O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 188

Gabriel riu, percebendo a tentativa de fuga.

— Tô, tô sim. Mas se continuar nesse ritmo, vou virar seu assessor literário. Estou quase abrindo um fã-clube.

Ela riu com mais sinceridade dessa vez.

— Gabriel... você é incrível, sabia?

Ele ergue a taça de água em um brinde improvisado.

— E você é forte. Muito mais do que imagina.

A noite seguiu entre pequenas conversas e silêncios preenchidos por pensamentos. Celina tentava ignorar a presença de um casal próximo, o que disparou um gatilho e a fez ficar inquieta. Ela não tinha certeza se era Thor, a luz era baixa, mas o modo como a mulher sorria para o homem fez algo dentro dela apertar. Era como se revivesse lembranças que, por mais que tentasse apagar, ainda estavam ali.

Gabriel, ao notar que ela olhava com frequência para a mesma direção, se inclinou levemente para trás e também lançou um olhar discreto.

— É ele? — perguntou, em voz baixa.

Celina hesitou, fingindo não entender.

— Quem?

— Aquele homem na outra mesa, pensou que era o Thor?. — Ele segurou a mão dela sobre a mesa. — Não precisa fingir, está tudo bem.

Ela engoliu seco, não querendo ceder às emoções.

— Eu... eu tô tentando não sentir nada. Juro. — Disse com voz embargada. — Mas é como se cada vez que tento seguir, algo puxasse meu passado de volta.

— Então me promete uma coisa — disse Gabriel, com seriedade. — Promete que, se tiver que chorar, você vai chorar. Mas não vai se julgar por isso. E quando passar, você vai lembrar do quanto já conquistou sozinha. Por você. Pelos seus filhos.

Celina assentiu, emocionada.

— Obrigada, Gabriel. Sério. Não sei o que seria de mim, sem você.

Ele apertou a mão dela com carinho.

— Eu estou aqui. Sempre vou estar.

A noite prosseguiu com um pouco mais de leveza. Celina sabia que o caminho ainda era longo, mas, naquele instante, mesmo com o desconforto, sentia-se acolhida e isso já era muito mais do que ela esperava.

Uma semana se passou desde o dia em que ela leu a notícia sobre Thor e a modelo. Por mais que tomou a decisão de seguir a vida, Thor ainda perturbava seus pensamentos. Ninguém esquece um amor de uma hora pra outra. Para Celina, ela era agora, apenas uma página rasgada daquele livro que ele agora reescrevia com outra protagonista. Por mais que não havia nada dele afirmando que estava com aquela modelo, Celina concluiu que ele seguiu a vida.

Naquela semana, ela se disciplinou como nunca. Acordava cedo, fazia café, organizava o apartamento e depois sentava-se para escrever, não apenas novos textos, mas também roteiros e reflexões que conectavam diretamente com os temas do seu livro. Gravava vídeos olhando firme para a câmera, falando sobre abandono, recomeços, feridas emocionais, relações que destroem a autoestima. Cada vídeo era uma extensão viva das páginas que havia escrito, uma ponte entre sua dor e a de tantas outras mulheres que a acompanhavam.

Ela falava sobre como reconhecer sinais de relacionamentos abusivos, sobre o processo de se reerguer após uma traição, sobre o reencontro com a própria identidade depois de se perder em alguém. Com a voz firme, mas o olhar humano e vulnerável, Celina tocava as pessoas. Usava trechos do próprio livro como gancho, comentando passagens e explicando como transformou suas cicatrizes em palavras. “Não escrevi para causar pena, escrevi para lembrar quem passou por isso que ainda dá tempo de se reconstruir”, dizia em um dos vídeos mais compartilhados.

Ao fim de cada dia, revisava o conteúdo com atenção e então enviava tudo para Thaís, a jovem que gerenciava suas redes e editava os vídeos com sensibilidade e cuidado. Thaís sabia exatamente onde colocar a música certa, o corte certo, a pausa que fazia com que as palavras de Celina ganhassem ainda mais peso. A resposta do público foi rápida. As mensagens chegavam em ondas: relatos de mulheres, palavras de gratidão, desabafos profundos, gente que dizia ter encontrado força por causa dela.

Verifique o captcha para ler o conteúdoVerificar