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O CEO e o filho perdido: A segunda chance do destino romance Capítulo 95

Não precisa verificar o relógio, a madrugada avança quando Alan Moretti sente o mundo ruir de vez. A garrafa de uísque na bancada já perdeu o gosto, tornando-se um líquido morno e amargo como o arrependimento que corrói o seu peito. A casa está mergulhada em um silêncio artificial, sufocante, como se até as paredes aguardassem para ouvir o que vem a seguir. No andar de cima, Vivian dorme, ou tenta. Há noites em que o peso da vida acorda mesmo os que fingem dormir.

Mas Alan não dorme. Há semanas que não conhece o verdadeiro descanso. Só pesadelos. E um deles caminha agora em sua direção agora.

Vivian acorda com o barulho, os olhos turvos pelo sono interrompido. Ela vê Alan no quarto, com a expressão de um homem prestes a ser enforcado.

— O que foi agora?

Ele não responde de imediato. Vai até o armário e começa a empurrar roupas na mochila com movimentos duros, quase violentos.

— Precisamos ir. Agora. — A voz é firme, mas arrastada. Tensa. Embriagada.

— O quê? Por quê?

Alan a encara. E ela vê. Não só o terror. Mas o luto. Um luto que carrega todos os dias sem dizer uma palavra.

— Jonathan descobriu. Tudo. O sequestro, o homem que eu mandei atrás da mulher dele… e a Aira. Ele sabe. E vai me destruir.

Vivian não diz nada por um momento. Ela já esperava por isso. Desde o dia em que viu Alan trancado no escritório, tremendo, segurando uma garrafa e encarando o vazio como se olhasse o próprio reflexo no abismo.

— Então é isso? Vamos fugir?

— Não é fuga. É sobrevivência. — Ele fecha a mochila com força. — Você vem comigo ou fica?

Ela observa o homem à sua frente. Não é mais o marido gentil e idealista de antes. É uma sombra dele. Mas as sombras também sentem dor.

— Eu vou. Mas se você me arrastar pra esse abismo, Alan, eu mesma termino o que o Jonathan começou.

Alan assente, com um sorriso triste e cansado.

— Justo.

Meia hora depois, um carro preto corta a escuridão da estrada como uma lâmina silenciosa. A chuva engrossa, martelando o teto do veículo enquanto Alan dirige com o maxilar travado, os olhos fixos na estrada. Vivian ao lado, em silêncio. Não porque não tenha o que dizer, mas porque já sabe que palavras não funcionam com ele quando o abismo o engole.

O rádio toca uma canção triste demais até mesmo para aquela madrugada. Alan a desliga com um gesto seco.

— Estamos indo para o interior — diz, finalmente. — Casa de um paciente. Um lugar afastado, seguro… por enquanto.

Vivian assente. Mas não deixa passar.

— E depois?

Ele suspira, encostando-se no volante como se ele mesmo estivesse se desmontando por dentro.

— Depois… a gente pensa no depois.

— Isso é só mais uma fuga, Alan. Não um recomeço.

— Eu não tenho mais como recomeçar. — A voz amarga sai como um sussurro áspero. — Mas você tem.

Ela vira o rosto, surpresa pela confissão.

— Você está dizendo que vai me deixar?

— Estou dizendo que talvez eu precise… antes que tudo piore. Antes que só reste o monstro.

Vivian desce em seguida. Cansada. Molhada. Mas ali.

Eles entram.

A casa está escura. Cheira a madeira antiga e poeira. Mas Alan não se importa. É abrigo. E ele sabe que vai precisar de muito mais que paredes para se proteger.

Vivian acende uma vela sobre a lareira. A luz fraca ilumina os rostos dos dois. Alan se senta no chão. Exausto. Vazio. Perdido.

Ela o observa. E então pergunta:

— Ele vai mesmo vir atrás de você?

Alan ergue os olhos para ela, a respiração pesada.

— Ele é Jonathan Schneider. Não só virá… ele vai me encontrar.

E talvez, no fundo, seja exatamente isso que Alan deseja.

Mas… Jonathan está mesmo sozinho nessa vingança?

Ou há mais olhos sobre ele do que Alan imagina?

Quantos outros conhecem a verdade?

E… será que algum dia, alguém saberá o que realmente aconteceu naquele dia em que Aira morreu?

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