Perverso romance Capítulo 36

Marília me ajudou a pintar o quarto, apesar dela querer chamar uma equipe para fazer isso, não aceitei, pois, tinha tempo de sobra.

Pintamos o quarto inteiro de uma cor pêssego, era fraquinho, mas incrivelmente conseguiu cobrir todo aquele vermelho sangue.

Foi divertido ver Marília movimentando o rolo, tive que ensiná-la, já que costumava ajudar Ethan com as reformas na boate.

No fim da tarde, os raios de sol entraram pela janela fazendo um belo contraste no quarto inteiro.

Marília pediu limonadas para tomarmos enquanto apreciamos nosso trabalho.

Sentei no chão, com o sol batendo no rosto, sentindo meu coração voltar a doer lentamente.

— Fizemos um ótimo trabalho. — Disse Marília.

Assenti, sorrindo.

Ela suspirou e levantou da cama, então sentou no chão ao meu lado, reclamando dos joelhos já gastos.

Olhei para ela agradecida, nunca imaginei que estaríamos juntas dessa forma.

— Tem visto ele? — Pergunto.

Ela balançou a cabeça.

Fazia dias o Sebastian não aparecia, já estava acostumada com aquilo, mas desta vez era diferente.

— Talvez seja melhor assim, ficar um pouco longe. — Percebo que estou batendo o indicador no copo freneticamente. — Espero que ele não volte a me aprisionar.

— Ele não vai fazer isso, você não é mais uma prisioneira.

— Então por que ainda estou aqui?

Ela calou-se.

— Toda essa situação é muito estranha, ele prefere sair de casa ou invés de me deixar ir. — Suspiro — não sei qual vai ser o final disto, mas estou com medo do que vai acontecer depois que ele chegar.

Ficamos em silêncio, então olhei ao redor mais uma vez, admirando tudo.

Ergui a mão para Marília, ela demorou para perceber que eu queria um toque, mas de forma desajeitada bateu sua mão na minha.

— Formamos uma boa equipe.

Ela sorrir.

Mais tarde, enquanto estava na biblioteca antes do jantar observei um movimento estranho do lado de fora, o carro do Sebastian entrava na garagem.

Afastei a cortina para ver melhor, era ele mesmo. Desta vez não havia sangue seco no seu supercílio ou hematomas em seu rosto, mal parecia estar bêbado como das outras vezes.

Apertei os olhos, parecia haver mais alguém no banco do carona, talvez fosse um de seus amigos.

Cruzei os braços desviando o olhar, peguei o livro e saí de lá antes de vê-lo, queria ter o mínimo de contato possível.

Estava no banheiro, finalizando meu banho quando Marília adentrou o quarto para me avisar que o jantar estava servido.

— Ele chegou. — Avisou ela.

— Eu sei, vi mais cedo.

Tinha algo mais em seu olhar, ignorei pensando ser sua preocupação.

Vesti algo simples, por mais que não quisesse manter contato com ele, de alguma forma eu queria não parecer abalada com as coisas que aconteceram.

Passei um rouge com a Marília me observando por trás, estava tão quieta que quando nos conhecemos.

Virei de frente para ela.

— Aconteceu algo?

Ela piscou algumas vezes e balançou a cabeça.

— Está mais estranha que o normal.

Marília saiu do quarto batendo os sapatos no chão, deixei a maquiagem de lado e corri atrás dela. Para uma mulher de meia-idade ela andava bem rápido, por isso corri a maior parte do tempo.

— O que houve, Marília? — Pergunto.

Ela fez um gesto com a mão ainda andando, desci as escadas batendo os pés descalços nos degraus. Colidi nas costas da Marília quando ela parou para abrir a porta que dava acesso à sala de jantar, observei pela fresta Sebastian sentado.

— Ele não está sozinho, Jade. — Respondeu ela seca.

Marília quase me empurrou para dentro da sala fechando a porta atrás de mim, o barulho tirou Sebastian de seus devaneios, mas havia apenas nós dois lá dentro.

Ele olhou-me por baixo das pestanas, sem levantar a cabeça, como se já soubesse ser eu.

Caminhei em passos lentos até o meu habitual acento, arrastei a cadeira, porém ele fez um gesto para mim.

— Sente-se em outra, minha convidada já ocupa este lugar. — Avisou ele.

Olhei bem para seu rosto, sentindo raiva pinicar meu corpo.

Empurrei a cadeira de volta para o lugar causando o máximo de barulho que pude. Ele apertou os olhos com força, bufando.

Passei por trás dele e sentei do outro lado, olhando para o terceiro prato posto.

Uma interrogação formou-se no meu rosto.

— Sua tia está aqui?

Ele olha-me, mas não responde.

— Ótimo, é bom sermos tão comunicativos. — Coloco o guardanapo em meu colo.

— Você nunca sabe a hora de ficar calada? — Disse ele.

— Já você sabe bem o momento de ser um grosso estúpido! — Rebato enfurecida.

Pensei que Sebastian fosse surtar, bater as mãos na mesa e agarrar meu pulso xingando mil vezes meu nome, mas o que ele fez foi mais estranho ainda.

— Você verá, querida.

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