Segunda Chance(Completo) romance Capítulo 42

O barulho da porta da casa de Valentin ecoou pela casa vazia, onde duas pessoas encontravam-se paradas próximas a entrada. Valentin sorriu levemente ao olhar para Jessy demoradamente. Ele não queria pensar em como seria dali em diante, ele desejava apenas continuar sentindo o calor que ela emanava. O mesmo calor que Victor tanto havia falado ele enfim descobrira a sensação. Valentin acariciou o rosto de Jessy assim que fechou a porta de casa atrás de si. Assim que saíram do hospital, ele a levou para a sua casa, o único lugar que existia apenas para eles. Ninguém iria perturbá-los ou interrompe-los. Ninguém sabia que eles estavam ali. Jessy fechou os olhos para sentir a caricia dele com mais intensidade. Ela não estava vendo, entretanto tinha certeza que em seus lábios constava um sorriso, um sorriso parecido com o de Victor ou talvez ainda mais brilhante.

–Esta pensando em que? – a voz de Valentin soou como um harmonioso cântico para Jessy, a qual permaneceu com os olhos fechados.

–Em como deve estar seu sorriso agora.

–Pode abrir os olhos e ver – disse sorrindo ao vê-la sorrir com os olhos fechados.

–Assim é mais especial.

–Porque? – “Ela.. poderia estar pensando em Victor?” pensou por um instante.

–Porque desse jeito posso imaginar o seu sorriso tão brilhante quanto o sol e não poderei me ofuscar – respondeu tímida ao abrir os olhos e erguer a mão para acariciá-lo em sua face – parece que me enganei – tornou com um sorriso na face – é ainda mais brilhante. – Jessy observou o sorriso caloroso que se formou na face de Valentin e sorriu junto com ele. Após anos ela sorria feliz. – “Porque estou com medo dessa felicidade?” ela se perguntou.

Valentin afastou-se depositando a mão na face de Jessy, e indagou com o semblante relaxado.

–Quer beber alguma coisa? – ao vê-la assentir foi em direção a cozinha, entretanto virou-se apenas para ter certeza. Certeza de que ela continuaria daquela forma com ele. Encontrou o sorriso em sua face ao sentar-se no sofá e olhar em sua direção – Virei um adolescente inseguro – constatou sorridente.

Jessy não sabia o que sentir ao sentir o confortável tecido do sofá contra o seu corpo. Ela encontrava-se contente com o que havia acontecido, entretanto tinha consciência dos problemas que teria que enfrentar dali em diante.

“Provavelmente ela ira me atacar novamente” pensou ao recordar-se de Grace. Uma lembrança que desejava esquecer a cada segundo de sua vida.

A cafeteria estava próxima de fechar quando Jessy despediu-se de seus colegas e foi para a frente da loja, onde costumava encontrar-se com Victor, mas ao passar dos minutos e em seguida das horas estranhou o seu atraso. Pegou o seu celular e quando estava prestes a ligar para ele, percebeu a presença de uma mulher em sua frente, a encarando, avaliando-a de cima a baixo. Ambas se encararam por alguns minutos ate Jessy ver o sorriso de escárnio que a mulher lhe lançara.

–Vejo que ele tem um péssimo gosto – Grace disse ao olhar nos olhos de Jessy, a qual a encarava confusa – não deve saber quem eu sou.

–Me desculpe, senhora, mas.. esta falando comigo?

–Com quem mais falaria? – respondeu de forma grosseira – Sou Grace Alexander, e Jessy Smiths, vim lhe avisar para se afastar de meu filho.

–Seu filho? Como sabe meu nome?

– És mais tola do que eu imaginava – sorriu ao retirar um envelope, pequeno, branco de sua bolsa de grife e estender para Jessy – Pegue isso e suma da vida de Victor.

–O que esta acontecendo ? – murmurou confusa ao encará-la – por favor, me diga.. o que esta acontecendo? Onde Victor está?

–Ele não virá hoje. Apenas pegue isso e viva a sua vida longe dele.

–Mas.. Porque esta fazendo isso?

–Como me parece ser mais tola do que eu pensava irei lhe falar. Victor esta muito alem de suas ambições. Ele é um homem que não deve ser visto ao lado de uma mulher como você, consegue entender isso? Vocês nunca devem ficar juntos.

–Ele.. Porque esta fazendo isso? Nós nos amamos.

–Amor? Me faz rir diante disto. Victor não a ama, esta apenas se divertindo. Esqueça-o, fique longe dele.

–Eu não farei isso. Eu o amo e ele me ama.

–Você o ama? – sorriu ao jogar o envelope no chão exibindo cédulas de dinheiro – se o que deseja é dinheiro, pegue este no chão, pois pessoas como você devem fazer isso, Se abaixar e reverenciar pessoas como eu, e não se “apaixonar” – disse com escárnio – este é o primeiro e ultimo aviso que irei lhe dar. Suma da vida dele antes que algo aconteça com você ou a seu pai. Vivem sozinhos, não é? Sei tudo sobre você. Não vai querer lutar desarmada contra alguém como eu. – virou-se, mas voltou e a olhou firmemente – não se atreva a falar a ele que tivemos essa conversa.

Jessy não conseguiu expressar o que estava sentindo. Ela estava estupefata e não conseguia entender o que se passava. Ao ver a mulher ir embora fez a única coisa que conseguia pensar. Foi ate ela, e segurou o seu braço, forçando-a a parar. Em questões de segundos a sua face ardia diante do tapa que Grace havia lhe dado. Jessy largou o braço da mulher levando a mão a seu rosto avermelhado.

–Sua vulgar. Não se atreva a me tocar. Se afaste de Victor e não se atreva a questionar nada a ele. Suma de sua vida como és. Uma pessoa insignificante e passageira, você se compara a uma doença que se deve pegar para ter imunidade, apenas isto. És indesejável. Fique longe dele para não perder alguém que ama. – tornou cruel ao se afastar a passos rápidos em direção a um carro parado.

–Pensando em algo? – Valentin indagou ao estender a xícara com café quente para Jessy, a qual negou com um aceno – esta quente – sentou-se ao seu lado, segurando a sua própria xícara e sorriu ao olhar de soslaio para ela, a qual encarava o liquido preto. – Pensando em Victor, não é?

–Como? – disse assustando-se com a voz dele. De alguma forma, a mente de Jessy trabalhava em como enfrentaria Grace.

–Você esta pensando em Victor, certo? – a viu assentir, sem saber o que dizer naquela situação e o olhou com curiosidade – eu também estava, mas percebei uma coisa. Se ele estivesse vivo não seria contra isso.

–Não?

–Não, ele sempre quis o bem das pessoas, então.. se estivermos feliz, eu sei que ele também estará.

–Verdade – murmurou com um leve sorriso nos lábios.

Permaneceram em silencio durante algum tempo ate Valentin se prontificar a iniciar um assunto.

–Victor mentiu para você, não foi?

–Mentir? Não.

–Sobre sua origem. Já que não sabia quem eu era quando me viu, presumo que ela não tenha contado que tinha um irmão gêmeo e que era o herdeiro dos hotéis Magno.

–Não, ele não contou – tornou sombria ao lembrar-se do motivo que a fez afastar-se dele.

–Gostaria de saber mais sobre ele? – perguntou tentando esconder a inquietação que lhe ocorreu quando a viu olhar para ela com carinho e ansiedade – “Ele sempre será um fantasma que vai me assombrar se continuar com isso” percebeu ao tentar sorrir para ela – Bem, sobre o que posso falar primeiro? – se perguntou em voz alta – Ele não deve ter contado sobre como costumava viver então. Pode ser um bom inicio.

–Sim – murmurou ao olhar para Valentin ao mesmo momento em que se indagava do motivo dele estar se esforçando tanto para lhe mostrar como Victor era. – “O que ele deve sentir ao falar de seu irmão comigo? Será que seu coração se agita tanto quanto o meu?” se perguntou, mas ao olhar para a mão dele pousada no sofá, não pensou ao levar a sua mão e colocá-la sobre a dele.

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