Eva havia deixado seu apartamento logo que recebera a ligação do tal Thomas. Havia saído às pressas, mal cumprimentando Walter quando o encontrou na porta do Hall. O hospital Santa Maria ficava do outro lado da cidade, mas ela pagou o dobro do valor ao motorista para que ele a levasse o mais rápido que podia até lá.
Lá chegando, perguntou pelo nome de Jonathan na recepção. Como não havia, nenhum Jonathan, dado entrada na emergência, pôs-se a esperar. Fez uma ligação apressada, tanto para Melissa quanto para Eric e se prostrou sobre a calçada, lacrimejando, aflita enquanto aguardava.
Ela havia tentado retornar a ligação para o número de Jonathan, sem resposta. Não saber o que estava acontecendo trazia uma agonia que a aniquilava. Sentia seu coração se chocando contra o peito, temendo o pior.
Quando a sirene soou ao longe, Eva já havia destroçado suas unhas em uma ansiedade incontrolável.
A ambulância parou, em frente ao portão de emergência do hospital. Ela se aproximou, sendo repelida pelo motorista enquanto os socorristas carregavam uma maca para fora. Ela sentiu, de maneira egoísta, o coração bater um tanto mais aliviado quando percebeu, por conta do rosto barbado do homem mais velho, não se tratar de seu amado. O homem permanecia acordado e gemia em dor, mas um ferimento em seu flanco vinha sendo pressionado por um dos socorristas. Uma segunda maca carregava um rapaz raquítico e tatuado que parecia morbidamente pálido e desacordado. Tranquilizou-lhe o fato de seus cabelos serem ruivos e seus braços e pescoço, repletos de tatuagens.
Ela tentou organizar seus pensamentos, querendo acreditar que aquilo tudo não passara de um trote de Jonathan para chamar sua atenção, mas, o soar de uma outra sirene a chegou ainda mais alto e Eva engoliu em seco, levando uma unha roída novamente à boca.
Ela se aproximou, novamente sendo repelida. Um rapaz ensanguentado desceu o degrau, amparado por um dos socorristas. Seu rosto estava completamente inchado, quase irreconhecível. Sangue manchava cada uma de suas peças de roupa e ele mancava de maneira copiosa. “Não é Jonathan” ela pensou, aliviada. Sentiu, no entanto, o coração se acelerar em desespero quando uma figura completamente disforme surgiu, carregado em uma terceira maca.
— Jonathan... – Ela se ouviu gritar, caindo em prantos. – O que aconteceu?
O rapaz sobre a maca estava lavado em sangue, o braço esquerdo estava fixado por uma tala improvisada e um dos socorristas pressionava um ferimento que vazava sangue sobre seu tórax.
— Não. Não. – A voz saiu esganiçada, trêmula e repleta de angústia.
Ela se desvencilhou do motorista que a segurava e conseguiu se aproximar, ignorando os apelos dos socorristas.
— Ai, meu Deus. – Ela soluçou ao perceber que o rapaz não estava consciente.
O choro deixou sua garganta de maneira desconsolada.
O rapaz que mancava em direção ao portão de emergência enquanto acompanhava a maca de Jonathan a encarou sob o inchaço disforme que era seu olho e se aproximou.
— Você é a Eva? – Ele perguntou através dos lábios destroçados, parecendo ter certeza da resposta.
Eva o segurou pelos ombros, arrancando do rapaz um esgar de dor.
— O que aconteceu? – Ela gritou. – Pelo amor de Deus, me diz que ele vai ficar bem.
O rapaz baixou a cabeça, a tento de esconder o semblante choroso.
Ele segurou a mão dela entre as suas mãos ensanguentadas, virou a palma para cima e depositou algo sobre ela, voltando, então, a fecha-la.
— Ele ainda não tinha perdido as esperanças. – A frase saiu distorcida pelos lábios inchados.
O Socorrista segurou Thomas pelo ombro e o guiou para dentro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O pecado original