Perverso romance Capítulo 33

Demorei alguns dias para não querer chorar sempre que lembrava da Gisele. Sebastian teve um papel importante nesse momento, por algum motivo ele parecia não querer me ver triste, apesar de tudo, agora ele me fazia sorrir, mesmo quando estava calado, me olhava como se fosse importante, principalmente quando estava desfrutando de mim em minha cama. Olhei para ele enquanto abotoava os botões da camisa, de costas para mim, nas últimas semanas ele esteve mais dentro de mim do que fora da mansão. Fizemos sexo em quase todas os lugares, às vezes até no jardim durante o dia, deixando os empregados envergonhados, mas quando eu estava com ele parecia que toda a minha vergonha sumiu. Sebastian mostrava o pior de mim. Engatinho até a borda da cama, me posicionado atrás dele.

— Você poderia ficar mais um pouco. — Sugeri.

— Fiquei ontem de tarde, a noite inteira e já são quase dez da manhã.

Deito na cama arfando.

— É porque você é a minha única diversão aqui.

Ele parou de abotoar a camisa e virou-se para mim, parecendo pensar. Fui sincera, mesmo que ele me quisesse nos momentos íntimos ainda não tinha total liberdade sobre a casa.

— Certamente, mas se caso tivesse mais alguma diversão, eu deixaria de ser sua prioridade? — Perguntou com um sorriso malicioso.

Reviro os olhos.

— Você será sempre a única exceção. — Respondo com o mesmo sorriso.

O puxo para um beijo. Céus, beijá-lo me levava a outro estado.

Sebastian desfaz o beijo com relutância, então levanta da cama se afastando de mim.

— Não posso ceder, tenho mesmo que ir. — Olhou firme para mim — temos um jantar essa noite, esteja ainda mais bela.

Assenti com um sorriso de orelha a orelha, com os olhos cheios de brilho.

Ele saiu.

Apoiei o queixo na mão, não sabia se me deixar apaixonar por ele era uma boa ideia, mas não tinha nada além dele aqui.

Marília entrou no quarto logo em seguida, como de costume. Tomei um bom banho e vesti algo confortável.

— Hoje você vai receber a visita de um estilista, cabeleireiro e maquiador.

— Por quê?

— Ordens do Sebastian, ele não falou mais nada depois disso. — Finalizou.

Fiquei calada com um sorriso estampado no rosto.

Desço com Marília para o café da manhã, quase na hora de almoço.

Olho para o lado, parecia ter alguém na sala de visitas, parei por alguns instantes deixando Marília caminhar em direção a sala de jantar e observei pela fresta da porta, era a Anna.

Abro as portas timidamente, os olhos dela vão parar em mim na expectativa que eu fosse outra pessoa, assim que percebe que sou eu desvio o olhar, desapontada.

— Pensei que fosse o Sebastian. — Indagou ela.

— Ele saiu faz alguns minutos.

— Droga. — Exclamou levanto a mãos até a testa.

— Não quer esperar por ele? Acredito que não vai demorar, posso pedir um chá. — Ofereço.

Anna olha para mim desconfiada, então assentiu com a cabeça, sem muito o que fazer.

Pedi chá e alguns biscoitos, enquanto esperávamos ficamos em completo silêncio, me perguntei o que ela teria de tão urgente para tratar com o Sebastian.

— Você está diferente desde a última vez que nos vemos. — Ela fala.

Ganhei algum peso, meu cabelo parou de cair e agora minha pele não tinha palidez, realmente mudei desde o casamento.

— Obrigada, eu acho.

Anna cruza os dedos e apoia os braços nas pernas.

— Primeira decisão que o Sebastian toma e leva adiante. — Balbuciou. — Vejo que está pelo menos te fazendo bem.

— Suponho que esse assunto tem mais a ver com vocês do que comigo.

Ela balança a cabeça.

— Tem a ver com o que ele está fazendo com você.

O chá chegou, a empregada serviu uma xícara para cada uma, assim que saiu fechando a porta o silêncio reinou mais uma vez.

— Então você sabe sobre tudo. — Ela fica calada. — Às vezes penso que todos sabem, mas ninguém faz nada a respeito, e por quê?

— Estou conversando com ele sobre isso há meses.

Tomo um gole do chá.

— Não faz mais diferença, aparentemente, estamos juntos de verdade. — Saiu mais ridículo do que pensei.

Anna olha bem para mim.

— Sabe porque não me casei com ele? — Dessa vez eu me calei — porque o Sebastian só almeja vingança, ele pode estar aqui com você agora, mas te larga por causa disso, te deixa sozinha porque prefere estar esmurrando sei lá quem.

Olho para meus pés.

— Por mais que estejam juntos agora não é sincero, eu o conheço.

Fito seus olhos castanhos.

— O que vocês tiveram foi sincero?

Anna pareceu ficar sem palavras.

— Isso não vem ao caso.

Ameaço levantar do sofá, mas ela segura meu pulso.

— Não foi, e olha que eu podia ir embora a hora que quisesse. — Ela afirmou. — Sebastian não é um homem bom, isso que vocês vivem não é normal. Não me leve a mal, estou tentando te ajudar.

Puxo meu braço de sua mão.

— Se quisesse mesmo me ajudar não teria deixado a situação chegar a esse ponto. — Sorrio amargurada. — Pode não ser sincero, mas é melhor que viver em um bordel. Tem noção do peso disso, Anna? Não, pois você sempre teve a opção de ir embora.

Ela piscou algumas vezes atordoada, via verdade nas suas palavras, mas saber que ela também se calou durante todo esse tempo me feriu.

— Se um dia precisar, estou aqui, pode contar comigo. — Falou por fim antes de eu sair.

Saio da sala indo para meu quarto, me jogo na cama sentindo meu peito exasperado.