Abri os olhos com dificuldade, minha cabeça estava girando e com meu corpo dolorido por estar deitada no chão. Quando finalmente consegui focar minha visão em algo percebi que não estava em casa, estava dentro de um quarto escuro iluminado por apenas um basculante meio aberto.
Levantei do chão rapidamente, me sentando encostada na parede.
Tentando lembrar do que aconteceu na noite anterior, embora minha memória estivesse apenas com alguns feixes. Alguém havia me apagado com um pano quando fui fechar a janela.
Levanto do chão em pânico, caminho lentamente até a única porta na sala, com as mãos protegendo os braços e os dentes rangendo de frio. A porta estava trancada, foi então que comecei a me desesperar mais ainda. Bati com os punhos na porta, dando socos e chutes, mas foi completamente em vão.
Comecei a chorar sentindo as lágrimas congelando em meus olhos, com as pálpebras rígidas igual a pedra.
Que tipo de brincadeira de mau gosto era essa? Sebastian não podia ter ficado tão chateado a ponto de me deixa aqui para morrer.
Minutos depois ouço a porta ser destrancada, corro para o outro lado da sala, temendo quem seria. Um homem alto apareceu, ele tinha uma expressão fechada e tatuagens e sua cabeça careca.
Segurei firme o roupão em meu corpo.
— Já está acordada. — Disse ele com um tom de voz indiferente.
— Q-quem é você? — Pergunto com a voz quase sumindo. — Por que está me mantendo aqui?
— Sem perguntas, ou corto sua língua! — Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. — Vou avisar o chefe que você acordou.
Ele joga um casaco no meu rosto, o observo indo embora e trancando a porta pelo lado de fora.
Visto o casaco, as pressas, com as mãos trêmulas, talvez mais por conta do medo.
Olho ao redor com meu peito descendo e subindo abruptamente, o frio ardia meus pulmões. Eu precisava arrumar uma maneira de sair dali se não congelaria.
Será que o Sebastian me devolveu para May? Não podia ser, Ethan havia dito que ela foi presa, não era ela.
Junto às mãos em formado de concha e assopro o ar quente, em busca de controlar o tremor em meu corpo, a esse ponto meus olhos já estavam secos.
[...]
Em dado momento a porta foi aberta mais uma vez, para mim, pareceu ser meros minutos, pois a minha noção de tempo já estava completamente deteriorada. Desta vez, dois homens entraram e se aproximaram de mim em passos largos, sem cerimônia. Tentei correr, mas um deles puxou meu antebraço com tanta força que me fez cair no chão, o outro homem agarrou o outro lado e eles começaram a me arrastar para fora da sala.
Eu gritava, me debatia, mas de nada adiantou. Eles tinham o triplo da minha força e estavam aquecidos.
— Cala a boca ou eu acabo com você aqui mesmo! — Um deles gritou me sacudindo.
Travei minha mandíbula, chorando baixinho.
Eles me puxaram por corredores escuros, enquanto outros homens olhavam para mim com uma expressão nada amigável. Eu olhava tudo atentamente para gravar bem na minha memória, talvez ajudaria se eu conseguisse fugir daqui.
Por fim, entramos em um galpão enorme, no centro havia uma multidão que foi se dissipando a medida que nos aproximamos, a maioria era composta por homens de todas as idades. No centro havia um homem calvo, ele usava um terno preto que contornava bem o formato de sua barriga redonda e alguns fios contornava sua careca.
Ele olhou-me como se eu fosse um rato.
Os dois homens me soltaram e eu caí no chão segurando a borda do meu roupão que até ontem era branco.
O homem então se aproxima de mim, o silêncio se fez ao nosso redor enquanto seu sapato batia no chão.
— Eles foram bonzinhos com você? — Perguntou ele. Sua voz era áspera com um sotaque tipico e o hálito cheirava a charuto. — Espero que tenham sido.
Permaneci calada, sentindo arrepios subirem minha espinha.
— Por que tenho a impressão de que você não sabe quem sou eu? — Perguntou ele se apoiando nos joelhos. — Sebastian não falou nada sobre seu velho amigo?
Os lábios dele se curvam em um sorriso maquiavélico, os dentes eram amarelados.
Meu estômago revirou.
— Bem, você deve saber que nos conhecemos há muito tempo, tanto que o vi bem pequeno. — Continuo com as sobrancelhas juntas. — E ele me viu matar sua queridinha mãe, talvez seja por isso que me odeia tanto.
Martíni, o homem que matou a mãe do Sebastian.
Arregalo os olhos.
Me arrasto para trás, até minhas costas colidirem com as pernas dos homens que me trouxeram aqui.
— Não posso negar que acho ridículo o fato dele parar toda sua vida numa tentativa ridícula de me matar, mas confesso que adoro observá-lo tentando.
— Você fez aquilo... — murmuro.
— Ah, você fala? Ouvi dizer que era uma excelente cantora naquele puteiro que vivia, transava tão bem quanto canta? — Senti minhas narinas dilatarem de ódio. — Não precisa ficar com raiva, não estou falando nada que você ainda não tenha ouvido.
— Não chega perto de mim...
Ele faz uma cara de surpreso e sorrir logo em seguida.
— Por que está me mantendo aqui? Eu não tenho nada a ver com essa briga.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Perverso
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