Sabrina mordeu o lábio, tentando conter um soluço.
— Eu espero — Zoe disse, com um peso quase maternal na voz — que você analise as suas escolhas. E que realmente se arrependa. Porque, infelizmente, você só teve perdas. Mas a vida… a vida dá uma segunda chance para quem quer mudar de verdade.
Zoe se inclinou, como se quisesse que aquelas palavras entrassem direto no coração dela.
— Você não vai escapar das consequências, Sabrina. Mas, quando estiver livre… pode refazer sua vida. Do jeito certo.
O choro de Sabrina se intensificou. Ela virou o rosto por um instante, respirando fundo, antes de encarar Zoe novamente.
— Eu estou no fundo do poço, Zoe… — a voz dela tremia, quebrada — e ainda acho que não vou resistir. Mas… se eu tiver uma chance… se sair viva da prisão, eu juro, vou fazer diferente.
As lágrimas caíam sem controle.
— Um dia… — Sabrina respirou fundo, como se reunisse forças para continuar — fala pra minha filha que eu quis ela. Que eu conversava com ela todos os dias aqui dentro… — levou a mão ao ventre — que eu esperei por ela desde o dia que consegui engravidar.
Zoe a observava com atenção, com os olhos fixos, sem piscar.
— Por favor… — Sabrina engoliu em seco — não deixa ela pensar que eu abandonei. Por favor, Zoe… só te peço isso.
Zoe não respondeu de imediato. Ficou ali, parada, absorvendo aquelas palavras.
— Eu sei… — Sabrina continuou, a voz agora mais fraca — que ela vai ser muito feliz com você. E que vai ser muito bem cuidada.
Ela fechou os olhos por um instante, antes de abrir de novo.
— Se o Arthur largou a vida que tinha para casar com você… é porque você é uma boa pessoa.
O silêncio que se seguiu parecia ter um peso próprio. Zoe sentiu o coração bater mais rápido. Então, o som suave de passos se aproximando quebrou aquele momento. Uma técnica de enfermagem entrou. Vestia o uniforme azul e luvas, segurando uma bandeja com frascos.
— Doutora, vim checar o soro. — disse, num tom profissional.
Num gesto rápido, Zoe puxou a máscara de volta ao rosto. Seu olhar encontrou o de Sabrina uma última vez. Não havia mais palavras, apenas um aceno sutil de despedida, quase imperceptível.
Ela deu dois passos até a porta e a abriu. No corredor, dois policiais permaneciam de pé, um de cada lado, fardados e armados.
Um deles lançou um olhar rápido para Zoe, em respeito, mas não disse nada. Ela passou entre os dois, sentindo o peso da situação, e seguiu pelo corredor.
Atrás de si, ouviu a porta fechar e o som seco da tranca sendo girada.
Zoe caminhou pelo corredor com passos firmes, embora o coração ainda batesse acelerado. Virou à direita e entrou numa sala pequena, iluminada por uma luz fria. Era um espaço reservado para médicos, com um banheiro, um armário metálico, uma pia e alguns jalecos pendurados. Fechou a porta atrás de si e apoiou-se por um instante, respirando fundo, tentando organizar os próprios pensamentos.
— Estou a ponto de ter um colapso aqui… — murmurou Mariana, nervosa, se aproximando. — Tira a roupa rapidinho, antes que entre alguém.
Com movimentos apressados, Zoe começou a retirar o avental, as luvas e o gorro cirúrgico. Quando o ar fresco tocou seu rosto, sentiu como se pudesse respirar de verdade novamente.
— Conseguiu? — perguntou Mariana, a voz baixa e o olhar carregado de preocupação.
— Consegui… — respondeu Zoe, ainda tentando recuperar o fôlego. — Obrigada, Mariana. De verdade.
Arthur não insistiu em perguntar o motivo. Apenas concordou e desligou. Zoe apertou um pouco mais o volante, sentindo no peito uma mistura estranha de ansiedade e convicção.
Zoe estacionou o carro diante da mansão dos sogros com as mãos ainda trêmulas no volante. Não era medo, era aquele tipo de agitação que misturava ansiedade e uma estranha paz, como se a decisão já estivesse tomada, mas o peso dela só fosse se acomodar quando fosse dita em voz alta.
Respirou fundo, desligou o motor e subiu os degraus de mármore da entrada. Por um instante, Zoe se perguntou se não estava prestes a mudar o rumo de várias vidas de uma vez só.
Quando tocou a campainha, a empregada abriu a porta e Eloísa apareceu poucos segundos depois. Estava impecável como sempre, de vestido azul claro, cabelos arrumados e maquiagem leve.
— Zoe! — A sogra abriu um sorriso caloroso. — Que surpresa boa, filha.
Zoe entrou, sentindo o perfume delicado que sempre parecia pairar naquela casa. Antes mesmo que pudesse se sentar, Eloísa já disse com aquele tom habitual de quem cuidava de todos:
— Vou pedir para preparar um lanche pra você enquanto eles chegam. Você sabe… nossos lanches são sagrados.
Zoe sorriu de leve.
— Sogra, não precisa…
— Precisava sim. — Eloísa saiu em direção à cozinha. — Você está grávida, precisa se alimentar direito. Miguel está com fome.
Poucos minutos depois elas voltaram e a empregada trouxe uma bandeja com suco fresco, sanduíches e bolo caseiro. Sentaram-se na sala de estar, conversando amenidades enquanto Zoe beliscava o lanche, mesmo com a cabeça longe dali.
O tempo se arrastou. Dez minutos, meia hora… Uma hora. Zoe já havia terminado e Eloísa a fez comer outro pedaço de bolo “para o bebê”. Ao todo, uma hora e meia se passou até que o som do portão eletrônico ecoou
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR
depois que começou a cobrar ficou ruim seguir com a leitura...
Desde quando esse site cobra? Já li inúmeros livros e é a primeira vez que vejo cobrar....
Pq não abre os capítulos? Mesmo pagando?...
Eu comprei os capítulos, mas eles não abrem. Continuam bloqueados, mesmo depois de pago...
Comprei os capítulos, mas não consigo ler. Só abrem depois de 23:00 horas. Não entendi...