Valentin tamborilava as mãos sob a mesa, inquieto. Ele ainda se perguntava sobre a melhor forma de encerrar o assunto do casamento sem prejudicar os hotéis e sem entristecer a mulher que amava. Seus pensamentos encontravam-se tumultuados ao escutar a porta de sua sala se abrir. Olhou curioso para o seu visitante esperando ver Jessy, entretanto a mulher que passara pela sua porta acabou sendo a ultima que desejava ver. Luiza sorriu ao abrir a porta da sala de Valentin. Um sorriso genuíno.
–Agora é oficial.
–O que? Meu desprezo por você? – disse sério ao estranhar o semblante tranquilo dela – o que veio fazer aqui?
–Vim para que me leve para jantar, afinal sou sua noiva.
–Minha noiva – repetiu em um murmuro – fico impressionado por chegar a conclusões tão absurdas com a minha mãe. – levantou-se se dirigindo para a saída, entretanto não demorou para sentir as mãos dela em seu braço – o que foi? Sabe tão bem quanto a desprezo.
–O casamento irá acontecer. Sabe disso, não é?
–Não vou mais me casar.
–Esta brincando comigo?
–Estou sendo sincero como sempre fui.
–Como pode cancelar o casamento agora? Se fizer isso..
–O que? O que pretende fazer? Diga-me, pois estou muito curioso.
–Encerrarei todos os investimentos com este hotel.
–Faça – tornou sério ao se desvencilhar dela – posso conseguir investidores melhores, este nunca foi o problema.
–Então porque aceitou este casamento?
–Porque eu não tinha encontrado nada pelo que lutar. – disse por fim deixando Luiza sem reação para trás. – Vanda, estou indo embora – falou ao apressar-se ao ir ate o elevador.
As mãos de Luiza tremiam de raiva enquanto em sua face um sorriso descontrolado tomava posse.
–Como ele ousa fazer isso comigo? – murmurou ao pegar o seu aparelho celular – Sou eu, Luiza. Sabia que Valentin pretende cancelar o casamento? Exatamente. Saiba que se ele fizer isso farei de tudo para que seus investimentos sejam reduzidos a 60%. Pode não parecer muito a principio... fico feliz que tenha compreendido a situação. Espero que a resolva – disse antes de desligar – Vamos ver como irá escapar, Valentin.
***
Grace jogou o seu celular no chão sem importar-se. Ela não conseguia acreditar no que Luiza havia acabado de lhe contar. Prestes a perder o controle, resolveu fazer o que sabia de melhor. Ameaçar.
***
Assim que abriu a porta de seu apartamento, Jessy deixou-se cair no chão frio. Por mais que ela pensasse em algo para desmentir a afirmação da mulher, não conseguia, pois tudo direcionava contra Valentin. Permaneceu no chão na mesma posição por longos minutos, ate se dar conta do inevitável. Ela nunca poderia tê-lo.
–Fui realmente uma tola.. uma tola por ter acredito que desta vez eu poderia ser feliz. O que poderia esperar? Ele é um Magno, e como tal não deve se envolver com pessoas... como eu – murmurou.
***
Valentin suspirou após abrir a porta do apartamento e ver a sua mãe encará-lo com frieza. Afrouxou a gravata a medida que caminhava ate ela, sentando-se no sofá próximo.
–Imagino que me chamou por Luiza. Estou certo?
–Afaste-se dela – Grace falou direta ao encará-lo friamente – seu irmão morreu por essa mulher, como ousa cometer o mesmo erro? Como ousa se envolver com a causadora da destruição desta família?
–Não pode estar falando seriamente – murmurou pasmo.
–Sabe tão bem quanto eu, que Victor morreu por ela largá-lo. É isso que deseja? Deseja também a morte?
–Do que esta falando?
–Sei que tem se envolvido com Jessy Smiths, a culpada pela morte de seu irmão.
–Então esteve me vigiando durante esse tempo todo.
–Voce é meu filho.
–Seu filho, não seu escravo que precisa ficar sendo vigiado – vociferou incrédulo. – vai me dizer que também esteve vigiando-a?
–É claro.
–A que ponto chegou? Esta tão desesperada para controlar a todos que não percebeu ter perdido o controle sobre si mesma?
–Vocês não devem ficar juntos. É tão difícil assim? Apenas faça o que estou dizendo. Case-se com Luiza e esqueça-a.
–Não posso abrir mão dela.
–O que ela tem de tão especial para acabar com a vida de meus dois filhos?
–Ela apenas nos mostrou algo que nunca tínhamos visto antes: calor humano – disse sério ao levantar-se – eu escolho Jessy Smiths. Não peço que entenda ou que seja a favor, mas não nos atrapalhe. Já temos nossos próprios fantasmas para lidar.
–É a primeira vez que lhe aviso, e lembre-se que na segunda não há volta. Se continuar com ela, eu lhe juro que não haverá uma segunda vez para vocês dois.
–Esta me ameaçando?
–A você? Não, estou ameaçando Jessy Smiths – declarou em alto e bom som – se continuar a vê-la, irei fazer o possível para que ela não nos atrapalhe.
–Só pode estar louca.
–Sim, sou uma mãe zelosa e uma empresária. Se isso for ser louca, então me chame de louca.
–Não farei o que deseja.
–Veremos. Irei lhe dar uma demonstração do que sou capaz.
–Se a machucar...
–O que irá fazer? – perguntou sorrindo ao vê-lo inexpressivo – lhe conheço mais do que conhecia Victor. Você é racional, prudente e maduro, e por isso tenho certeza que fará a melhor opção.
–Como pode agir assim com seu filho?
–Faço isso porque sou sua mãe. Seu noivado já esta sendo anunciado, aproveite e termine com ela antes que algo de ruim lhe aconteça. – Valentin não conseguiu dizer nada. Sua voz não saia e seu pensamento ainda não havia processado o que estava acontecendo a sua frente. Pela primeira vez ele percebera o lado cruel de sua mãe, um lado que apenas Victor havia presenciado. “Será que isto também motivou você a querer fugir disto tudo, meu irmão?” Valentin se perguntou ao olhar a mulher, agora, desconhecida para ele.
***
O caminho percorrido por Jessy nunca fora tão sem graça e vazio como naquele dia. Ela caminhava em direção ao hotel como se caminhasse para a sua sentença de morte. Já estava próxima ao hotel quando parou em frente a um sinal verde. Ao ver o sinal mudar para o vermelho, atravessou sem perceber uma moto que ia em sua direção. Antes que percebesse escutou um barulho, e ao se virar sentiu apenas o seu corpo cair no chão. Ela não sentiu dor, apenas não conseguiu sentir nada, pois antes que pudesse perceber alguma coisa já encontrava-se estendida no chão com os olhos fechados.
***
O telefone tocou incontáveis vezes ate Vanda atender sem antes soltar um impropério. A medida que escutava o que havia acontecido, sentia o sangue sumir de sua face. Anotou o nome do hospital e desligou saindo apressada ate a sala de Valentin. Pela primeira desde que começara a trabalhar para ele, entrou sem bater na porta.
–Aconteceu algo com Jessy – disse ofegante.
***
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Segunda Chance(Completo)
🥰 Amei...