O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 425

As mãos de Felipe tremiam, a raiva correndo como fogo em suas veias. O bastão vibrava em seus dedos, e o olhar dele era o de um homem disposto a perder tudo por justiça.

— Felipe, não! — gritou Isabela, correndo até ele, a voz tomada pelo desespero. — Amor, por favor, você não é assim. Solta isso!!!

Mas ele não ouvia. O mundo dele se reduzia àquela cena, ao corpo contorcendo diante dele, às risadas que zombavam do sofrimento da mulher que ele amava. A cada segundo, o impulso de aumentar ainda mais a descarga o consumia.

Então Isabela o agarrou por trás, envolvendo-o com os braços trêmulos. Encostou o rosto às costas dele, as lágrimas molhando sua camisa.

— Felipe! — a voz dela saiu quebrada, mas firme de sentimento. — Me escuta… por favor. Eu te amo porque você é um homem bom! Não deixa esse lixo transformar você em igual a ele… não suja suas mãos, vida, eu preciso de você inteiro, não com sangue nas mãos!

Felipe respirava ofegante, o corpo rígido, a raiva pulsando como um tambor. Mas o choro dela, o calor dos braços ao redor dele, o amor transbordando em cada palavra… aquilo foi quebrando a couraça de ódio que o cegava.

Com um grunhido, como quem arranca um peso do próprio peito, ele soltou o bastão. O objeto caiu no chão com um baque metálico, ecoando pelo galpão e Isabela chutou para longe.

Felipe virou-se e Isabela segurou o rosto dele entre as mãos.

— Isso, vida... você é um homem maravilhoso. Não é um assassino. Vamos embora daqui. Ele não merece você, Felipe. Quem merece sou eu… e eu só quero o homem que amo. — Então, voltando-se para o criminoso, disse com firmeza— Você vai pagar por todos os crimes que cometeu.

Felipe a puxou para si, abraçando-a como quem busca redenção no calor do amor dela. E juntos, de mãos dadas, deixaram o galpão, enquanto atrás deles ecoavam risos fracos e gritos de ódio daqueles que finalmente enfrentariam o peso da justiça.

2607.

De volta para a estrada, Felipe dirigia em silêncio. Uma mão firme no volante, a outra repousada sobre a perna de Isabela, como se quisesse lembrá-la de que estava ali, inteiro, com ela. O carro avançava pela rodovia, enquanto Isabela mantinha o olhar perdido na janela. Sua mente estava longe, presa às imagens recentes que ainda queimavam dentro dela.

Felipe sentiu o peso daquele silêncio. Suspirou fundo, o peito ainda tomado pela raiva que quase o consumiu minutos antes, e resolveu quebrar o gelo:

— Amor… você a cada dia me surpreende mais. Muitas mulheres, no seu lugar, teriam mandado matar aqueles homens.

Isabela desviou o olhar da janela e o encarou, surpresa com o que ele falou. Demorou a responder, como se precisasse organizar o turbilhão dentro dela.

— Eu já errei demais, Felipe. — disse, a voz embargada, mas firme. — Tudo o que passei foi consequência das escolhas ruins que fiz. A vida me ensinou na dor, mas também me deu uma oportunidade de mudar… e eu agarrei essa chance.

Ele manteve o silêncio, apenas apertando de leve a coxa dela, incentivando-a a continuar.

— Hoje eu subo em palcos para dar palestras a mulheres que passaram pelo mesmo sofrimento que eu. — ela continuou. — A maioria não errou por maldade, Felipe. A maioria só não teve escolha. Como eu poderia olhar para essas mulheres e dizer que decidi pela morte dos meus abusadores? Não faz sentido. Se a minha resposta hoje tivesse sido diferente, não haveria mudança dentro de mim. Não haveria essa nova Isabela.

Os olhos dela marejaram, mas havia brilho de convicção.