Perverso romance Capítulo 35

Passei o resto do dia no quarto, revirando os livros e rabiscando revistas. Fazia tempo que não ficava o dia inteiro aqui, geralmente jogava damas com Marília ou ficava no jardim, mas assim como meu humor o clima estava fechado.

Debrucei-me na janela, soltando um suspiro aprisionado.

Tristeza tomou conta do meu coração, já esqueci como é doloroso.

Marília adentrou o quarto com a mesma postura de sempre.

— Senhora, o jantar está servido.

— Não estou com fome, obrigada.

Ouço ela suspirar.

— Aconteceu algo? — Pergunto sentando na borda cama.

Deito minha cabeça em meus braços olhando para ela.

— Sebastian. — Marília permanece com os ombros erguidos, como se já esperasse por isso. — Ele ainda contínua com aqueles planos. Por favor, não diga que me avisou.

Ela abriu a boca para dizer algo, porém não o fez.

— Realmente tinha expectativas de que seríamos um casal de verdade, foi tudo uma mera ilusão. — Pisco para não deixar as lágrimas caírem. — Ele queria apenas meu corpo. Justo quando lhe disse que o amava.

— Você disse isso?

Assenti.

Marília olhou-me com compreensão, de forma doce e suave, como nunca fizera antes.

— Pessoas como o Sebastian não sabem o que é isso, talvez ele sinta o mesmo, mas está tão acostumado a ser rígido que sentimentos parecem algo estúpido, um sinal de fraqueza. Não fique parada esperando que ele note que também a ama, você realmente não merece isso.

Uma gotícula escorreu do meu olho.

— Venha cá. — Marília bate no espaço livre ao seu lado.

Sentei ao lado dela, a mesma passou seu braço ao redor do meu e eu encosto minha cabeça no seu ombro.

Não segurei minhas lágrimas, elas desceram aquecendo minhas bochechas.

Após algum tempo inconsolável, Marília teve que sair, ainda tinha suas obrigações.

Fiquei sozinha novamente.

Horas mais tarde, quando já estava na cama sem conseguir dormir, alguém abriu a minha porta, a claridade vinda do outro lado me fez abrir os olhos imediatamente.

Olhei para a porta, era ele, me observando.

— Marília disse que não quis jantar.

Permaneci em silêncio.

— Há algo de errado? — Balanço a cabeça — então vamos.

— Eu não quero, Sebastian.

Respirou fundo novamente, como se buscasse paciência.

Tínhamos andando para trás.

Ele entra no quarto e fecha a porta. Mordo meu lábio inferior quando o vejo sentar no sofá, tão distante de mim, parecia estar com medo.

— Por que está agindo desta forma? Aconteceu algo?

— Estou cansada, apenas isso.

Os olhos azuis dele fitam os meus com intensidade.

— Não ter chamado você hoje de manhã te chateou tanto assim? — Sorriu como se fosse ridículo.

— Já disse que não é nada.

Ele coça a têmpora com o mindinho, então se aproxima da minha cama em passos lentos, de longe eu podia sentir o forte cheiro de álcool e cigarro emanando de seu corpo. Sebastian puxou o lençol de mim e deitou atrás de mim, puxando meu corpo para perto dele.

— Talvez eu possa resolver isso. — Ele passa sua mão pela minha coxa, mas seu toque parecia áspero.

Levanto da cama com raiva, sentindo meu rosto arder. Ele olhou-me sem entender.

— Você é muito egoísta. — Minha voz saiu trêmula.

Ele umedece os lábios, arfando.

— Não deixou de planejar a porcaria da sua vingança em nenhum momento que esteve comigo, não é? Me sinto uma idiota por acreditar que te faria desistir e viver algo normal comigo.

— Não prometi nada, nunca disse que iria desistir disso.

— É — maneio a cabeça —, você realmente não prometeu, mas disse que nunca deixaria alguém que ama no meio disso.

Reconhecimento despontou seu rosto.

— Seus sentimentos por mim não são fortes o suficiente para se importar com o que vai acontecer comigo depois que for preso? — Enxugo a lágrima da minha bochecha. — Talvez nem tenha sentido nada, você só queria o meu corpo, e eu acreditei que fosse mais, depois de todo esse tempo.

Ando de um lado para o outro.

— Jade...

— Eu me abri para você — sorrio amargurada —, todos tinham razão, você é um egoísta de merda!

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