Entrar Via

O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 396

Zoe sentiu um frio percorrer a espinha.

Logo, Arthur surgiu na entrada e Otto vinha ao lado, segurando sua pasta. Ambos tinham o rosto marcado pelo cansaço de um dia cheio.

Otto ao vê-la, estendeu os braços.

— Minha nora preferida! — disse, rindo.

— Única também, né, sogro? — Zoe respondeu, no tom divertido que só ela tinha, abraçando-o. — Mas eu aceito o título.

Otto sentou no sofá ao lado da esposa, Zoe ocupou a poltrona de frente para eles.

— O que aconteceu, linda? — Arthur perguntou, parando ao lado dela dando um selinho em seguida e fazendo carinho na barriga. — Oi filhão, papai estava com saudades.

Zoe passou as mãos pelos cabelos, respirou fundo e falou de uma vez:

— Eu quero criar a Clarisse como minha filha.

O silêncio foi imediato, pesado. Eloísa arregalou os olhos, e Otto inclinou-se para a frente, como se tivesse certeza de que tinha ouvido errado.

— Como é que é? — a voz de Arthur cortou o ar, seca e firme. — De jeito nenhum, Zoe.

Eloísa levou a mão ao peito, emocionada.

— Filha… isso é sério?

— Muito sério. — Zoe sustentou o olhar da sogra.

Otto ajeitou-se no sofá, a expressão agora mais grave.

— O que fez você mudar de ideia? Eu não quero que tenha problemas no casamento por causa disso.

Zoe cruzou as pernas e apoiou os cotovelos nos braços da poltrona.

— Clarisse não vai ser problema. — disse, com firmeza para Arthur. — Eu fiquei a madrugada inteira de domingo perturbada, pensando nisso. Não conseguia dormir.

Arthur a olhava sem piscar, o maxilar travado. Zoe desviou o olhar para Otto e Eloísa.

— E aí, quando finalmente consegui dormir, tive um sonho que me deixou intrigada.

— Que sonho? — Eloísa perguntou, curiosa.

Zoe então contou sobre a corrida que fizera com o taxista meses atrás e o sonho.

— Esse sonho me fez entender muita coisa. — Zoe sorriu de lado, mas havia emoção em sua voz. — Meus sogros, eu sei que vocês já estão com o enxoval pronto. Mas tudo tem o nome de “Maria Alice”. Então, automaticamente, teriam que comprar tudo de novo… e eu quero fazer isso. Se vocês me permitirem. E se não ficarem chateados.

Eloísa balançou a cabeça, emocionada.

— Chateados? Filha, como nós vamos ficar chateados com isso? Estou muito feliz. Claro que tenho receio de você se arrepender ou de dar brigas entre você e o Arthur…

— Sogra, — Zoe interrompeu com doçura — eu e o Arthur estamos bem. Continuamos com a terapia, tanto de casal quanto individual. Nunca estivemos tão bem. Agora, nós só vamos nos separar se a morte chegar. Fora isso, nada vai mudar.

Arthur a observava, de braços cruzados, mas não interferiu.

— Eu quero cuidar dela. — Zoe prosseguiu. — Eu sonhei duas vezes com ela me chamando de cringe. — Ela riu, no jeito “doidinha” que fazia Eloísa e Otto sorrirem.

Arthur suspirou.

— Zoe, você tem noção da decisão que está tomando? Nem conversamos primeiro.

— Domou tão bem que até a aliança colocou no dedo dele.

Zoe ergueu as sobrancelhas e retrucou num tom brincalhão que era só dela:

— Claro, sogro! Vocês e o Arthur me ganharam na Mega-Sena. E o prêmio não se devolve.

Eloísa riu alto, e até Arthur, lá na porta, esboçou um sorriso discreto.

Ele se despediu dos pais na entrada da mansão. Otto ainda trocou algumas palavras rápidas com ele antes de entrar, enquanto Eloísa, como se tivesse uma ideia repentina, voltou-se para Zoe com um brilho cúmplice nos olhos.

— Zoe, amanhã vai ser um dia corrido. Temos que buscar a Clarisse na maternidade e, pensando bem… acho que o melhor seria vocês ficarem aqui em casa por alguns dias. — disse, apertando de leve as mãos dela, num gesto que transmitia carinho e segurança. — O quarto dela já está todo preparado aqui. Assim, com calma, você decide como quer fazer o quartinho na cobertura e compra as novas roupas sem pressa. Vai ser mais tranquilo para todo mundo. O que você acha?

Zoe sentiu o coração aquecer com aquela oferta. A voz doce da sogra soava como um abrigo.

— Eu acho uma ótima ideia, sogra. Vai ser muito mais fácil assim, e Clarisse já vai chegar num cantinho todo pronto. — respondeu com um sorriso sincero, a gratidão evidente no olhar. — Vai ser perfeito.

Eloísa sorriu, satisfeita com a concordância.

— Quando vocês chegarem em casa, me liga. — pediu, animada.

— Combinado, sogra. Até daqui a pouco. — Zoe disse, abraçando-a mais uma vez.

— Deixa seu carro aqui, Zoe. Vamos no meu. — avisou Arthur, já se dirigindo ao carro adaptado.

Zoe apenas assentiu e entregou as chaves ao segurança. Observou por um instante Arthur manuseando a cadeira de rodas com a habilidade que adquirira nos últimos meses — cada movimento dele misturava independência e determinação.

Poucos minutos depois, já estavam na estrada. O asfalto corria sob os pneus, e as luzes dos postes se alternavam como um compasso silencioso, marcando o ritmo da viagem. Do lado de fora, a cidade ficava para trás; do lado de dentro, o silêncio se instalava, carregado de pensamentos e expectativas.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR