Bianca se trancou no quarto de hóspedes, o coração em disparada. Encostou-se na porta, os olhos fixos no vazio, sentindo o peso da última conversa com Fernando latejar dentro dela como uma ferida aberta. Ele não era mais o homem carinhoso e gentil que a fizera estremecer horas antes. Não. O Fernando que se revelara parecia um estranho — manipulador, disposto a qualquer coisa para mantê-la ao lado dele.
A confissão sobre Maura ainda ecoava em seus ouvidos. A babá, a mulher em quem confiara, que havia cuidado de Valentina tantas vezes… agora estava contra ela. Vendida. A serviço dele.
Bianca mordeu os lábios com força, a raiva misturada à dor formando um nó quase insuportável. Não podia mais ficar ali. Precisava sair e por isso estava ansiosa ,esperando Walter ir busca -la.
Com o peito em chamas, sentou-se na beira da cama, tentando acalmar a respiração. As horas se arrastaram em silêncio, até que, por volta das quatro da manhã, o celular vibrou.
“Já cheguei. Estou na frente.” — a mensagem curta de Walter.
O coração dela disparou. Vestiu-se às pressas, checou se não havia nenhum ruído vindo do quarto principal e saiu de fininho. Os corredores estavam mergulhados no silêncio, apenas o som distante de um relógio preenchia o ar.
O segurança da entrada a olhou de cima a baixo quando ela passou, mas não disse nada. Apenas abriu o portão para ela sem questionar ,afundo era a esposa do patrão.
Quando avistou o carro de Walter, estacionado na rua, respirou aliviada. Correu até ele e entrou,
.
Walter a observou de soslaio, o maxilar travado.
— Por que você me ligou tão tarde, Bianca? — Sua voz carregava uma fúria contida.
— E de quem é aquela casa?
Ela engoliu em seco, ajeitando o cabelo, como se isso pudesse organizar também a confusão em sua mente.
— De Fernando. — respondeu, sem conseguir sustentar o olhar dele.
— Mas… quando chegarmos ao apartamento, eu explico tudo.
O silêncio que se seguiu era quase palpável. Walter fechou as mãos sobre o volante, os nós dos dedos brancos de tanta força. A raiva e a curiosidade o consumiam. Se Bianca passou a noite com Fernando, aquilo só podia significar que os dois haviam reatado. Mas então… por que estava fugindo, desesperada?
Ele não perguntou mais nada, mas a curiosidade lhe corroia.
Quando chegaram ao apartamento, Bianca abriu a porta com pressa, o coração disparado, apenas para se deparar com uma cena inesperada.
Bianca parou no meio da sala, o choque estampado no rosto.
— Estou muito triste, Maura. — disse, com a voz embargada.
— Magoada. Traída. Eu pensei que você fosse minha amiga, e o tempo todo estava me espionando… para ele.
— Eu não queria… — sua voz quebrou.
.— Mas preciso do dinheiro. É a única forma de pagar os remédios da minha mãe, de mantê-la na clínica de repouso. Você sabe… ela tem Alzheimer. Eu não tive escolha, Bianca.
— Sempre há uma escolha. — Bianca apertou os punhos.
—E você escolheu me trair.
Walter, que acompanhava a cena de braços cruzados, observava tudo com atenção, um brilho perigoso nos olhos. Havia algo ali que ele poderia usar, e estava atento a cada detalhe.
— Walter, sente-se. — pediu Bianca, tentando manter a calma.
— Vou pegar dinheiro para acertar com Maura.
— Não precisa. — interrompeu Maura, erguendo o queixo.
— Isso mesmo ,o que você tem contra mim? — Walter avançou um passo, a voz carregada de irritação.
— Mal nos conhecemos!
Maura não recuou.
— Não preciso conhecer você a fundo para saber quem é. Pelo que me contaram se você , é o suficiente para ter certeza de que não presta.
Sem esperar resposta, pegou as malas e saiu, a porta batendo atrás de si.
O silêncio que ficou era ensurdecedor. Walter bufou e riu com sarcasmo.
— Louca. Só pode ser louca.
Bianca, com o coração em pedaços, levou as mãos ao rosto.
— Obrigada por ter vindo, Walter. Mas eu… preciso ficar sozinha. Podemos conversar outra hora?
Ele não gostou. O orgulho ferido queimava, mas forçou um sorriso compreensivo.
— Tudo bem. Tire o dia de folga. — se limitou a dizer.
E saiu.
Bianca caiu no sofá, o corpo trêmulo, a mente em frangalhos. Sozinha, finalmente, deixou as lágrimas escorrerem. Estava cercada. Fernando de um lado, Maura do outro — alguém que considerava amiga — agora revelada como traidora.
No meio de tudo, apenas uma certeza pulsava em sua mente e atravessava cada fibra do seu corpo: não podia perder Valentina. A filha era sua vida, seu coração fora do peito, a única razão que a mantinha de pé em meio ao caos. Sem ela, nada mais faria sentido. A ideia de vê-la afastada, crescendo distante, sob a influência de Fernando — que agora mostrava um lado tão sombrio e manipulador — a deixava em desespero.

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