Gargalho enquanto me mexo ao som da música que me faz balançar. Nunca fui de fazer essas coisas, tampouco sou boa em fazer, mas acabo fazendo mesmo assim. Balanço-me rindo e Alexander continua o fazendo. Estamos bem próximos agora. A mão de Alexander passa pela minha cintura enquanto nos balançamos. Ele então sussurra:
– É só acompanhar o outro. – E então a música mudou para outra. I Got you. Tentei fingir que estava imitando um rebolar de frente para trás, porque eu só podia chamar de tentativa mesmo, de tão ruim que eu era. Acabei rindo várias vezes, mas Alexander dizia para eu continuar tentando. Voltei meu olhar para o dele e mantive ali enquanto me balançava. A mão dele estava na minha cintura, me mantendo próxima dele. Nossos corpos muito próximos. Pisquei só para zoar e Alexander abriu um grande sorriso enquanto me dizia:
– Isso, continue Sara. – E sua voz parecia mais grave. Passei a me balançar ao estilo indiano, mexendo meus ombros e Alexander gargalhou. Suas mãos me puxaram pela cintura e eu, ainda gargalhando, coloquei minhas mãos no pescoço dele. A música mudou novamente. Agora, treat you better. Alexander estava se balançando comigo. Coloquei minha cabeça no seu peito, ouvindo o seu coração que batia rapidamente. Não sabia o que fazer, só sabia que queria continuar ali, naquele abraço por tempo suficiente até que o mundo sumisse.
– I'll stop time for you, The second you say, You'd like me to, I just wanna give you the loving, That you're missing. – Ouvi Alexander entoar baixinho ao vento. Afastei minha cabeça do seu peito voltando meus olhos para o dele. Então, pude perguntar o que tanto queria, a Alexander:
– O que te aflige, Ale? – E os olhos cristalinos que outrora estavam perdidos em algum lugar por aí, voltaram a se encontrar com os meus. Havia dor, havia alguma coisa mais que eu não conseguia identificar o que era e havia também um brilho mínimo de esperança.
– Sentir, Sara. Isso me aflige. – Eu ainda estava nos braços de Alexander, tecnicamente, quando ele tocou uma mecha do meu cabelo colocando para trás da orelha. Meu olhar, novamente, sem conseguir desgrudar do dele. Havia apenas aquele momento e toda aquela carga de sentimentos que parecia percorrer a cozinha.
Meu coração poderia ter parado naquele momento. Não sabia o quão sincero Ale estava sendo, mas, de alguma forma, parecia estar sendo. E isso me tocava pelo simples fato de que era algo do qual eu também tinha medo. Medo de sentimentos, medo de sentir. Medo que isso viesse a atrapalhar-me, um dia também.
Não consegui dizer nada. Ale se aproximou lentamente de mim e, novamente, me deixei ser levada pelo momento. Não sabia mais o que estava acontecendo comigo, ou quando eu tinha perdido o juízo e o controle de mim mesma. Era apenas necessário que Ale se aproximasse que eu aceitava-o sem problemas. Bastava que ele se aproximasse e eu aceitava o seu toque, mesmo que singelo.
Isso me faria bem, afinal? Perguntei a mim mesma, mas não obtive resposta.
Os lábios de Alexander tocaram levemente os meus. Tão delicadamente que apenas pude fechar meus olhos e aproveitar o cálido toque do seu beijo. Não houve ferocidade. Não houve nada além de um simples ressoar de bocas.
No entanto, minha mente ainda trabalhava incessantemente em pensamentos terríveis que só serviam para me machucar com a simples ideia. O primeiro deles, foi que o que estava acontecendo ali, entre eu e Alexander, era apenas algo carnal, ainda mais da parte dele. Um cafajeste que se aproveitava das mulheres. E eu não podia ser uma das milhares de mulheres que Mara tinha dito que se deixavam levar e aproveitavam disso. Não, eu era então uma pessoa de um caso só?
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