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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 346

O silêncio que veio a seguir foi pesado.

— O quê? — a voz de Arthur soou trêmula, quase inaudível.

Thor respirou fundo e continuou:

— A mulher que você ama está esperando um filho seu. Entendeu? O filho que você tanto queria com a Zoe, irmão. Daqui a alguns meses ele vai nascer e vai precisar de um pai presente, com a cabeça boa. Já passou da hora de você parar de se culpar. Levanta e vai à luta.

A linha ficou muda. Em vez de responder, Arthur simplesmente desligou.

Ficou ali, parado, encarando o vazio enquanto segurava o celular com força. A cadeira de rodas parecia mais fria do que nunca. Era como se tudo estivesse girando em torno daquela frase:

"A Zoe está grávida."

Ele sentiu as palavras ecoando no peito. Lentamente, respirou fundo, os olhos marejados. Estava cansado de fugir, de se punir, de mergulhar no abismo da autopiedade. Pegou o celular de novo, com mãos trêmulas, e discou.

— Oi, filho! — atendeu a voz forte e paternal do pai.

— Pai… — Arthur disse de imediato, sem rodeios — Eu vou começar o tratamento. Eu preciso voltar a andar.

Houve um momento de silêncio. Depois, o pai de Arthur soltou uma exclamação de surpresa e alegria.

— Meu Deus, filho! Isso é sério? O que fez você mudar de ideia?

— Pai… — ele engoliu em seco, com um sorriso nos lábios e os olhos úmidos — Eu vou ter dois filhos, pai.

— Como assim?! — o pai respondeu, surpreso.

— A Linda está grávida, pai. A minha Zoe vai me dar um filho… — a voz dele se embargou — Eu preciso voltar a andar, pai. Eu tenho dois filhos para criar. Me ajuda…

No exato momento em que pronunciava essas palavras, a porta do quarto se abriu devagar. A mãe de Arthur entrou, trazendo consigo uma bandeja de frutas que imediatamente deixou de lado ao ouvir aquelas palavras.

— Dois filhos? — ela perguntou, com os olhos arregalados.

Arthur olhou para ela, sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.

— Mãe, a Linda está grávida.

Ela foi até ele com o coração palpitando de emoção. Sem hesitar, ajoelhou-se ao lado da cadeira de rodas e o envolveu em um abraço forte, sentindo o filho tremer em seus braços.

— Meu filho… eu não acredito… Depois de tanta provação, Deus está nos presenteando com o milagre da vida… Eu vou ser avó de dois, meu amor! — disse, beijando o rosto dele com ternura.

Com as duas mãos Eloísa segurou o rosto de Arthur, e disse com a voz embargada:

— Filho… vai atrás da sua esposa, meu amor. Luta pela sua família!

Arthur a olhou profundamente.

Os primeiros exercícios foram difíceis. Cada movimento doía, não apenas fisicamente, mas na alma. Era como se cada passo — mesmo com apoio — fosse uma vitória contra tudo que ele enfrentara nos dias que passaram: a culpa, a dor, a perda, o medo.

— Você está indo muito bem — disse o fisioterapeuta, incentivando.

— Ainda não é o suficiente — Arthur respondeu, ofegante, mas determinado — Eu preciso estar inteiro pra ela… pra eles.

Entre um exercício e outro, flashes da Zoe dançavam em sua mente. O sorriso dela. A coragem. A força. A decepção nos olhos dela quando soube da verdade. E agora, o ventre que carregava seu filho.

Arthur sabia que não bastava voltar a andar. Ele teria que conquistar novamente o coração da mulher que o amava. Teria que se redimir, se reconstruir, provar a ela — e a si mesmo — que ainda era digno daquela família.

Ao final da primeira sessão, ele estava suado, exausto, mas vivo. Era como se o coração batesse com mais força. Havia dor, sim. Mas havia propósito. Havia luta. Havia esperança.

Quando voltou ao quarto, encontrou um bilhete em cima da cama. Era da mãe:

"Filho, preparei sua comida preferida. Lembre-se: a força que você precisa já está em você. Amo você. Mamãe."

Arthur fechou os olhos e sorriu. Ele sabia que o caminho seria longo. Que haveria quedas, cansaço, talvez até recaídas. Mas ele tinha algo que antes não tinha: um motivo verdadeiro.

Naquela noite, enquanto olhava pela janela a cidade se acendendo em luzes, Arthur fez uma promessa a si mesmo:

— Eu vou voltar a andar. Vou lutar pelo meu casamento. Vou reconquistar minha esposa. Vou ser o pai que meus filhos merecem.

E naquele instante, ele não era mais o homem quebrado pela tragédia. Era um homem renascendo pela esperança.

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