O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 205

O relógio marcava quase meio-dia. A luz fria e pálida de uma manhã de inverno invadia o quarto hospitalar. Lá fora, o céu permanecia cinzento. O soro pingando lento no suporte metálico, a cobertor pálido cobrindo o corpo de Celina, os aparelhos apitando em intervalos regulares. Thor estava ali, vigilante, com os olhos fundos e o corpo exausto. Não dormira um minuto sequer naquela madrugada.

A cada entrada de enfermeira, ele se erguia, atento, querendo saber cada procedimento, cada detalhe. "

— Está tudo bem com ela? E com o bebê?

Thor repetia, incansável. As enfermeiras sempre respondiam com paciência, compreendendo a angústia em seus olhos. Mas as respostas não acalmavam seu peito ansioso. Ele só se acalmava quando olhava para ela, mesmo desacordada, segurando sua mão com firmeza, como se através daquele toque pudesse protegê-la de tudo.

Celina havia se mexido algumas vezes, murmurando palavras desconexas. Em todas as vezes, Thor segurava sua mão com mais força e murmurava baixinho:

— Estou aqui, meu amor. Estou aqui.

Agora, já quase na hora do almoço, ele estava em pé, um pouco afastado da cama, conversando ao telefone com Zoe. A voz dele era baixa, carregada de cansaço.

— Eu não vou sair daqui, Zoe. Cancela tudo hoje. Tudo. Não me importa com quem eu tinha reunião ou o que era urgente. O urgente é ela... A Celina... ela precisa de mim agora.

Zoe suspirou do outro lado da linha. Estava muito preocupada com a amiga.

— Claro, Thor. Como vi que você não atendia as minhas ligações e não apareceu na recepção do hotel para irmos nos compromissos, cancelei tudo pela manhã. Vou fazer o mesmo com os da tarde. Faz o que tem que fazer. Eu cuido de tudo. Fica com ela. Depois me liga, tá?

— Tá. Obrigado. Zoe, eu...

Mas ele não terminou a frase. Uma movimentação súbita na cama o fez virar-se com o coração acelerado. Celina começou a se remexer, o corpo agitado, como se estivesse lutando contra algo invisível. Seus lábios tremiam, e logo um grito desesperado ecoou pelo quarto:

— Socorro!

Thor largou o telefone imediatamente, que caiu no chão sem ele nem perceber. Correu até a cama e se sentou ao lado dela, com o coração batendo descompassado.

— Celina! Calma, amor. Sou eu. Está tudo bem agora.

Ela abriu os olhos assustada, as mãos indo imediatamente para o ventre, protegendo a barriga como se temesse que alguém a arrancasse dela. Chorava alto, os olhos arregalados e perdidos.

Thor a envolveu em seus braços com cuidado, tentando não pressionar o corpo frágil dela. A cabeça dela foi de encontro ao peito dele, e ele a beijou nos cabelos, fechando os olhos com força.

— Está tudo bem... Está tudo bem agora. Ele está bem. Você está bem. Eu te juro.

Celina se agarrou a ele com mais força. Suas mãos continuavam no ventre, como se não conseguisse acreditar que os bebês ainda estavam ali. Aos poucos, sua respiração foi se acalmando, embora o corpo ainda tremesse.

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