Arthur chamou, por Zoe com a voz ainda sonolenta, procurando por ela com os olhos.
Silêncio.
Pegou o celular do criado-mudo e ligou para Cleide.
— Cleide, a Zoe está aí na cozinha? — perguntou, já com a ansiedade crescendo no peito.
— Não, senhor. Ela foi embora cedo. Saiu antes mesmo de eu começar a preparar o café. Disse que precisava ir pra casa. — respondeu Cleide, com cautela.
Arthur desligou sem dizer mais nada. Ligou para Zoe. Chamou uma, duas, três vezes. Sem resposta.
Na quarta tentativa, uma notificação chegou: uma mensagem dela. Respirando fundo, ele abriu:
“Arthur, me desculpa por sair sem avisar. Preciso de um tempo. Minha cabeça está confusa. Me deixa respirar um pouco.”
Arthur leu e releu as palavras. Ele jogou o celular sobre a cama com frustração. O peito apertado, a respiração pesada. Ele sabia que aquela noite tinha mexido com os dois. Mas não esperava que ela fugisse assim.
Enquanto isso, Zoe, do outro lado da cidade, caminhava de um lado para o outro no apartamento. Precisava ouvir alguém que a entendesse. Pegou o celular e ligou para Celina.
— Oi, amiga... como estão as meninas? — perguntou, tentando soar leve, mas sua voz denunciava o turbilhão que a dominava.
Celina sorriu do outro lado da linha, com Antonella nos braços.
— Estão bem, agora. Mas estão tendo muitas cólicas. Safira é muito sentimental, só quer ficar no colo o tempo todo. E Antonella é ansiosa, não para quieta. — deu uma risadinha cansada. — Acho que elas herdaram isso de mim. Passei tanta coisa na gravidez, sabe?
— Não se culpe, amiga — respondeu Zoe, sentando-se no sofá, a voz embargada. — Eu vi o quanto você lutou pelas meninas. Você foi guerreira. Infelizmente, não temos como prever que coisas ruins vão acontecer nas nossas vidas. Todos nós passamos por momentos de dor. Mas agora você está bem, tem sua mãe ao seu lado, o poderoso Chefinho que é um super pai… Nada melhor do que o amor, e isso, as meninas têm de sobra.
Celina sorriu com carinho ao ouvir aquilo.
— Amiga… como você está? Pela sua voz... parece que aconteceu alguma coisa.
Zoe hesitou por um instante.
— Você tem tempo pra me ouvir? Não quero te encher…
— Zoe, eu sempre vou ter tempo pra você. Agora mesmo estou amamentando a Antonella. Safira está dormindo por cima da barriga do Thor, acredita? Foi a única posição que ele encontrou pra ela parar de chorar de dor. Por mais que eu esteja seguindo a dieta que a nutricionista passou, elas continuam com cólica. Então se prepara, porque você vai passar por isso também. — disse com humor leve. — Mas agora me conta, o que aconteceu?
Zoe respirou fundo, fechou os olhos.
— Eu transei com o Arthur.
— O quê? — Celina quase derrubou o telefone. — Explica isso direito, safadinha!
Zoe sorriu, mesmo com o coração apertado.
Zoe começou a chorar.
— Amiga, não chora — disse Celina com voz doce. — Tudo que você está sentindo é compreensível. Você está ferida, mas você ama o Arthur. E, vamos ser sinceras, você está grávida, os hormônios estão gritando. Lembra de mim? Você acompanhou tudo que passei com o Thor. Olha pra gente hoje: estamos felizes, curtindo nossas filhas. Ele está sendo um homem maravilhoso no puerpério. Até agora não tive depressão, e não vou ter. Ele está comigo o tempo todo. Nem pensamos em relação sexual, mesmo com o tempo de espera mais longo por conta da cesária e das complicações. Thor me passa tanta segurança que não sobra espaço pra medo ou insegurança.
Fez uma pausa e disse com firmeza:
— Amiga, no meu caso, a melhor coisa que eu fiz foi perdoar. Eu ia perder o grande amor da minha vida. Ele errou, sim. Mas eu também errei. Nossa conversa no chalé foi libertadora. Colocamos tudo pra fora, sem máscaras. Decidimos ser felizes.
Celina respirou fundo.
— Pelo que você me disse, essa madrugada foi isso pra você também. Você se esvaziou, disse tudo que precisava, ainda teve uma noite de muito prazer... safadinha! — disse, sorrindo.
Zoe sorriu, mesmo entre as lágrimas.
— Então, se permita ser feliz, amiga. Escolha o que é melhor pra você. Chega de sofrimento. A vida é curta demais. Eu vi isso quando quase morri no parto. Se eu tivesse morrido, nunca teria tido a chance de me reconectar com a minha mãe. Hoje tenho duas mães maravilhosas, um pai como o James, uma irmã incrível... tudo isso porque decidi perdoar.
Fez uma pausa longa.
— Mas só você pode tomar essa decisão, Zoe. Você pode perdoar e ficar com ele. Pode perdoar e seguir sozinha. Pode não perdoar e continuar em frente do seu jeito. Só não se prenda. Porque a vida não espera, amiga. O amor não espera.
Zoe silenciou por alguns segundos. E, no fundo, soube que sua decisão estava mais próxima do que imaginava.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...