O que parecia ser um bicho de sete cabeça se tornou um bicho de oito cabeças e Pedro descabelou todas elas.
Seus choros histéricos ecoavam pela casa inteira durante toda a madrugada, quase uma sirene que acordava todos.
As vezes eu me rendia e chorava também, era exaustivo e sugava toda a energia possível do meu corpo. Sorte a minha ter os meus pais por perto, a Gabi me ligando todos os dias e o Marco me chamando de madrugada no WhatsApp perguntando se estava ordenhando. Não sei o que faria sem eles.
Minha amiga depois disso praticamente começou a vir todo o fim de semana, com presentes e muito colo para o Pedro que era apaixonado por ela.
Marco dificilmente aparecia pessoalmente mas sempre fazíamos chamadas de vídeos para que ele acompanhasse o mais de perto possível. E quando ele conseguia nos visitar meu pai quase chorava de emoção.
Sua mulher nunca veio, o seu trabalho a fazia viajar muitas vezes por ano então ela sempre estava ocupada. Receio que não seja só por isso que ela não apareça, mas prefiro não pensar muito no assunto e deixar com que o Marco resolva, eles são casados e isso não é da minha conta.
Quando Pedro completou cinco meses eu recebi uma ótima proposta de trabalho na cidade. Uma proposta tentadora porém assustadora também.
O meu gordinho risonho não imaginava que naquela cidade o seu pai residia e nem sabia da existência dele, o medo de cruzar com Henry tomou todo o meu corpo e me fazia pensar diversas vezes antes de voltar.
Saio dos meus devaneios quando meu pai beija o alto da minha cabeça enquanto ainda estava parada na frente da árvore.
- Eu sei, pai. - Respondi com o tom de voz triste. - Mas é uma ótima oportunidade, o Pedrinho já tem cinco meses e a Gabi deixou eu ficar com ela até me estabilizar. Vai ser bom pra nós. Meu medo são os Vasconcelos.
- Eles são uns...
- Hugo. - Minha mãe repreendeu ao entrar na sala com o Pedro no colo.
Suas pernas gordas e fofinhas estavam pra fora e ele usava somente um body de manga curta, seus braços esticaram e as perninhas balançaram felizes ao me ver. Sua semelhança com o Henry sempre era um soco no estômago.
- Vem cá, meu meninão.
Peguei meu filho que estava bem pesado por sinal e cheirei seus cabelos loiros, o cheirinho de bebê que eu mais amo nesse mundo. Os olhos azuis encararam a minha bochecha e logo à sua boca banguela tentou mordê-la.
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