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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 389

Zoe demorou alguns segundos para responder. Olhou para Arthur, que estava sentado ao lado, e encontrou nele aquele olhar que já conhecia tão bem: preocupado, atento a cada detalhe dela. Ele estendeu a mão, e ela segurou, sentindo a firmeza quente dos dedos dele.

— Eu vou — disse, simples, mas com firmeza.

Arthur não soltou de imediato.

— Amor… você não precisa se colocar nessa situação.

— Fica tranquilo, lindo. Está tudo bem.

Ele passou a outra mão pela perna, nervoso, antes de falar.

— Por mim, você não iria. Mas, se eu disser “não”, como já aconteceu antes, vou estar me impondo… e eu não quero que pareça que estou decidindo por você.

Zoe esboçou um pequeno sorriso, sincero.

— Eu sei, amor. E fica tranquilo, eu não fiquei chateada com a sua postura antes. Sei que a situação é delicada. Eu decidi ouvi-la… e sei que pode ser algo bom ou ruim, mas eu quero ouvir.

Arthur respirou fundo e assentiu.

— Tudo bem… mas, por favor, se perceber que o que ela vai dizer vai te fazer mal, que está sendo demais pra você… volte imediatamente. Eu não quero que você passe mal. Eu me preocupo com você… e com o nosso filho.

Ela apertou a mão dele uma última vez antes de levantar.

— Eu volto rápido.

Mariana abriu caminho, e as duas seguiram pelo corredor. As luzes frias, o cheiro de antisséptico e o som distante de passos não eram novidade para Zoe, mas, por algum motivo, cada detalhe parecia mais pesado naquele momento.

Zoe colocou as roupas de proteção necessárias e respirou fundo antes de entrar.

O impacto veio no corpo inteiro.

Sabrina estava deitada, mas quase irreconhecível. O lado direito do rosto estava arranhado e marcado, a pele queimada pelo atrito com o asfalto. Havia pontos e hematomas espalhados pelos braços, curativos cobrindo cortes e a respiração era pesada. Mesmo assim, os olhos estavam abertos e fixos, carregando um misto de dor, cansaço e urgência.

— Você veio… — a voz dela saiu fraca, falhando no final.

Zoe manteve-se a um passo de distância.

— Disseram que queria falar comigo. Estou aqui.

Sabrina engoliu com dificuldade antes de começar.

— Arthur… foi dopado. Aquela noite… ele achou que estava com você, Zoe. O tempo todo. — parou para respirar, a expressão dolorida. — Ele foi carinhoso… dizia que te amava… os beijos, a forma como me tocava… tudo porque pensava que era você. E eu… aceitei. Eu me entreguei porque amo o Arthur.

Zoe manteve o olhar firme, o rosto neutro, mesmo com o coração acelerado.

— No início era só casual… eu me convencia disso. Mas eu me apaixonei. Muito. — ela desviou o olhar, como se fosse difícil encarar Zoe. — Nós decidimos juntos que eu colocaria o DIU. Mas, quando percebi que ele ia se afastar… eu tirei sem ele saber. Eu vinha tentando engravidar. Eu queria um filho dele. No início da minha carreira, não… mas depois… tudo mudou pra mim.

Ela fez uma pausa longa, tentando juntar fôlego.

— Ele terminou comigo muito antes de te conhecer. Ele estava sozinho. — o olhar voltou para Zoe, carregado de arrependimento. — A Isabela me procurou… e, com a ajuda dela, nós armamos para o Arthur.

Zoe fechou os olhos por um instante, absorvendo as palavras.

— Eu sou médica… e sei que estou partindo. Mesmo se eu não morrer agora, vão tirar ela de mim. — Sabrina enxugou o rosto com dificuldade. — A família do Arthur é muito poderosa. Não tenho como vencer uma briga judicial.

— A sua filha tem avós maravilhosos. Ela nunca vai ficar desamparada.

Sabrina balançou a cabeça, chorando.

— Eu fui criada sem pai… sei o quanto isso é ruim. Não quero isso pra minha menina. Ela não tem culpa da maldade da mãe. Por favor, Zoe… se acontecer o pior comigo, promete que vai ser mãe dela? Que vai criar minha filha com amor?

Zoe arregalou um pouco os olhos.

— O quê? Você não acha que está ultrapassando seus limites? Como me pede uma coisa dessas?

— Eu sei que estou. Mas você vai ser mãe… sabe como é importante uma criança crescer ao lado dos pais. Por favor… cria minha Clarisse. Eu estou te implorando.

Zoe arqueou a sobrancelha.

— Eu ouvi bem? Você escolheu o nome que eu ia dar para minha filha?

— Sim… desde quando descobri que você tinha escolhido esse nome. Me perdoa, Zoe… eu queria te ferir, eu sei. Mas estou arrependida. Por favor… me promete que vai cuidar dela?

Zoe deu um passo para trás.

— Me desculpa, Sabrina… eu te perdôo por tudo mas... mas isso é muito pra mim.

Virou-se e saiu, sentindo o peso de cada palavra gravada na mente.

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