Perverso romance Capítulo 45

Ficamos apenas nos olhando, absorvendo a ideia. Ethan estava vivo, tive que piscar centenas de vezes para constatar que não era apenas mais uma das peças que minha cabeça costumava me pregar.

Engoli a seco quando ele começou a se aproximar de mim em passos curtos, temendo que eu fosse fugir a qualquer momento. Permaneci estática, sentindo as lágrimas se formarem nos meus olhos e o local ao redor de repente parecer tão quente quanto um dia de verão.

— C-como? — Pergunto sussurrando, olhando para o colete em seu peito mostrando claramente que ele não era um simples faxineiro.

— Eu...

Antes que ele pudesse tocar meu pulso, a mesma porta cujo Sebastian entrou se abre e ele sai logo em seguida acompanhado dos investigadores. Olhando eles lado a lado só me fez ficar ainda mais atordoada, ambos eram completos opostos, pelo menos o que eu conhecia do Ethan.

Sebastian olhou para mim e depois para Ethan, com as sobrancelhas juntas. Eles de repente se entre-olharam como dois lobos líderes de uma alcateia.

— Tudo bem? — Perguntou ele se aproximando.

Pisco algumas vezes.

Ethan olha para Sebastian com a mesma expressão, talvez perguntando-se o que aquele homem era para mim.

— Sim, só estou preocupada.

— Onde está Amélia?

Eu mal conseguia responder. Nunca pensei que ver os dois no mesmo cômodo me deixaria tão claustrofóbica. Só consegui me concentrar nas perguntas do Sebastian quando Ethan foi puxado por um dos investigadores para longe de lá.

Sebastian olhou para eles com total desprezo.

— Não precisa se preocupar, eles só fizeram perguntas sobre os homens que mataram minha mãe. — Continuo olhando para Ethan que também não tirava os olhos de mim. — Você está bem?

Sebastian segura meu rosto com às duas mãos.

— Sim, sim, estou.

— Foi o que me deixou estranho hoje pela manhã, meu advogado ligou para informar sobre isso — Sebastian continua. — Não queria preocupar você com isso, mas prometi não guardar mais segredos. Quando chegarmos em casa vou contar tudo.

— Certo.

Sebastian aproxima seu rosto do meu, mas eu desvio de seu beijo. No momento pareceu a coisa mais certa a se fazer, não era certo beijar outro homem na presença do Ethan, mas quando me dei conta da forma que estava pensando me senti mal, confusa e com pena da expressão que o Sebastian fez. Eu recusei um beijo seu porque Ethan veria e ele mal fazia ideia disso.

— Está brava comigo? — Perguntou ele.

— Não, vamos sair daqui.

Puxo Sebastian para fora dali, assim que saímos solto um suspiro que não sabia estar guardando ignorando a curiosidade em seu rosto.

Deixamos Amélia na sua casa e depois partimos para a nossa.

O silêncio que costumava ser do Sebastian agora era meu, o percusso inteiro foi uma montanha-russa de sensações e lembranças.

Meu coração estava acelerado até agora, sentia que meu peito estava prestes a explodir.

— Você tem certeza que está bem? — Perguntou Sebastian.

Assenti fracamente.

Ele apoia sua mão sobre minha coxa, olho para ele.

— Sim, estou. Só quero chegar em casa.

Sebastian não falou mais durante o resto do percusso, quando chegamos fomos direto para dentro, os empregados já estavam dormindo, era tarde da noite.

Já no quarto, tirei as roupas mais pesadas e coloquei em cima da poltrona.

Passei as mãos na nuca, na tentativa de acalmar a pressão na minha cabeça, mas nada me tirava na lembrança dos olhos do Ethan em cima de mim. Ele estava vivo esse tempo todo e era policial? Por que não veio atrás de mim antes de tudo isso? A imagem que eu tinha dele estava desmoronado e isso doía.

Mãos passam ao redor da minha cintura, sinto o perfume do Sebastian atraindo meus pensamentos até ele.

— Me diga, o que se passa na sua cabeça? — Sussurrou em meio aos meus cabelos. Inegavelmente Sebastian tinha um poder sobre mim, sobre meu corpo e minha alma.

— O que aconteceu hoje me deixou preocupada. — Não sabia se deveria falar sobre o Ethan para ele.

— Não fique, dei um jeito de contornar a situação. Eles não têm absolutamente nada sobre mim na ficha, sou cauteloso. — Ele beija minha nuca. — Posso aliviar sua tensão?

Aperto os olhos e só me vem o Ethan na mente, não queria fazer sexo com o Sebastian pensando em outro.

Viro de frente para ele e passo meus braços ao redor do seu pescoço.

— Eles perguntaram sobre sua mãe?

Os ombros dele caem.

— Sim.

— Sinto muito.

— Estou bem, pelo menos eles vão pegar aquele desgraçado. — O tom de voz dele mudou para algo assustador.

Junto nossas testas.

— Eu te amo. — Digo-lhe, seus olhos brilharam.

Sebastian me beijou de maneira gentil, mas logo parecia estar a me devorar. Entreguei-me aos seus desejos rejeitando pensar no que aconteceu hoje, e funcionou, porque enquanto ele estava dentro de mim eu não pensava em mais nada.

[...]

No dia seguinte Sebastian foi trabalhar pela manhã como de costume e quanto a mim, fiquei em casa sendo aprisionada por meus pensamentos. Queria questioná-lo a respeito de todas as minhas dúvidas, ele me devia isso, mas, ao mesmo tempo, não seria justo com o Sebastian.

Marília adentrou meu quarto com uma bandeja de café da manhã nas mãos.

Meu estômago revirou a noite inteira, mal consegui dormir.

— Seu café, Jade. — Informou ela deixando a bandeja na mesinha de cabeceira.

— Estou com enjoo matinal, suponho que não vou comer até o horário do almoço. — Caminho de um lado para o outro do quarto, quase perfurando o carpete.

Marília arqueou as sobrancelhas, como se estivesse surpresa.

— Está grávida?

Arregalou os olhos.

— Quê? Não, não estou!

— Ah — seus ombros relaxaram —, por um momento pensei que...

— Você lembra daquele homem cujo disse que amei? — Interrompo ela.

Marília pareceu pensar e minutos depois deu de ombros.

— Sim, por quê?

Mordi o lábio inferior com força.

Eu estava hesitando em contar-lhe, mas Marília era minha única amiga.

— Ele não está morto. — Digo por fim cessando meu andar

— Mas... como?

— Eu o vi ontem.

— Tem certeza disso?

— Sim.

Ficamos em silêncio, ambas analisando a situação.

— Quero vê-lo novamente, hoje, e você vai me acompanhar!

Agora Marília que começou a perambular pelo quarto, amassando dos dedos e tão atordoada quanto eu.

— Claro que não, que ideia mais estúpida! E Sebastian, sabe disso?

Balanço a cabeça, lentamente.

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