responde seco, sem desviar a atenção:
— Assim eu estragaria o efeito surpresa.
Islanne ri, aquele tipo de riso que reverbera como uma provocação descarada.
— Efeito surpresa? — ela debocha. — Isso aqui é um escritório, não um campo de batalha.
— Ainda não. — retruca ele, a voz baixa como uma promessa sombria.
Ela para, desafiando-o com um brilho curioso no olhar.
— Você é sempre assim? — questiona, cruzando os braços. — Tenso, contido, com essa expressão de quem está pronto para socar o próximo que respirar errado?
Dante finalmente a encara. Um movimento calculado, quase felino.
— Só com quem provoca para descobrir até onde pode ir. — responde, a voz um fio de aço.
O desafio paira entre eles, denso, cortante.
Islanne estreita os olhos, como quem reconhece um oponente à altura.
Dá mais um passo à frente, diminuindo a distância que ainda os separa.
— E já achou o seu limite, Bittencourt? — ela sussurra, como se fosse um segredo compartilhado apenas entre eles.
Dante a encara com uma calma gelada.
— Ainda não. — diz, a voz carregada de intenção. — Mas não se preocupe. Quando chegar perto... você vai sentir.
Por um segundo, o corredor inteiro parece prender o fôlego.
Islanne sorri, um sorriso perigoso, quase predatório.
— Eu sou um problema, sabia? — provoca, inclinando ligeiramente o corpo.
— Eu sou a solução. — devolve ele, sem piscar.
Ela ri, um som suave e malicioso, antes de girar sobre os saltos altos e seguir adiante, seus passos ecoando no mármore do piso.
Dante a segue, como uma sombra que respira.
O jogo havia começado.
Mas quem estava realmente no controle?
Mais tarde, no estacionamento subterrâneo, Islanne decide testar ainda mais seus limites.
Ela para abruptamente diante do carro, jogando a bolsa no banco do motorista com um movimento teatral.
Vira-se, braços cruzados, postura desafiadora.
— Vai ficar grudado em mim até quando, Bittencourt? — dispara, a voz carregada de veneno doce.
Dante não hesita.
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