Resumo do capítulo De onde vem o que eu sinto do livro O pecado original de L.E. Soares
Descubra os acontecimentos mais importantes de De onde vem o que eu sinto, um capítulo repleto de surpresas no consagrado romance O pecado original. Com a escrita envolvente de L.E. Soares, esta obra-prima do gênero Erótico continua a emocionar e surpreender a cada página.
Jonathan não veio dormir junto de Eva naquela noite. Deu a desculpa de que precisava se concentrar nas provas que estavam por vir e evitou seus toques e avanços. Eva se sentiu abatida, mas não insistiu. Ela mesma precisava de algum tempo para se recompor e repensar tudo aquilo que vinha fazendo, mas, a forte atração que sentia pelo jovem tornava aquilo difícil. Sentia-se mal por ter exposto sua faceta mais dissimulada a Jonathan e concluiu que o rapaz havia se decepcionado com o que havia visto.
Na manhã seguinte, ao acordar e se dirigir à cozinha, Eva percebeu que estava sozinha em casa. Jonathan havia deixado o café pronto na garrafa térmica, mas, havia saído de casa cedo. Ela vestiu uma calça jeans e uma blusa um tanto comportada e saiu pela porta.
No elevador, encontrou-se com Walter, mas, além de um cumprimento educado e respostas monossilábicas, não fez nada para prolongar uma conversa. Não flertou, também com nenhum outro homem e não sentiu vontade alguma de se exibir. A verdade é que a frieza com a qual Jonathan a havia tratado a estava consumindo e fazendo-a se recolher à Eva de alguns dias antes.
Ao atender a ligação de Eric, se reservou a dá-lo respostas curtas e secas. Quando questionada, disse que devia estar com TPM e desconversou, tornando a conversa um tanto desconfortável e silenciosa.
Jonathan, ao menos, tivera a decência de avisa-la através de uma mensagem de texto, que não almoçaria em casa naquele dia. Ao ser questionado do porquê, disse apenas que queria conhecer a cidade.
Eva esquentou um pedaço de pizza que ainda restava na geladeira, já um tanto seco e o comeu pela metade, retornando para a frente do computador e se pondo a trabalhar. Percebendo seu rendimento mais baixo do que gostaria, pôs-se a retirar as roupas de cama e leva-las para a lavanderia. Haviam, no lençol, inúmeras manchas de sêmen do dia anterior e, cada uma delas, continha uma memória.
A tarde se passou e o sol ia se pondo com Eva a observá-lo. Uma taça de vinho girava em sua mão enquanto a garrafa esperava, já esvaziada quase que por completo, sobre a mesa na sacada. Ela sentiu seu estômago se embrulhar como se borboletas voassem dentro dele. Estava ansiosa. Olhava para o celular a cada momento, esperando uma ligação de Jonathan ou, ao menos, uma mensagem. Com muito esforço, resistiu ao impulso de tentar iniciar uma conversa com o rapaz.
“Ele deve estar com outra mulher” pensava, cheia de um ciúme que não deveria estar ali. “E eu não posso nem o questionar. Afinal, por que diabos eu estou com ciúmes?”. Um impulso repentino fê-la atirar a taça com força dentro da churrasqueira. O cristal finíssimo se estilhaçou em inúmeros pedacinhos, indo parar junto às cinzas.
Preenchida de um repentino sentimento de pesar, ela se pôs a recolher os cacos de lá de dentro. Ouvira, então, a porta se abrir ao mesmo momento em que sentira uma dor aguda na ponta do dedo.
— Merda. – Praguejou, furiosa, apertando o dedo ferido.
Jonathan a encarou, assustado, enquanto entrava pela porta, carregando uma sacola de papel.
Ele se aproximou com visível preocupação em seu semblante, deixando a sacola cair pelo caminho. Eva se desvencilhou, emburrada, quando ele tentou segurar a sua mão, indo em direção à pia da cozinha.
— O que aconteceu? – Perguntou ele, encarando a garrafa de vinho. – Se machucou?
Eva deixava a água escorrer, abundante, sobre o dedo ferido. Um redemoinho carmesim se formava ao redor do dreno da pia, indicando que o corte havia sido mais profundo do que havia pensado.
— Não foi nada. – Respondeu, rispidamente.
O rapaz se aproximou por trás dela, esticando o pescoço para olhar.
— Meu deus, você está sangrando. – Ele se apressou até a gaveta de medicamentos, revirando o local em busca de algo útil. – Bebeu toda aquela garrafa sozinha?
Eva o mirou com os olhos repletos de ressentimentos.
— E se eu tiver bebido? – A voz estava trêmula. – Não é problema seu. Eu sei me cuidar sozinha.
Ele a ignorou, levando a mão até as dela e as segurando firmemente. Eva tentou se desvencilhar, mas os dedos de Jonathan eram fortes. Ela puxou suas mãos com mais força e acabou conseguindo soltar aquela que não sangrava e então se pôs a tentar afrouxar os dedos firmes que a seguravam. Ela se debatia, balançando o corpo, o que acabou fazendo vários pingos de sangue voarem de sua mão e se espalharem pelo chão.
— Eva, se acalme. – Disse ele, de maneira firme, porém gentil. – Por que está fazendo isso?
Os olhos azuis de Eva se encheram de lágrimas, tornando-os ainda mais brilhantes do que de costume. Jonathan soltou uma das mãos quando ela começou a socar seu peito com a mão livre.
Para tentar acalma-la, o rapaz segurou seu rosto com uma das mãos e pousou a mão machucada, a qual estava firmemente presa em seus dedos, sobre seu peito. O sangue pingava em sua camiseta e formava desenhos caóticos. Eva parou de se debater quando sentiu uma lágrima lhe escorrer pelo rosto. Então pousou a palma da mão sobre o peitoral definido.
— Você não gosta mais de mim. – Ela torceu o rosto em uma careta exagerada. – Me acha feia e sem caráter.
O hálito alcoólico que provinha de sua boca era pungente e Jonathan percebia, pela primeira vez, que ela havia perdido o controle.
Ele sorriu, tentando acalma-la. Quando se sentiu seguro de que ela não mais se debateria, a envolveu num abraço.
— Vem aqui. – Ele a apertou contra si enquanto ela soluçava.
— Você não veio almoçar e ficou até agora com outra mulher. – Ela disse numa voz trêmula.
Ele se afastou, puxando-a até uma cadeira e fazendo-a se sentar. Eva fungava como uma criança.
Eva tomou a correntinha nas mãos e a levantou em frente aos olhos.
— Ah, meu Deus, Jonathan. – Ela levou a mão à maçã do rosto, checando sua própria temperatura. – Isso é tão fofo.
Ela a entregou a ele e se virou de costas, puxando os cabelos castanhos para livrar sua nuca de obstáculos. Jonathan se levantou e se aproximou dela pelas costas para prender a corrente. Quando ele passou os dedos grossos e ásperos pelo pescoço de Eva, os pelos da alva pele de sua nuca delicada se eriçaram por completo.
— Ainda não acredito que aquele menininho era você. – Ela aproximava seu corpo perigosamente de Jonathan. – Se bem que faz todo sentido. Eu já deveria ter meus vinte na época.
— Desde aquela época, eu guardava aquela lembrança de você sendo uma criatura etérea e quase inalcançável. – Ele acariciou as madeixas castanhas, fazendo com que caíssem em cascata pelas costas estreitas. – Ter você em minhas mãos, estar dentro de você, perceber que não é exatamente um anjo...
— Está decepcionado comigo. – Ela o interrompeu, com a voz trêmula e embargada da bebida.
— O que? Não! É claro que não. – Ele levou sua mão à cintura de Eva e a puxou contra si. – É apenas informação demais. É tudo tão intenso que eu não estou sabendo lidar com isso. É como se isso tudo fosse um sonho.
Eva se virou em sua direção e o olhou nos olhos, arrancando do rapaz um profundo suspiro. Eles permaneceram parados por um longo momento, mergulhados nos olhos um do outro.
Jonathan segurou o rosto de Eva com um toque carinhoso e o puxou lentamente contra o seu.
— Eu estou apaixonado por você. – Disse ele, num sussurro.
Os olhos de Eva se abriram em uma expressão de susto e ela parou a meio caminho do beijo. Seu rosto se contorceu em uma expressão um tanto cômica que transitou do medo ao nojo e culminou em um “Ugh” que foi seguido de uma torrente fluida e vermelha que deixou a boca de Eva e se chocou à camiseta de Jonathan, escorrendo para o chão.
O rapaz ficou emudecido, absorvendo a situação, enquanto o vômito de Eva lhe escorria pelo peito e pela barriga.
— Oh, meu deus. – Eva cobria sua boca com as mãos, horrorizada com o que havia acontecido. – Me perdoe, Jonathan.
Eva correu para a lavanderia aos tropeções enquanto Jonathan se recompunha.
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