Segunda Chance(Completo) romance Capítulo 38

Todo o cômodo da sala encontrava-se no escuro. Nada podia ser vislumbrado na escuridão, as janelas encontravam-se fechadas e nenhuma luz estava ligada. Apenas um homem podia ser encontrado sentado no sofá com os olhos abertos, enquanto sua mente trabalhava incansavelmente. Valentin deixou o copo, com o resto do uísque, cair no chão. Ele estava confuso e cada vez mais absorto pela situação que criara. Sua mãe não havia o deixado em paz durante a semana, enquanto Luiza apenas se mantinha constantemente em sua frente, sempre lhe procurando e indo atrás dele. Ao recordar-se levou a mão aos cabelos, bagunçando-os ainda mais. Permaneceu quieto apesar de escutar o barulho da campainha repetidas vezes. Com grande esforço, levantou-se e foi ate o interfone e ao escutar a voz de seu amigo, suspirou. Apertou o botão permitindo a sua entrada, abriu a porta e retornou ao sofá.

Alejandro entrou na casa de Valentin não demorando para perceber o clima que seu amigo se encontrava.

–Virou um zumbi? – Alejandro perguntou ao fazer uma careta assim que se acostumou com a escuridão – porque esta vivendo assim? Dá trabalho ser seu amigo – resmungou ao ir em direção a janela, esbarrando-se em inúmeros objetos pelo caminho. Assim que sentiu o tecido da cortina, a abriu deixando que o sol do fim de tarde penetrasse no ambiente. Voltou a sua atenção para seu amigo ficando frustrado ao vê-lo em estado tão lamentável – você esta péssimo.

–Já imaginava. Veio aqui para em dizer o obvio? – tornou sem bom humor ao fechar os olhos.

–Parece que sim – respondeu sorrindo levemente ao sentar-se próximo a janela – diga-me, o que esta acontecendo?

–Do que esta falando?

–Você sumiu durante todo o final de semana. Estava preocupado.

–Minha mãe ligou para você?

–Não – negou ao olhar com curiosidade para ele – esta assim por causa dela?

–Minha mãe nunca representou um problema para mim – confessou – engraçado é que todos achavam que eu era seu capacho.

–E não era?

–Não – negou com um sorriso na face – apenas nunca tive nada na vida para me apegar a ponto de confrontá-la como Victor.

Flashback on

Apesar de possuírem seus vinte e dois anos, Victor e Valentin já demonstravam serem inseparáveis apesar de suas personalidades tão diferentes. Já havia se passado dois meses desde que Valentin começara a trabalhar na presidência do hotel Magno sobre a supervisão de sua mãe, Grace, enquanto Victor acreditava fortemente em seu desejo de se afastar dela.

–Não aguento mais isso – Victor desabafou ao entrar no escritório do hotel Magno em Nova York. Sentou-se na cadeira em frente a Valentin e quase sorriu ao ver a expressão de seu irmão – não sei como consegue fazer tudo o que ela quer sem reclamar. Ela acha que pode mandar em tudo e todos. Isso é insuportável.

–Eu sei – assentiu ao parar de trabalhar e olhar para o seu irmão com carinho – mas não esta exagerando? Qual foi o motivo da briga desta vez?

–O que acha? Ela quer que eu seja como você – bufou.

–Porque não tenta?

–O QUE? Esta louco?

–Porque não troca de lugar comigo por uns dois dias e vê se gosta? Obviamente veria na agenda dias em que não teria nada importante. O que acha?

Victor olhou para curioso para Valentin, já estava prestes a recusar quando um sorriso travesso surgiu em seus lábios.

–Muito bem, eu aceito.

–Não vale fazer confusão – advertiu sorrindo.

–Eu sei, não se preocupe. O que fará sendo eu?

–Ainda não pensei nisso – tornou pensativo – o que me aconselha a fazer?

–Poderia viajar. O que acha? Poderia ir escalar ou acampar em algum lugar.

–Vic, não sou você – respondeu sorridente ao se levantar e retirar o paletó – mas acho que viajar não será uma ideia ruim. Faz tempo em que não faço isso por lazer.

–Isso. Prometo me comportar, enquanto tira alguns dias de folga. – prometeu ao se levantar e parar ao lado de seu irmão – é sempre estranho – disse ao olhar para Valentin – toda a vez em que te olho, me vejo. Não acha estranho?

–Não – negou – sempre que lhe vejo, vejo a mim mesmo, e isso.. é algo que ninguém pode ter, apenas nós dois. – sorriu ao ver o modo acanhado de Victor.

–Esta ficando amolecido com o passar dos anos.

–Apenas com meu irmão – sorriu ao bagunçar o cabelo de Victor – vou olhar a minha agenda e trocamos de lugar, esta bem?

–Certo, mas Val, me diga porque acata tudo o que nossa mãe fala?

–Porque não me apego a nada. – esclareceu – não consigo me prender a nada e por isso, não vejo motivos para lutar contra ela.

–Então quando isso acontecer, a senhora Grace deve ter cuidado, pois acho que será pior que eu.

–Talvez – falou ao retornar a sua cadeira. Olhou com carinho para o seu irmão e retornou ao seu trabalho – “ A única pessoa que sou apegado é a você, meu irmão. Enquanto ela não interferir nisso, estarei bem” pensou.

Flahback off

–Então porque esta assim?

–Porque estou perdido – levantou-se cambaleante indo em direção ao bar, próximo a cozinha. Pegou a garrafa de uísque e sem importar-se a levou aos lábios, sorvendo o liquido fazendo uma careta em seguida ao sentir descer pela sua garganta – o que eu deveria fazer? Como saber se o que esta fazendo é o que quero ou apenas um modo de me vingar?..

–Você e Jessy tiveram algo?

–Sempre direto – sussurrou – porque tudo é sobre ela? Minha vida não gira em torno daquela mulher.

–Obviamente que não – sorriu levemente ao observar os gestos de Valentin – mas diga-me, o que houve? Sabe que pode ser sincero comigo.

–Eu sei disso, e é isso que me deixa temeroso. Nunca confiei em ninguém que não fosse Victor.

–Eu sei. É frustrante, não é?

–Sim, muito. – assentiu ao sentar-se onde estava anteriormente – mas porque veio?

–Estava preocupado. Simples assim.

–Tem visto Jessy Smiths?

–Não trabalho no hotel Magno – sorriu ao ajeitar a mão em seu colo – mas pelo que Vanda me contou, esta tudo bem.

Calor que emana 1

Calor que emana 2

Calor que emana 3

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