O pecado original romance Capítulo 89

Resumo de É Bourbon: O pecado original

Resumo de É Bourbon – Uma virada em O pecado original de L.E. Soares

É Bourbon mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de O pecado original, escrito por L.E. Soares. Com traços marcantes da literatura Erótico, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.

— Como pode pôr o seu orgulho acima da saúde de nosso filho, Ricardo? – Eva ouviu Helena inquirir, do quarto de hóspedes, enquanto permanecia na cozinha, preparando uma garrafa de café. – Você já parou para pensar na fortuna que pode nos custar uma internação em um bom hospital? Não podemos pagar por isso agora.

Nenhuma palavra havia sido dita durante o percurso entre o hospital e o apartamento, o que havia tornado tenso o trajeto dentro da Ford Ranger surrada que o senhor Ricardo usava para os afazeres da fazenda.

— Isso não tem nada a ver com orgulho. – Ele rebateu. – Me surpreende achar que sou assim, tão egoísta.

Um dos gêmeos, veio vindo pela porta do corredor, lançando a Eva um olhar significativo de quem não se sentia confortável com a discussão dos pais.

— Pode me dizer aonde posso encontrar uma padaria aqui por perto? Vou até lá comprar alguma coisa para comer.

Eva pegou o celular de cima da bancada. Depois de receber a notícia de que Jonathan havia respondido bem à cirurgia, havia se permitido atenuar, mesmo que um pouco, a angústia que parecia lhe querer fazer o peito explodir.

— Não se preocupe. – Ela arrastou o dedo na tela. – A que temos aqui perto faz serviço de entrega.

A semelhança entre os gêmeos e Jonathan era meramente superficial. Seus trejeitos e personalidade eram completamente diferentes. Sendo Jonathan um rapaz um tanto sereno e sincero, não faltava nos irmãos uma dose de cinismo e malícia.

— É uma opção interessante, mas, qualquer outro lugar aonde eu possa estar, nesse momento, é melhor do que esse. – Ele olhou com o rabo do olho na direção de onde vinham as vozes dos pais.

Eva sorriu, lamentando por ele e por tudo o que acontecia.

— Fica no fim da quadra, para o oeste, em frente ao posto de combustível.

— Tem alguma que fique mais longe?

Eva deu de ombros.

— Bom, tem o Galeria Café, que fica a duas quadras para o outro lado.

O jovem piscou para ela, agradecendo.

— Miguel, traga a Ester, vamos dar uma volta. – Eva escutou a garotinha festejar com um grito de onde vinha vindo, junto do irmão.

A menina veio saltitante enquanto era segurada pela mão. Eles se despediram e deixaram Eva sozinha, enquanto a discussão continuava no quarto de hóspedes.

— ...por que negociar com aquele homem é como fazer um pacto com o diabo, Helena. – Ricardo vociferou, pausando por um momento para se acalmar. – Além do mais, a doutora deu a entender que Jonathan já não corre riscos iminentes e tem se recuperado bem, à medida do possível. Não é como se um de nós não fosse estar aqui quase todos os dias. Mesmo que não possamos ficar ao lado dele o tempo todo, a doutora nos enviará notícias sempre que as tiver.

— Ricardo, o meu filho ainda está na UTI. Cinco dias atrás ele tomou um tiro no peito e está em coma, lutando pela vida... – Ela ia aumentando o tom de voz à medida que a frase ia se desenrolando.

— Ele é um Valente, Helena. Esquece que ele é meu filho também? – Ele pareceu ressentido, aumentando, também, o tom de voz.

— Então haja de acordo, merda. – Ela gritou.

O pai de Jonathan ficou em silêncio por algum tempo, enquanto a tensão em toda a casa parecia pressionar as paredes.

— E o que quer que eu faça, mulher?

— Quero que faça um pacto com o diabo se for preciso, Ricardo. – Ela parecia furiosa. – Mas quando o Jonathan acordar, quero que ele não esteja sozinho num quarto de hospital.

A porta do quarto de visitas se abriu e foi fechada com força. Helena veio do corredor a passos rápidos e ia passando direto para a porta de saída, quando virou o rosto para Eva.

— Desculpe por isso, querida. – Ela seguiu seu caminho, saindo no hall e fechando a porta atrás de si.

Pelo menos cinco minutos se haviam passado antes que o senhor Ricardo deixasse o quarto e viesse à cozinha.

O rosto do senhor Ricardo era um rosto endurecido e rústico, mas, apesar disso, ela pôde ver nele uma mudança clara de expressão. Eva sentia as lágrimas subirem aos olhos e a voz se tornar mais fina à medida que sentia a miríade de emoções as quais regiam sua relação com Jonathan subir à superfície.

— Mas não há nada nesta minha vida que eu tenha desejado com mais força do que conhecê-lo melhor. Eu ainda quero conhecer cada detalhezinho do homem incrível que ele é e que vai se tornar. E quero que ele tenha a chance de conhecer a minha melhor versão de mim também. E se for para dar um por cento a mais que seja de chance para que ele saia dessa, eu sou capaz de gastar todas as minhas economias da vida inteira.

O senhor Ricardo a encarava, com uma sobrancelha erguida. Uma incógnita tão grande que fazia Eva repassar e ponderar cada palavra que havia acabado de dizer.

O homem puxou para si a caneca vazia e tirou a garrafa da mão de Eva servindo um pouco da bebida e a entregando com a alça virada para ela.

— É um whisky muito bom para se beber no gargalo.

Eva o encarou, tentando decifrar sua atitude. Ele bateu com sua própria caneca na de Eva, que parecia um tanto perplexa demais para brindar.

— É Bourbon. – Comentou a mulher, rompendo o próprio silêncio.

Ele riu, não se importando em ser corrigido.

Os dois permaneceram em silêncio, sorvendo das canecas o líquido que, na garganta de Eva parecia queimar como fogo. Depois de sorver o último gole de sua bebida, ele se levantou, indo em direção à porta.

— Gostei de sua sinceridade. – Ele comentou, sem se virar para Eva. – Esperei que fosse tentar mentir para mim, Eva. Mas me surpreendeu. Realmente me surpreendeu. Ganhou ainda mais meu respeito.

Ela o fitou com os olhos azuis repletos de questionamentos.

— Aonde o senhor vai? – Ela perguntou, aturdida.

— Pelo visto, tenho que ir atrás do diabo para fazer um pacto.

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