Após o banho, Nicole arrumou algumas peças de roupa no armário. Esboçava um sorriso sempre que escutava as gargalhadas do filho no quarto ao lado. Ela sabia que não poderia evitar essa aproximação.
― Nicky! ― O tom grave surgiu após algumas batidas na porta. ― Posso entrar?
― Entre!
Nicole caminhou até a janela colonial de madeira e abriu a cortina assim que Alexander passou pela porta.
― Você já vai?
― Não! Eu pedi uma pizza, espero que não se importe.
― Meu filho e eu não comemos pizza durante a semana.
― Ele é nosso filho, Nicky! ― Os lábios pressionaram em uma linha fina. ― Nosso!
― Há alguns dias, você não sabia da existência do Alex e agora você aparece e do nada pede pizza, fala que vai comprar uma casa e dá esperança ao “nosso filho”. ― Fez sinal de aspas com os dedos. ― E se você for embora de novo?
― Eu não vou!
― E se algo der errado como da última vez?
Nicole virou a cabeça para a janela.
― Alguém pode se machucar. Não quero que meu filho sofra.
― Confie em mim, só desta vez! ― O olhar apertado perscrutou Nicole.
― Pensarei no seu caso ― balbuciou. ― Farei isso pelo meu filho.
Nicole lidava com o melhor e o pior da família Bittencourt, mas o otimismo sobrepunha o medo e a incentivava a esperar o melhor dele como pai.
― Mãe, posso ir até o jardim enquanto a pizza não chega? ― A criança entrou de surpresa no quarto.
― Alex, você precisa fazer o dever de casa e descansar um pouco. ― A voz serena de Nicole disfarçou. ― Além disso, você sabe que não comemos pizza em dias da semana.
― Tia Jenny pede pizza quando eu… ― levou a mão à boca ao perceber que entregou a madrinha ― ela vai me matar.
― Preciso conversar com a Jenny sobre isso.
― Só hoje, Nicky! ― Alexander intercedeu.
― Certo! São dois contra um. ― Nicole cedeu. ― Só hoje! Daqui a pouco faremos o seu dever de casa de Matemática.
― O.k., mãe! ― O menino saiu apressado em direção à porta.
― Posso tomar um banho? ― O olhar enervante parecia enxergar a alma dela. ― Aqui no Rio é muito quente.
― Claro! Vou pegar toalhas limpas ― Piscou e em seguida foi até o guarda-roupa.
Ele atravessou os dedos nos fios curtos quando Nicole se aproximou. Observou as mãos trêmulas quando ela estendeu a mão e lhe entregou a toalha.
― Obrigado! ― Segurou a mão dela e verificou o pulso.
― Você tem que parar de fazer isso! ― Puxou a mão.
― Tudo bem! ― Encaminhou-se para a porta e virou. ― Eu também amo você!
Nicole sentou na ponta da cama de ferro vermelha logo que Alexander saiu do quarto. Por mais que ele confessasse que ainda a amava, ela ainda estava magoada.
Eram quase 7 horas da noite depois que Alexander leu uma das histórias dos quadrinhos do Homem-Morcego. Ele ficou por ali até que o menino adormecesse. Apagou a luz e fechou a porta sem fazer barulho. Deu alguns passos pelo estreito corredor até o quarto de Nicole, bateu à porta e entrou. Olhou o tecido da camisola preta que deslizava pelas curvas do corpo dela até o joelho.
― O que faz aqui?
Nicole pegou um dos travesseiros e colocou em frente ao corpo.
― Nicky, você não está nua. ― Apontou para o corpo escondido atrás do travesseiro. ― Alex já está dormindo.
― Está tarde! ― Evitou olhar para ele. ― Já vai?
― Talvez! Você quer que eu fique?
― Não!
― Tem certeza? ― Chegou mais perto e sentiu o aroma doce de baunilha ao beijar-lhe os cabelos. ― Quero você!
― Eu não quero!
Alexander a deitou sobre a cama, o polegar deslizou por toda extensão dos lábios.
― Sim, você quer! ― Roçou o nariz contra o dela.
O toque do celular os interrompeu. Ele sentou na cama, pegou o aparelho e ignorou a chamada. Não estava pronto para ser totalmente sincero sobre sua vida na França, tratou de evitar as persistentes ligações de Josephiné. Saiu de perto dela na terceira vez que o telefone tocou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Só Minha! Volume 1 da Trilogia Doce Desejo