Só Minha! Volume 1 da Trilogia Doce Desejo romance Capítulo 16

Depois de tomar algumas decisões, Nicole deu instruções à gerente da loja. Redigiu a carta, imprimiu e assinou. Despediu-se da colega de trabalho que não parou de piscar ao ver o homem que esperava do lado de fora da loja. Alexander olhou para a esposa e mostrou os dentes alinhados e brilhantes.

― Nicky, eu estou com fome! Que tal comida japonesa?

Deu um beijinho leve quando ela se aproximou.

― Nunca comi.

― Eu vi um restaurante em Copacabana, parece bom! Vou te levar pra comer o melhor sushi da sua vida.

Antes de dar a partida no carro, Alexander ajeitou o cinto de segurança, olhou para Nicole que falava sobre alguns restaurantes ali perto.

― Você vai gostar! ― fitou o decote arredondado do vestido azul que Nicole usava. ― Coloque o cinto.

Apesar de estar curiosa para experimentar, Nicole tinha receio de não apreciar a iguaria, todavia Alexander insistia em dizer o quanto a culinária oriental era deliciosa.

Nokanto Sushi era um restaurante com um charmoso espaço e uma decoração original e individualista. Alexander abriu a porta e permitiu que Nicole entrasse.

― Irashaimase!

O funcionário os recepcionou com um grito. Nicole levou a mão ao peito e recuou.

― Não se preocupe, Nicky!

Alexander apenas acenou positivamente com a cabeça para o funcionário que os recebia.

― Ele está nos desejando as boas-vindas.

O recepcionista do restaurante os conduziu ao segundo andar. Nicole ia pisar no tatame e sentiu Alexander segurá-la pelo braço.

― Nicky, precisamos tirar os sapatos.

― Desculpe, eu não sabia!

― Não tem problema! Isso faz parte da cultura oriental. Aqui nós podemos tirar os sapatos, como se estivéssemos pisando no chão da nossa casa.

Alexander tirou um dos sapatos e a incentivou a remover o salto scarpin preto. Caminharam até uma das pequenas mesas de madeira maciça próximo a um dos painéis iluminados que decoravam o ambiente.

Ela se sentou sobre duas almofadas pretas e vermelhas e ficou admirando o restaurante enquanto, Alexander se ajeitava do outro lado da mesa. Um dos funcionários do restaurante se aproximou e entregou duas pequenas toalhas quentes.

― O que eu faço com isso? ― Ela trocava a toalha de uma mão para outra. ― Está muito quente!

― É para limpar a mão. Depois que você limpar, é só colocar a toalha de volta à mesa, sem dobrar. ― Deu um sorriso encorajador. ― Você gostou? É um ambiente bastante intimista!

― Sim! ― Ela fez a assepsia das mãos com o pano quente e colocou sobre a mesa. ― Aqui é bem aconchegante.

Nicole admirou a ambientação com plantas que davam vida ao lugar e reparou no piso vinílico que imitava a madeira. O atendente se aproximou e sugeriu alguns pratos. Alexander fez o pedido.

― Será que a comida é tão boa quanto a decoração?

As mãos trêmulas de Nicole mexeram em um dos hashis de madeira sobre a mesa.

― Fica tranquila! Eu pedi que nos servissem Sashimi.

― Tem camarão?

― Não, não tem! Você é alérgica a camarão, por isso o nosso Sashimi virá com algumas fatias de peixes.

Elevou uma sobrancelha ao encará-lo, não esperava que ele lembrasse, mesmo depois de tantos anos, sobre sua alergia a algum dos frutos do mar.

― Você vai gostar! ― Esboçou um sorriso afetuoso.

O atendente se aproximou com uma travessa em formato de barca, o recipiente era decorado com algumas fatias de peixe fresco cru. Colocou duas tigelas sobre a mesa com shoyu e wasabi e dois copos de saquê.

― Não se preocupe! ― Ele pegou uma fatia de maguro com o hashi, mergulhou no molho shoyu e se aproximou da boca de Nicole. ― Experimente!

― Hummm! ― Sussurrou quando comeu a primeira fatia e mastigou por alguns segundos. Pegou um dos guardanapos e levou até a boca. ― Delicioso!

Nicole experimentou o saquê e sorriu para Alexander ao mesmo tempo em que ele se servia de outra fatia de peixe.

― Você não vai comer? ― Fez um gesto em direção a travessa e limpou a boca com o guardanapo branco.

― Sim, mas eu prefiro comer com talheres.

Segurando o hashi com certa dificuldade, ela pegou uma das fatias de peixe e deixou cair. Alexander conteve o riso ao ver a forma desajeitada com a qual ela pegava a comida com os dois palitinhos.

― Segure o hashi deste jeito. ― Ele colocou os palitinhos entres os dedos. ― Do centro para cima.

Mesmo não tendo prática, ela segurou os palitos do jeito que Alexander ensinou e se animou quando conseguiu pegar uma fatia de sake.

― Que peixe é esse? ― Observou antes de levar a boca.

― Salmão. É uma delícia!

Nicole estava prestes a mergulhar o peixe no recipiente com uma pasta verde, ele a impediu.

― O wasabi é picante. Até onde eu lembro, você odeia temperos picantes.

― E qual é o nome desse molho delicioso? ― Mergulhou o salmão no líquido preto.

― Molho Shoyu.

Alexander esqueceu de como era gostoso estar ao lado de alguém que transferia boas energias, era como se o coração carregasse com sentimentos positivos. Ele apreciou o jeito como ela sorria, não queria perder aquilo de novo.

Ao terminar a refeição, ele levantou uma das mãos e solicitou a conta a um dos funcionários. De cabeça baixa, mexeu no celular e, em seguida, pegou a carteira.

― Alexander! ― A mão macia tocou o ombro largo e massageou. ― Que coincidência!

Ele cerrou os olhos ao reconhecer o som da voz anasalada. Tossiu e levou o guardanapo até a boca para se recompor.

― Você está melhor? ― Nicole olhou da bela mulher ruiva para Alexander. ― Aqui, beba um pouco!― Entregou o saquê.

― Sim, estou! ― Franziu a testa. Os claros se comprimiam ao olhar para Isabella. ― Oi, como você está?

― Estou bem!

Os lábios pequenos delineados por um batom vermelho mostraram dentes brancos.

― Estou aqui com a minha mãe. Vamos almoçar com a amiga dela. ― Isabella apontou na direção da mesa em que Julliet a aguardava.

Em silêncio, Nicole observou o corpo enxuto da jovem bem afeiçoada. Os cabelos eram como fogueira flamejantes, brilhavam com a iluminação do ambiente. Os olhos, cor de topázio, davam charme e beleza ao rosto oval com algumas sardas. Todas as vezes que Isabella falava sobre algum assunto acerca do trabalho, tocava no ombro dele.

― Nicky, essa é uma amiga que trabalhou comigo no hospital Saint-Mary, na França. ― Segurou a mão esquerda de Nicole com a aliança. ― Isabella, esta é a minha esposa!

― Então, você é a famosa Nicky? ― indagou em tom irônico. Estendeu a mão na direção de Nicole. ― O Alexander falava tanto de você que eu sinto como se já te conhecesse.

― É bom conhecer você também, Isabella! Também ouvi falar de você.

Todos pararam o que faziam ao ouvir uma senhora que se exaltava e brigava com um dos funcionários, ela se recusava a tirar o elegante salto alto. Sem paciência, Louise subiu as escadas e acenou com a mão direita ao avistar Isabella em pé próximo à mesa de Alexander.

― Isabella, minha querida! Desculpe o atraso. Acabei de sair do cabeleireiro e peguei uma retenção no trânsito.

Louise mexeu no corte chanel na altura da linha do queixo e voltou a atenção para Alexander.

― Olha que coincidência, filho! Não esperava encontrar você por aqui. Só pode ser obra do destino. ― Sorriu com um ar de contentamento. ― Isabella podia trabalhar lá no hospital, ela tem ótimas recomendações como cardiologista

― Conheço o trabalho dela! ― Alexander levou a mão ao pescoço. ― Envie suas informações para o e-mail do hospital aos cuidados do Dr Ricardo. ― Entregou o cartão que tirou da carteira.

― Doutor Ricardo é meu esposo. ― Louise interrompeu.

Nicole olhou para as mãos entrelaçadas sobre a mesa. Não tinha coragem de encarar a sogra e muito menos a mulher que mais parecia uma modelo. Levantou a cabeça, olhou de esguelha para a forma como Isabella se movia no tecido do vestido midi que valorizou a silhueta magra e exibiu as belas curvas do silicone no decote em V.

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