O silêncio que veio a seguir foi pesado.
— O quê? — a voz de Arthur soou trêmula, quase inaudível.
Thor respirou fundo e continuou:
— A mulher que você ama está esperando um filho seu. Entendeu? O filho que você tanto queria com a Zoe, irmão. Daqui a alguns meses ele vai nascer e vai precisar de um pai presente, com a cabeça boa. Já passou da hora de você parar de se culpar. Levanta e vai à luta.
A linha ficou muda. Em vez de responder, Arthur simplesmente desligou.
Ficou ali, parado, encarando o vazio enquanto segurava o celular com força. A cadeira de rodas parecia mais fria do que nunca. Era como se tudo estivesse girando em torno daquela frase:
"A Zoe está grávida."
Ele sentiu as palavras ecoando no peito. Lentamente, respirou fundo, os olhos marejados. Estava cansado de fugir, de se punir, de mergulhar no abismo da autopiedade. Pegou o celular de novo, com mãos trêmulas, e discou.
— Oi, filho! — atendeu a voz forte e paternal do pai.
— Pai… — Arthur disse de imediato, sem rodeios — Eu vou começar o tratamento. Eu preciso voltar a andar.
Houve um momento de silêncio. Depois, o pai de Arthur soltou uma exclamação de surpresa e alegria.
— Meu Deus, filho! Isso é sério? O que fez você mudar de ideia?
— Pai… — ele engoliu em seco, com um sorriso nos lábios e os olhos úmidos — Eu vou ter dois filhos, pai.
— Como assim?! — o pai respondeu, surpreso.
— A Linda está grávida, pai. A minha Zoe vai me dar um filho… — a voz dele se embargou — Eu preciso voltar a andar, pai. Eu tenho dois filhos para criar. Me ajuda…
No exato momento em que pronunciava essas palavras, a porta do quarto se abriu devagar. A mãe de Arthur entrou, trazendo consigo uma bandeja de frutas que imediatamente deixou de lado ao ouvir aquelas palavras.
— Dois filhos? — ela perguntou, com os olhos arregalados.
Arthur olhou para ela, sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.
— Mãe, a Linda está grávida.
Ela foi até ele com o coração palpitando de emoção. Sem hesitar, ajoelhou-se ao lado da cadeira de rodas e o envolveu em um abraço forte, sentindo o filho tremer em seus braços.
— Meu filho… eu não acredito… Depois de tanta provação, Deus está nos presenteando com o milagre da vida… Eu vou ser avó de dois, meu amor! — disse, beijando o rosto dele com ternura.
Com as duas mãos Eloísa segurou o rosto de Arthur, e disse com a voz embargada:
— Filho… vai atrás da sua esposa, meu amor. Luta pela sua família!
Arthur a olhou profundamente.
Os primeiros exercícios foram difíceis. Cada movimento doía, não apenas fisicamente, mas na alma. Era como se cada passo — mesmo com apoio — fosse uma vitória contra tudo que ele enfrentara nos dias que passaram: a culpa, a dor, a perda, o medo.
— Você está indo muito bem — disse o fisioterapeuta, incentivando.
— Ainda não é o suficiente — Arthur respondeu, ofegante, mas determinado — Eu preciso estar inteiro pra ela… pra eles.
Entre um exercício e outro, flashes da Zoe dançavam em sua mente. O sorriso dela. A coragem. A força. A decepção nos olhos dela quando soube da verdade. E agora, o ventre que carregava seu filho.
Arthur sabia que não bastava voltar a andar. Ele teria que conquistar novamente o coração da mulher que o amava. Teria que se redimir, se reconstruir, provar a ela — e a si mesmo — que ainda era digno daquela família.
Ao final da primeira sessão, ele estava suado, exausto, mas vivo. Era como se o coração batesse com mais força. Havia dor, sim. Mas havia propósito. Havia luta. Havia esperança.
Quando voltou ao quarto, encontrou um bilhete em cima da cama. Era da mãe:
"Filho, preparei sua comida preferida. Lembre-se: a força que você precisa já está em você. Amo você. Mamãe."
Arthur fechou os olhos e sorriu. Ele sabia que o caminho seria longo. Que haveria quedas, cansaço, talvez até recaídas. Mas ele tinha algo que antes não tinha: um motivo verdadeiro.
Naquela noite, enquanto olhava pela janela a cidade se acendendo em luzes, Arthur fez uma promessa a si mesmo:
— Eu vou voltar a andar. Vou lutar pelo meu casamento. Vou reconquistar minha esposa. Vou ser o pai que meus filhos merecem.
E naquele instante, ele não era mais o homem quebrado pela tragédia. Era um homem renascendo pela esperança.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...