Segunda Chance(Completo) romance Capítulo 46

Valentin esqueirou-se pelo quarto do hotel sem saber o que fazer em seguida. Pela primeira vez deixou que algumas lagrimas escapassem de sua face, pois por mais que ele fosse corajoso temia por Jessy. Seu corpo caiu e ao tentar se levantar gargalhou diante de sua impotência. Olhou para a porta, pela qual ela havia saído, fechando os olhos em seguida.

–Foi esse sentimento que sentiu? Deve ter sido difícil – murmurou ao pensar em seu irmão – mas eu prometo que não acabarei como você. Eu irei conseguir – disse para si mesmo a fim de tomar coragem para o que viria a seguir – há apenas um modo de escapar desta situação, e eu espero.. que não esteja errado.

***

O corpo de Jessy não possuía vontade própria ao caminhar a esmo pelo hotel sem perceber para onde estava indo apenas caminhou. Ela não queria pensar, não naquele momento. Suas lagrimas caiam pelo seu rosto apesar de seu esforço para controlá-las e por mais que tentasse odiar Valentin não conseguia, e isso era o que mais lhe doía. Lhe doía saber que apesar de tudo o que ele lhe fez, ela não o repudiava ou o achava repugnante, pois ela conseguia lhe entender. Recordou-se do primeiro momento em que o viu, da sensação que sentiu e da esperança que seu coração se encheu por imaginar, por um segundo, que Victor estaria vivo. Lembrou-se do primeiro beijo trocado com Valentin e da semelhança que pouco a pouco se desfazia em sua mente entre ele e seu primeiro amor. Ao sentir uma brisa em seu rosto, ergueu o olhar percebendo estar no terraço, o lugar que havia a ligado, de alguma forma, a Valentin. Olhou para o horizonte sentindo-se fraca e sem forças para seguir em frente.

–O que mais poderia fazer? – se perguntou hipnotizada pelo pássaro que voava a alguns metros de onde estava. Aproximou-se lentamente ate a pequena mureta que a separava de cair do terraço. – Se eu cair daqui.. será que poderei voar como você e ser livre? Será que algum dia amarei alguém dessa forma? – questionou-se ao sentir o seu coração bater cada vez mais dolorido, depositou suas mãos tremulas na mureta, impulsionando o seu corpo para baixo – Eu...serei feliz e livre como Victor ou serei apenas mais uma atormentada por não ter conseguido ir em frente? – perguntou-se ao fechar os olhos sentindo o vento passar por seu corpo.

***

Um gritou ecoou por todo o hotel fazendo com que os funcionários corressem em direção a origem do grito.

***

Alejandro caminhou a passos largos pelo hotel ate parar em frente a um dos quartos e com a chave extra que Vanda lhe dera, abriu a porta encontrando Valentin no chão com o rosto banhado em lagrimas. Ele fora preparado para gritar com ele, mas percebeu enfim o estado critico de seu amigo.

–O que esta fazendo? – Alejandro indagou gentil ao olhar para Valentin, o qual não havia percebido a presença de seu amigo – porque esta aqui no chão quando deveria estar lutando ao lado dela?

Valentin ergueu o olhar com um sorriso estranho na face, e voltou a sua atenção para o céu azul no lado de fora ignorando Alejandro.

–SEU CRETINO FRACO – gritou ao ir ate onde Valentin estava, erguendo-o pelo braço com força – Acha que ficar aqui se lamentando vai ajudar em alguma coisa? Sabia desde o inicio o quanto sua mãe era louco e mesmo assim... optou por ficar ao lado de Jessy, a mulher que seu irmão amou então porque..

–Ela disse que iria matá-la – tornou com a voz fraca sem encarar Alejandro – como posso competir com isso? Sou tão egoísta ao ponto de ver a mulher que amo ser morta pela minha mãe? Eu não sou um monstro.

–Valentin...

–Esse foi o único motivo pelo qual aceitei este casamento ridículo. Tens ideia do quanto desprezo Luiza? Tens ideia da vontade que tenho ao olhar para o meu reflexo no espelho? Sinto nojo de mim mesmo. Nojo por ter me tornado algo que tanto odeio. – Alejandro abriu a boca para dizer algo, mas nada disse, apenas soltou Valentin e ao se virar para ir embora estancou ao ver Jessy em frente a porta com a mão nos lábios com as lagrimas caindo pela sua face.

–Vou deixá-los a sós – Alejandro disse ao passar por Jessy – Por favor, tome conta dele – sussurrou para ela antes de deixá-los a sós – Acho que me preocupei por nada – sorriu consigo mesmo ao perceber o quanto a felicidade de Valentin estava próxima a ele.

Valentin manteve o seu olhar preso no de Jessy e nada disse, apenas se encararam por vários instantes ate ela caminhar em sua direção calmamente.

–Não se aproxime – ele pediu ao vê-la parar – não se aproxime de mim. Sei que escutou o que eu disse, mas não venha.

–Como posso não ir para a pessoa que me ama ao ponto de tornar a sua vida um inferno para me ver bem? – disse demonstrando pela primeira vez o que sentia por ele – admito que fui uma tola por não ter percebido ou falado algo antes, mas.. Eu gosto de você, Valentin. Não gosto por ser parecido com Victor, fisicamente, mas por ser um homem corajoso, amoroso e gentil que sempre apoiou o seu irmão e me amou incondicionalmente do que sentia.

–Jessy VÁ EMBORA – gritou ao segurar-se ao escutar as palavras dela, entretanto a viu sorrir ao caminhar em direção a ele, parando em sua frente, a poucos centímetros de seus corpos se encontrarem – O que esta fazendo? Sabe o perigo que estará correndo ao ficar ao meu lado? Eu.. não sei se poderei lhe proteger.

–Eu não quero que me proteja – Jessy afirmou ao encará-lo diminuindo a existência entre eles, o abraçou segurando-o pela cintura. Apoiou a sua cabeça em seu corpo escutando os batimentos de seu coração – Eu voltei porque queria saber se realmente não me amava, e se estava se vingando durante este tempo, mas.. escutei a única coisa que me apavorava, és o que esta enfrentando. Não quero continuar sendo fraca e me apoiar sempre em alguém para seguir em frente, mas.. mas eu quero ficar ao seu lado. Posso...ficar ao seu lado? – perguntou apertando-o de encontro ao seu corpo com força sem perceber que os braços dele já circundavam a sua cintura.

–É uma tola – murmurou emocionado ao sentir o seu corpo contra o dele – mas é impossível não sentir nada por uma tola como você. Fique ao meu lado, mas me prometa.. Me prometa ficar bem. Farei o possível para que nada lhe faça mal.

–E eu farei o possível para te fazer feliz – prometeu ao erguer os olhos com um sorriso singelo na face – Nunca mais minta para mim.

–Não irei – concordou ao tocar o seu rosto delicadamente – ficar longe de você ou imaginar uma vida onde não faça parte da minha é assustador demais.

–E solitário – completou ao pousar a sua mão sobre a dele.

–Será perigoso – a avisou ainda incerto sobre o que estava prestes a fazer, mas Jessy possuía um estranho fascínio. Ela sempre conseguia movê-lo de uma forma que apenas Victor conseguia.

–Eu sei – assentiu ao encará-lo – mas decidi ficar ao seu lado. Já errei uma vez, há muito tempo atrás e não pretendo cometer o mesmo erro duas vezes.

–Esta falando de Victor?

–Sim, eu fui fraca por ter cedido. Fui uma tola por acreditar que ele ficaria bem estando longe de mim. Já sofri o suficiente, já me culpei o máximo que conseguia, e enfim decidi viver. Tenho que seguir em frente mesmo que isso signifique sofrer mais uma vez. Eu quero diminuir a minha culpa, mas não sofrendo e sim.. amando. Quero amar e ser amada sem ter medo.

O coração de Valentin se pudesse escolher um instante para parar seria aquele momento, pois percebera o tamanho do amor que a mulher em sua frente sentia por ele, e o amor que ela sentiu por seu irmão.

–Me perdoe – ele murmurou – me perdoe por ter acreditado que..

–Não diga mais nada – disse ao colocar o seu dedo indicado em seus lábios – será apenas nós dois de agora em diante. Vamos fazer o possível para sermos feliz.

–Não precisamos porque seremos – anunciou ao beijar os seus lábios. Beijaram-se com um sentimento repleto de promessa e reciprocidade. Pela primeira vez ambos haviam decidido se darem uma chance e seguir em frente, não importando o que pudessem atingi-los, pois possuíam um ao outro.

***

Alejandro acenou para Vanda ao vê-la sentada atrás da mesa no andar da presidência do hotel. Caminhou ate a sua mesa, sentando-se na beirada com um sorriso na face.

–Acho que não precisamos mais nos preocupar com eles – disse contente ao segurar uma de suas mãos – enfim eles se encontraram.

–Valentin e Jessy?

–Sim – assentiu – admito que estava com medo do que ele poderia fazer, mas sei que ela estará ao seu lado.

–Então deu tudo certo?

–Sim, mas o que houve no hotel? Vi alguns funcionários correndo pelo saguão.

–Uma mulher caiu nas escadas. Já está tudo resolvido. – Alejandro olhou amorosamente para Vanda sem imaginar os problemas que viriam a seguir.

***

Valentin apoiou-se no cotovelo ao olhar para a face de Jessy adormecida ao seu lado. Sorriu como um bobo ao acariciar o rosto dela levemente. Com cuidado esqueirou-se para fora da cama sem perceber o olhar que pousava sobre si.

–Onde vai? – Jessy indagou ao vê-lo se levantar da cama.

–Eu...

–Ia fazer algo sem falar comigo, não é? – perguntou com um sorriso sereno na face – me dê um minuto e vamos juntos.

–Jessy...

–Sei o que irá falar, mas nada me fará mudar de ideia – disse segura ao se levantar da cama e ir em direção ao banheiro com seus pensamentos envoltos no que acontecera no terraço.

Segunda chance para viver 1

Segunda chance para viver 2

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