— Eu sinto muito. – Disse Jonathan a Ana, antes de se desembestar pela porta do banheiro atrás de Eva. – Sinto muito mesmo.
As pessoas se aglomeravam no corredor e Eva, sendo muito menor do que Jonathan, conseguiu se esgueirar por entre elas com maior facilidade, o que deu a ela a dianteira.
— Eva. – Chamou, angustiado. – Espera.
As pessoas o encaravam, ressentidas, quando ele, de maneira não intencional, esbarrava nelas com seu corpo avantajado.
Quando Jonathan finalmente foi capaz de chegar à porta, um dos seguranças o barrou, espalmando a mão em seu peito.
— Amigão... – O homem era ainda mais alto do que ele e possuía os ombros tão largos que a barriga protuberante quase se tornava irrisória se comparada ao resto do corpo. – A comanda.
Jonathan levou a mão ao bolso, lembrando-se de onde a havia deixado. Amaldiçoou baixinho, já se virando em direção à fila no caixa. Ele ia topando em uma figura pequena quando reconheceu os cachos e parou.
— Pode deixar que eu pago. – Ela tomou a comanda da mão de Jonathan. – Vai lá conversar com ela. Depois a gente se acerta.
Jonathan a encarou por alguns segundos, absorvendo a situação e então, a abraçou.
— Obrigado.
— Vai logo, garotão. – Ela o virou em direção à porta.
Quando o segurança se preparava para barrá-lo novamente, Melissa o interpelou.
— Pode deixar, Rafinha. – Ela levantou a comanda de Jonathan. – Eu acerto por ele. Deixa ele ir.
O brutamontes, que parecia ser conhecido de Melissa anuiu e abriu passagem para que Jonathan passasse.
O rapaz chapinhou pelas poças na pequena estradinha que levava à calçada, ignorando a água que entrava pelo cano da botina e encharcava seu pé.
Ele correu até a beira da rua, sentindo alguns pingos molharem seu rosto em uma garoa que caía suave e refrescava a noite abafada. Olhou, então, para o sul e para o norte à procura de Eva e só conseguiu vê-la seguindo pela noite por conta das costas alvas que se mantinham à mostra. Ela caminhava à passos rápidos e decididos, às vezes, acelerando os passos em uma breve corridinha, da qual logo desistia por conta do vestido a atrapalhar.
— Eva. – Ele chamou, correndo em sua direção. – Espera. Eva.
O tempo que ele havia perdido se esgueirando por entre as pessoas e sendo barrado pelo segurança havia dado a Eva uma enorme dianteira. Queria alcançá-la e pôr um fim à angústia que havia se tornado aquela noite. Queria se explicar, tomá-la nos braços, abraçá-la e, como Melissa havia aconselhado, deixar claro tudo aquilo que sentia.
Ele apressou ainda mais seus passos, seguindo pela calçada.
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