O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 329

O advogado se aproximou da cama onde Arthur estava sentado, ainda com o semblante abatido pela internação. Com um gesto respeitoso, estendeu o envelope pardo em suas mãos.

— Está tudo aqui, Doutor Arthur. Tudo foi feito como vocês solicitaram. — disse, mantendo o olhar firme e respeitoso.

Arthur pegou o envelope em silêncio. O quarto ficou tomado por uma tensão densa, onde o som do papel sendo rasgado parecia alto demais. Ele retirou cada documento com calma, seus olhos percorrendo as palavras, os valores, os nomes. Primeiro, a ultrassonografia. Depois, o beta-hCG. Por fim, o exame de DNA.

Os olhos de Arthur pararam no resultado.

— Compatível. 99,99% de probabilidade. — Sua voz não passou de um sussurro, mas todos ouviram.

— Não houve objeção da parte dela. Com isso já sabia que ela estava falando a verdade e que o filho era seu. Fiz tudo dentro da lei como seu pai me pediu. Ela já tem em mãos esses exames. Só você pode decidir o que fazer com isso agora. — disse o advogado.

Otto se levantou abruptamente da poltrona ao lado da cama.

— Isso é um absurdo! — gritou, a voz firme e cheia de raiva. — Como você deixou isso acontecer, Arthur? Como você, com tudo o que tem, com tudo o que é, se relaciona com uma mulher como aquela sem se prevenir? Você poderia ter contraído uma doença!

Arthur não desviou os olhos dos papéis nas mãos. Sua voz saiu baixa, mas cheia de convicção.

— Ela só ficava comigo pai. Se estivesse com outro, o hospital inteiro saberia. Eu saberia. Sabrina sabia o que queria. Filho não estava nos planos dela, nem tão pouco nos meus. Através de mim, ela entrou no hospital. Eu fiz a ponte. Ela não ia perder a oportunidade. Ela não queria compromisso, pai. A relação desandou quando ela se apaixonou. Eu deixei claro: não queria me prender a ninguém. Nunca escondi isso.

Ele apertou os olhos, respirou fundo e continuou:

— No começo, eu me prevenia, ela tomava anticoncepcional, mas logo depois colocou o DIU. Foi aqui no hospital mesmo, e fui eu quem ajudou com tudo. Era o que ela queria. Um acordo sem amarras. Pra mim estava bom, era uma fase. Mas... Zoe foi a única mulher que eu quis assumir depois de um bom tempo sozinho. A única que eu amei verdadeiramente. A única com quem quis casar.

Arthur desviou o olhar, engolindo em seco.

— E ouvir o senhor falando assim, como se eu tivesse escolhido... — ele passou a mão nos cabelos, inquieto. — Dá a entender que eu transei com a Sabrina porque quis. Mas eu estava dopado. Eu não lembro de absolutamente nada daquela noite. Nada.

Otto esfregou o rosto com força, sentindo o próprio arrependimento pesar no peito.

— Me desculpa, filho. Eu estou nervoso... você tem razão. Não devia ter falado assim.

Arthur fez que sim com a cabeça, mas ainda parecia distante.

— Enquanto eu namorava a Zoe, eu não fiquei com mulher nenhuma, pai. Nenhuma. Eu respeitei a decisão dela de esperar até o casamento. Você consegue imaginar o que foi isso pra mim? Meses sem transar... Mas eu fiz. Por ela. Porque eu encontrei a mulher da minha vida.

Ele então encarou o pai com os olhos marejados.

— Nunca pensei que, aos trinta e cinco anos, eu ia estar levando uma vida tão correta. Mas eu estava. Por ela. Porque valia a pena. E agora... agora eu acabei com a vida dela.

Otto sentou-se novamente, derrotado, levando as mãos à cabeça. O silêncio que se instalou naquele quarto era pesado, cheio de tudo o que não podia mais ser desfeito.