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O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 393

Zoe fechou a cortina, apagou a luz do abajur e caminhou de volta para o quarto. Deitou-se de lado, se aninhando nos braços de Arthur. Mesmo dormindo, ele a abraçou automaticamente, como se soubesse que ela precisava.

E, ali, no calor daquele abraço, a mente dela finalmente começou a desacelerar.

Zoe estava apagada. O corpo finalmente tinha cedido. No silêncio do quarto, a respiração dela era lenta, profunda.

E foi nesse estado que o sonho começou.

Ela estava sentada no banco de trás de um carro. Reconheceu na hora o cheiro do estofado, o balanço leve a cada lombada. Era o táxi. O mesmo táxi que tinha pego um tempo atrás, quando a vida dela estava virada de cabeça para baixo.

O motorista ajeitou o retrovisor e olhou para ela por cima da armação do óculos.

— Alguém vai precisar muito do seu amor. E, quando esse momento chegar, você vai esquecer da raiva, do ódio. Vai estender a mão. E aí… é aí que a sua vida vai virar a chave. Quando virar… você vai entender. E vai ser muito feliz. Muito mais do que imagina.

Ela abriu a boca para perguntar o que aquilo significava, mas, antes que conseguisse, o carro virou a esquina e tudo mudou.

Agora Zoe estava num quarto de adolescente. Paredes cheias de pôsteres, fotos coladas com fita colorida, um monte de livros e objetos espalhados pela escrivaninha. No ar, um cheiro adocicado de perfume juvenil.

A porta abriu e entrou uma menina loira, de cabelos compridos, olhos azuis vivos. Jogou a mochila na cadeira e falou, sorrindo:

— Mãe, a senhora é muito cringe. Mas eu te amo, tá? A senhora sabe disso, né? É a melhor mãe do mundo!

Antes que Zoe pudesse responder, a menina já estava abraçando e dando um beijo estalado na bochecha dela.

— Mãe, conversa com meu pai? Eu só vou tomar um sorvete com meu amigo. Fala pra ele deixar eu ir sem o Miguel, mãe. Poxa, eu sou a mais velha.

— Mais velha onde? — a voz de Miguel veio do corredor. Ele apareceu na porta, já adolescente, alto, com expressão protetora. — Vou falar pro meu pai. Eu sou mais velho, tenho que te proteger.

Clarisse revirou os olhos.

— Está vendo, mãe? O Miguel é um fofoqueiro.

Antes que Zoe falasse qualquer coisa, Arthur entrou no quarto. O mesmo de sempre.

— Linda… — falou primeiro para ela. Depois, para Clarisse: — Você não vai sair sem o Miguel.

— Está vendo, mãe? — reclamou Clarisse. — O Miguel é um fofoqueiro.

— Sou mesmo. — Miguel respondeu, se defendendo. — Sou mais velho, tenho que te proteger.

Zoe levantou e foi até Arthur, com aquele jeito que misturava implicância e carinho.

— Você vai ficar de castigo por uma semana, Doutor.

Arthur levantou uma sobrancelha, como se não tivesse entendido.

— Linda, você não está falando isso, amor…

— Estou sim — respondeu, segurando o sorriso. — Pra aprender a não fazer complô com o fofoqueiro da casa.

Clarisse soltou uma risada curta, Miguel fingiu estar ofendido, e Arthur suspirou, meio rendido, meio tentando manter a seriedade.

Mas, antes que Zoe pudesse completar a cena, ouviu uma voz chamando, de longe, puxando-a de volta.

— Amor… acorda, Linda… amor…

Ela abriu os olhos de repente.

— Clarisse…

Arthur estava ali, inclinado ao lado da cama, segurando uma bandeja.

— O que tem a Clarisse? — perguntou, confuso.

— Que horas são? — Zoe perguntou, ainda sonolenta.

— E a Sabrina? — perguntou Otto. — Ela está na maternidade.

Álvaro assentiu.

— Sim. Nesse caso, ela ficará sob custódia no hospital. Haverá escolta policial na porta do quarto até que receba alta médica. Assim que for liberada pelos médicos, será encaminhada diretamente para a prisão.

Zoe sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. A imagem de Clarisse tão pequena veio à mente. Ela olhou para Arthur, mas ele permanecia com o rosto impassível, apenas ouvindo.

— E o bloqueio de bens? — questionou Thor.

— Já está feito. — confirmou Álvaro. — Todos os bens de Otávio, Letícia, Isabela e Sabrina foram bloqueados. Contas bancárias, imóveis, veículos… nada poderá ser vendido, transferido ou movimentado. Eles não têm como esconder patrimônio.

Arthur soltou um leve “bom” quase num sussurro. Otto respirou fundo, cruzando os braços.

— Então, agora, é só questão de tempo — comentou Thor, a voz baixa, mas carregada de firmeza.

Álvaro concluiu:

— Sim. A polícia já está monitorando todos. É questão de horas até as prisões de Otávio e Isabela, e de dias no caso de Sabrina, por causa do período de internação.

A chamada foi encerrada, mas o ar na sala ainda parecia pesado. Zoe continuava pensando na pequena Clarisse, agora filha de um destino tão turbulento. Arthur girou a cadeira de rodas e a encarou. Ela não disse nada, apenas aproximou-se e pousou a mão sobre a dele, transmitindo o que as palavras não alcançam.

Por volta das dezoito horas, o hospital estava silencioso no setor onde Sabrina estava internada.

Ela começou a se mexer. Os dedos se contraíram, as pálpebras tremeram, e ela abriu os olhos com esforço, piscando várias vezes para se adaptar à claridade.

A porta se abriu devagar. A médica entrou vestindo as roupas adequadas — avental, luvas, máscara e gorro — e se aproximou lentamente do leito. Então, com um gesto calmo, levou as mãos à máscara e a retirou.

Sabrina piscou, tentando ter certeza do que via. O coração acelerou. A voz saiu fraca, quase um sussurro:

— Zoe…

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