Perverso romance Capítulo 28

Enquanto eles conversavam observei o local, tinha alguns gansos brancos correndo pelo quintal e ovelhas atrás de uma cerca. Tinha outros animais também, dando um ar rural ao local.

Antes de entramos olhei para o lago, tinha um píer fazendo um caminho até a parte mais funda.

— Jade! — Amélia apareceu na porta. Veio correndo até mim e me abraçou.

— É bom ver você também. — Tento me acostumar com a ideia de receber um abraço assim der repente, não foi difícil, Amélia conseguia ser sincera em tudo que fazia.

— Estou aqui também, Amélia. — Sebastian lembrou olhando para ela.

Ela sorriu e foi abraçar o irmão também.

— Quando Sebastian ligou dizendo que você passaria a tarde inteira comigo, fiquei tão animada. — Disse com entusiasmo no tom de voz. Meus olhos foram parar no Sebastian, ele realmente queria tirar meu tédio. — Soube do que aconteceu na festa de ano novo...

Natacha limpa a garganta, com os olhos mirados em direção a Amélia.

Faço um gesto com a mão.

— Está tudo bem. — Afirmo tentando parecer convincente.

— Por isso evito passar tempo com aquela velha esnobe. — Natacha admitiu. Sebastian olhou para nós pelo rabo do olho. — Desculpe, querido.

Na casa não tinha muitos móveis luxuosos, um sofá carmim ficava em direção a uma porta que dava acesso ao jardim e por fim o lago,

uma escada dava acesso ao segundo piso, o único cômodo do andar de baixo era separado da sala por um batente, presumi que lá fosse a cozinha.

— Bem, suponho que conseguem se virar com a Amélia. — Natacha pega sua bolsa de cima do sofá. — Tenho que ir ao hospital, passar o resto da tarde com o pai de vocês.

Vejo o olhar de Sebastian cair. Não imagino o quão doloroso devia ser, na verdade, eu sabia, mas penso que ver o pai morrer aos poucos é pior que uma tragédia. É como se você tivesse uma ferida aberta, e toda hora alguém cutucasse até sangrar, nunca criando uma cicatriz.

Ele assentiu depois de algum tempo.

— Você pode acompanhá-la, se quiser. — Olho bem para seus olhos azuis. Estava confirmando a ele que não tentaria fugir nas próximas horas. — Eu me dou bem com a Amélia.

— Não. Vou amanhã. — Disse por fim.

Ele não queria se certificar de que eu não tentaria nada, Sebastian queria evitar que cutucassem novamente a sua ferida.

Natacha foi embora em um conversível vermelho.

Eu e Amélia observamos o carro dela deixar a propriedade, enquanto Sebastian subiu para o andar de cima sem dar mais explicações.

Percebo os ombros de Amélia caídos, seus olhos cintilavam, não de felicidade, tristeza por ver o pai naquela situação.

— Pode me mostrar seu quarto? — Toco seu ombro apertando levemente.

— Claro!

O andar de cima tinha poucas portas, em uma dela havia uma placa pendurada escrito: "Princesa Amélia". Vejo o esforço que ela fez para virar a placa, segurei o riso.

Assim que abriu a porta, pensei por alguns instantes que estava adentrando o céu, seu quarto era todo de uma tonalidade rosé, uma cama king size com lençóis brancos, prateleiras com bonecas, ursos e uma mesinha de estudos.

Olhei ao redor completamente maravilhada, era o quarto dos meus sonhos.

— Uau!

Ela caminhou até a cama com indiferença, já estava acostumado com tudo aquilo.

— Seu quarto parece um sonho.

— Tenho que mudar a decoração desse quarto. Faz anos que não venho aqui. — Ela dá duas batidinhas no local livre ao seu lado. Vou até lá e sento, ainda observando tudo. — Sinto muito por não ter ido naquela festa. Você teria se sentido melhor se visse alguém que conhece.

Solto um sorriso nasal.

— Não precisa pedir desculpas, você não teve culpa de nada. — Seguro suas mãos. — Sua tia que foi um pouquinho rígida demais.

Ela faz careta.

— Rígida? Ela foi uma verdadeira megera! Não precisa fingir modos estando comigo.

Sorrio.

— Certo, mas não posso dizer a você o que penso sobre ela.

Amélia gargalha.

— Aposto que você deseja tacar fogo nela tanto quanto eu. Aquela bruxa maldita. — Percebi que ela falava com ódio quando se tratava da Viviane.

— Tem algo que incomoda você a respeito dela?

Seu rosto transformou-se.

— Absolutamente tudo. Ela pensa que por eu ser filha de outra mulher, não tinha o direito de herdar o nome Stan. — Revirou os olhos. — Fora o fato dela tratar a minha mãe como se fosse uma... vadia.

— Sebastian parece se dar bem com sua mãe.

Ela mostra um meio sorriso.

— É. Eles gostam dela. — Umedeceu os lábios com cuidado para não borrar o gloss. — Depois que a mãe deles morreu, acho que todas as mulheres da família se mobilizaram com a situação. Eles têm mães mais do deveriam.

Uma pergunta surge nos meus lábios, eu sabia que seria algo evasivo, mas precisava saber.

— Como ela morreu? — Pergunto.

Amélia solta minhas mãos e olha para o lado.

Péssima ideia.

Como pude ser tão insensível assim?

— Desculpa, mas não acho que eu deva te contar isso. — Levantou da cama. — Isso é algo que apenas o Sebastian pode te dizer. Não cabe a mim.

Assenti com os olhos fechados.

— Tudo bem. — Sorrio para ela.

— Quer comer algo? — Sugeriu.

Passamos o resto da tarde conversando sobre a vida, Amélia me contou sobre um garoto da sua turma, de olhos castanhos, que se declarou para ela antes do feriado de Natal. Falei o pouco que podia sobre mim, ela estava empolgada demais para me perguntar as coisas.

Por fim, tomamos chá no jardim, de frente para o lago.

— Jade, você era virgem antes do Sebastian? — Perguntou ela enquanto olhava para a bolinha em sua mão.

Engasguei com o chá.

Ela deu duas batidinhas na minha costa, preocupada.

— Você quer uma água? Algo?

Balanço a cabeça largando a xícara.

Engulo o resto de chá preso na minha garganta, buscando me recuperar daquela pergunta.

— Desculpe, não precisa responder.

— Tudo bem. — Levo a mão até a testa. — Só foi um pouco... repentino.

— Tenho medo de quando fizer isso pela primeira vez. E minha mãe não fala absolutamente nada sobre. — Admitiu ela. — Por isso queria saber, ficou com medo?

Respiro fundo, organizando minha resposta.

— Só deve fazer se gostar da pessoa. — Olho para o lago. — E não, eu não era virgem.

Seu queixo caiu.

— Com quem você perdeu?

Respiro novamente.

— Com meu primeiro amor. — Ela olha para mim com ternura. — O local era inadequado, mesmo assim, foi a melhor noite da minha vida.

— Que meigo.

Pisco algumas vezes.

— Mas agora estou casada com o Sebastian, e eu o amo. — As palavras saíram da minha boca com mais facilidade.

Amélia olha para o lago e depois para mim, com uma expressão maquiavélica.

— Quer entrar no lago?

— Podemos?

— Claro! Vamos. — Ela me puxa para dentro da casa de novo.

Vamos até seu quarto, dentro de uma gaveta ela tira alguns biquínis, um de bolinhas e outro vermelho vinho ainda com etiqueta.

— Veste esse. — Ela estende o vermelho para mim.

— Não precisa, eu...

— Vai logo, temos que entrar antes de anoitecer. — Ela me empurra para dentro do closet.

Tinha muitas gavetas lá, roupas em cabides e um espelho gigantesco.

Olho para os lados, Amélia parecia ocupada demais vestindo o seu biquíni.

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