Ele espalmou a nuca e passou a mão entre os fios de cabelos grisalhos.
- Olha, você errou. Errou muito em feio em mentir para nós sobre o que fez, sobre o pai, e sobre todas as mentiras que foram ditas lá. Você pecou em tirar de nós a verdade sobre a nossa própria filha.
- Pai. - Pedi culposa, ele levantou a mão pedindo para eu me silenciar.
- Mas todos nós erramos, minha filha. Temos medo, somos seres humanos. Agora o pior erro de todos, é mentir pra você mesma. Você gostava daquele menino, e ele gostava de você, não parava de te olhar e tagarelar o quanto era incrível. Céus, eu quase mandei ele calar a boca. Contudo estava feliz e aliviado por saber que estava com alguém que a admirava.
- Marco sendo o Marco.
- Não sei o que se passa aí dentro - Apontou para o meu peito, indicando o coração, meus ombros caíram desapontados - Mas imagino quem ainda esteja aí. Eu quero que seja feliz, Amélia, foi pra isso que eu e sua mãe te criamos. Não conheço o pai do meu neto, mas conheço a minha filha.
**
Entrei na casa da Gabriela, largando as sacolas de roupas do bebê. Henry me deixou na porta e foi na casa dos pais, pelo visto eles decidiram conhecer a mãe do neto deles, com a condição de um exame de DNA.
Eu não neguei, me coloco no lugar deles. Mas a preocupação não era a paternidade, obviamente era se a mãe queria extorquir.
- Gabi! - Chamei, jogando-me no sofá exausta.
Olhei na mesa de centro e vi um convite, de longe a caligrafia bonita, li somente o nome do Marco já imaginando que era o convite de casamento. Inclinei para pegar, mas assustei com a Gabriela aparecendo de repente.
- Amélia? - Perguntou surpresa.
- Tentei te ligar. - Me defendi, sua cara de espanto me assustou.
Foi então que ele saiu da cozinha olhando diretamente pra mim. Minha amiga colocou as mãos na boca e em seguida coçou os cabelos. Levantei rapidamente.
Fiquei em estado de choque, paralisada sem qualquer tipo de reação a não ser observá-lo.
Sua barba está grande lhe dando um semblante mais maduro e escondendo um pouco do seu sorriso jovial. Os olhos duros em cima de mim, porém sem aquela intensidade que costumava morar ali. Não posso dizer o mesmo, pelas batidas do meu coração provavelmente minhas pupilas estão dilatadas. Ele sustentou o olhar nos meus olhos antes de descer para a minha barriga que já estava nítida.
- Está bonita. - Falou baixo, coçou a garganta e repetiu - Está bonita.
- Obrigada. - Agradeci um pouco nervosa.
Céus, que saudade.
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