O CHEFE QUE EU ODIEI AMAR romance Capítulo 424

Ela deslizou os dedos até o rosto dele, tocando-o como quem memoriza cada traço.

— Felipe... — sussurrou, a voz embargada. — Eu nunca conheci ninguém capaz de me amar desse jeito. Às vezes acho que não mereço.

Ele segurou a mão dela contra o próprio rosto, fechando os olhos por um instante, como se absorvesse aquela entrega.

— Você merece muito mais, Isa. E se depender de mim, nunca mais vai duvidar disso.

O silêncio que seguiu foi pesado, mas não vazio. Era como se o mundo tivesse parado, deixando apenas os dois ali.

Isabela ainda sentia o peito tremer, as lembranças a sufocando, mas a força da presença de Felipe a mantinha de pé. Ele era sua âncora no meio da tempestade.

Felipe inclinou-se mais perto, o olhar cravado no dela, firme e vulnerável ao mesmo tempo. Sua respiração estava pesada, o coração acelerado, mas havia uma ternura profunda nos gestos. Com uma das mãos, ele afastou uma mecha do cabelo dela que teimava em cair sobre o rosto.

— Eu te amo, Isa... — disse baixo, quase num sussurro, mas com a intensidade de quem entrega a própria alma. — Mais do que tudo nessa vida.

As lágrimas de Isabela escorreram silenciosas, e ela não respondeu com palavras. Em vez disso, levou a mão ao pescoço dele, aproximando-se devagar, como se cada segundo fosse uma escolha consciente. Quando seus lábios finalmente se encontraram, não foi um beijo de pressa ou de desejo cego.

Foi um beijo carregado de sentimentos.

Era a soma de dor e esperança, de promessas e medos, de vida quebrada que, ainda assim, encontrou refúgio nele. Os lábios se moveram com delicadeza, mas também com uma urgência silenciosa de transmitir tudo o que palavras jamais seriam capazes.

Felipe a apertou contra o peito, como se pudesse protegê-la até do próprio passado. E Isabela, entregue ao calor daquele beijo, entendeu que ali estava o único lugar do mundo onde ela se sentia inteira: nos braços do homem que transformara seu inferno em lar.

— Vamos? — perguntou Felipe.

Isabela respirou fundo e assentiu com a cabeça, como quem se prepara para o inevitável.

Felipe abriu a porta, saiu e, em seguida, a ajudou a descer. De mãos dadas, caminharam até o galpão. A porta de ferro rangeu quando um homem encapuzado apareceu, abrindo caminho para eles.

Dentro, a escuridão dominava o ambiente, cortada apenas por alguns refletores mal posicionados. E então, diante deles, a cena fez Isabela perder o fôlego: todos os abusadores estavam presos em uma grande gaiola de ferro, machucados, com marcas evidentes de violência e humilhação.

Isabela paralisou. O passado voltou como uma avalanche. As memórias dolorosas se misturaram ao presente, e o corpo dela tremia sem controle. Instintivamente, ela se lançou nos braços de Felipe, escondendo o rosto no peito dele.

Ele a envolveu com força, sussurrando próximo ao ouvido dela:

— Eu estou aqui, meu amor. Eu estou aqui.

Um dos homens encapuzados se aproximou e fez uma breve reverência.

— Senhor, meu chefe está aguardando o senhor.

Felipe assentiu e conduziu Isabela até uma sala improvisada dentro do galpão. Lá dentro, sentado atrás de uma mesa simples, estava um homem robusto, com o olhar penetrante. Quando ergueu os olhos e sorriu, a tensão no ar se intensificou.

— Se não é o meu amigo, o futuro juiz Felipe... — disse o homem, levantando-se e o abraçando. —

Felipe fez um gesto em direção a Isabela.

— Esta é minha esposa.

O homem estendeu a mão, e Isabela, ainda hesitante, aceitou o aperto.

— Já te conheço, e confesso que no passado eu te odiei. — disse ele.