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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 143

Isabela permaneceu em silêncio, olhando para o chão.

— Você precisa se controlar — continuou Angélica, mais suave agora. — Suas atitudes estão colocando tudo a perder. O Thor está doente, fragilizado, e você transformou a casa num campo de guerra. Não pensou nele. Nem no bebê. Nem em você. Isso não é amor, Isabela, é descontrole.

— Eu só quero proteger meu relacionamento! — rebateu ela, com a voz trêmula.

— Então ouça o que eu estou dizendo com o coração aberto — Angélica se aproximou um pouco mais. — Procure ajuda. Faça terapia. Isso vai te ajudar a entender o que está sentindo, a cuidar melhor do bebê, de você mesma. E também vai te ajudar com o Thor. Esse ciúme todo… Só vai afastá-lo de você. Pensa com carinho nisso que estou te falando. Você sabe que eu gosto de você, te considero como uma filha.

Isabela fez um esforço para sorrir, com a falsidade quase ensaiada.

— Obrigada, sogra… Eu vou pensar sim. Amo muito a senhora. A senhora é como uma mãe pra mim.

— Fico feliz por isso — disse Angélica, levantando-se. — Agora, cuida dele, por favor. Daqui a pouco tenho uma consulta, mas volto rápido.

— Pode deixar. Eu cuido dele — respondeu Isabela, com um tom que parecia sincero demais para ser real.

Angélica se dirigiu ao quarto para pegar sua bolsa, deu mais uma olhada preocupada em Thor, e saiu.

Assim que as portas do elevador se fecharam com Angélica dentro, Isabela deixou cair a máscara. Foi até a cozinha, abriu a geladeira como se procurasse algo, e murmurou, entre os dentes:

— Sua velha nojenta... Como te odeio!

Fechou a geladeira com força e apoiou as mãos na ilha. Seus olhos estavam cheios de ódio. Na mente de Isabela, todos eram culpados, menos ela. Celina, Angélica, até mesmo Thor. Todos conspiravam contra sua felicidade. Mas ela ainda não tinha percebido que o maior inimigo morava dentro dela: o descontrole.

Enquanto isso, Thor, no quarto, se revirava na cama, com febre. Em seus sonhos febris, imagens distorcidas de Celina se misturavam com lembranças confusas da noite passada. Em algum lugar dentro dele, a dor pela ausência dela pesava mais do que o seu estado.

E Celina, do outro lado da cidade, dormia profundamente, ainda com os olhos inchados pelo choro. No peito, a dor persistia, mas no ventre, duas vidas pulsavam, dando a ela o que talvez fosse sua maior força: a certeza de que, por eles, ela precisava continuar.

O silêncio reinava na luxuosa cobertura de Thor, rompido apenas pelo tique-taque do relógio de parede na sala de estar. Isabela estava sentada no sofá, com o corpo inclinado para frente e os cotovelos apoiados nos joelhos. Seus dedos tamborilavam sobre os lábios, o olhar fixo em nada. Desde que Celina saíra ao amanhecer, Isabela estava inquieta. Sabia que perdera o controle da situação por algumas horas e isso a corroía por dentro.

Dona Sara surgiu no corredor com passos calmos, mas determinados. Seus olhos estavam cansados, mas cheios de lucidez. Observou Isabela por alguns instantes antes de falar.

— A senhora deseja alguma coisa? — perguntou, com gentileza, mesmo sabendo o que poderia vir da boca daquela mulher.

Isabela levantou-se devagar. Seus movimentos eram controlados, frios. Caminhou até ficar frente a frente com a governanta. Encarou-a com dureza e disse, em voz baixa, mas carregada de ameaça:

Dona Sara ficou paralisada por alguns segundos, o coração acelerado. Respirou fundo, segurando as lágrimas, e saiu da sala sem dizer mais nada. Ao virar o corredor, seus ombros tremeram. A ameaça era real, e o medo pela irmã e o sobrinho tomava conta dela. Mas uma parte de si também sentia outra coisa: raiva.

As horas passaram lentas. Angélica ainda não havia voltado para cobertura.

No quarto, Thor dormia agitado. Seu rosto suado e a respiração acelerada indicavam que algo o perturbava em sonhos. Ele se virava de um lado para o outro, gemendo, as mãos apertando os lençóis.

No pesadelo, Thor estava em uma clareira de floresta. À sua frente, Karina, sua falecida esposa, aparecia com o barrigão que estava antes da fatídica tragédia. Usava um vestido branco leve e sorria com tristeza, enquanto se afastava em direção a um rio cercado de árvores.

— Karina! — ele gritava, tentando alcançá-la.

Mas o chão debaixo dele cedeu. Era areia movediça. Thor afundava. Tentava se soltar, mas seus braços estavam pesados, seu corpo cansado demais.

— Karina, espera!

Ela olhou para trás uma última vez, com os olhos marejados, e desapareceu na neblina.

De repente, duas crianças surgiram à margem do pântano. A imagem era turva, ele não conseguia distinguir seus rostos. Só sabia que eram duas — um menino e uma menina talvez? Tinham vozes doces.

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