Entrar Via

Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 107

A tão esperada sexta-feira havia finalmente chegado, trazendo com ela não só a antecipação do fim de semana, mas também uma carga extra de estresse no trabalho. Chegando à empresa quinze minutos antes do horário, Marina depara-se com uma pilha de documentos em sua mesa, todos aguardando revisão ainda naquele dia. Ela suspira, estreitando os olhos ao reconhecer a assinatura inconfundível de Victor nessa sobrecarga.

Sem uma palavra de queixa, coloca a bolsa ao lado da mesa, liga o computador e se prepara para enfrentar a maratona de trabalho que a aguarda. À medida que as horas passam, se vê imersa nos documentos, com o tempo parecendo escapar por entre os dedos.

Sabe que qualquer atraso poderia ser usado como pretexto por Victor para criticá-la, então decide encurtar o horário de almoço para apenas vinte minutos, voltando apressada à sua mesa. Ela mantém o ritmo, revisando cada linha, cada detalhe, até que, quando o relógio marca cinco horas da tarde, termina finalmente o último documento. Sentindo um alívio por estar no prazo, desliga o computador, ajeita a mesa e se levanta.

Tudo o que quer agora é ir para casa, tomar um banho demorado e lavar o cabelo para o tão aguardado fim de semana com Sávio, que combinou de passar em sua casa às sete e meia. Ela caminha em direção ao elevador, com a mente já imaginando a tranquilidade que a esperava. Aperta o botão e espera a porta se abrir, mas a demora parece eterna. Quando olha para o lado, vê Victor saindo do seu escritório.

— Droga — murmura para si mesma, desviando o olhar, torcendo para que ele simplesmente a ignore e siga seu caminho. Mas Victor caminha em sua direção e para ao seu lado. Quando ele está próximo, ela sente o ar ficar denso, seguido de uma tensão quase evidente.

Victor a observa com um olhar intenso, seus olhos varrem o rosto dela em busca de algum sinal de cansaço ou hesitação.

— Marina — ele a chama com um tom sério, quebrando o silêncio, enquanto o som do elevador parece cada vez mais distante.

Ela respira fundo, tentando manter o controle.

— Sim? — responde, evitando olhá-lo diretamente, seus olhos estão fixos na porta do elevador.

Ele cruza os braços, deixando um leve sorriso irônico surgir em seus lábios.

— Vejo que conseguiu lidar bem com o trabalho extra — comenta, com um tom ambíguo, como se estivesse esperando alguma reação dela.

— Era o que esperava que eu fizesse, certo? — diz, mantendo a voz calma, mas sem esconder o toque de exaustão.

Victor a observa por mais um instante, e o seu sorriso desaparece lentamente, substituído por uma expressão indecifrável.

— Imagino que você esteja ansiosa para o fim de semana — ele diz, em um tom casual que contrasta com a intensidade em seu olhar.

— Estou, sim. E com licença, porque meu elevador chegou — responde Marina, dando um passo para frente quando a porta se abre.

Pensando haver se livrado de Victor, Marina aperta o botão do hall e aguarda que a porta do elevador se feche. Mas, no último instante, a mão dele surge, impedindo que a porta se feche completamente. Ele entra no elevador, seus olhos fixos e firmes emanam aquela presença imponente que a deixa inquieta.

Sem dizer nada, Victor aperta o botão do estacionamento, e o silêncio no pequeno espaço se torna quase tangível. Ele lança um olhar discreto para Marina, que começa a se sentir cada vez mais desconfortável com a proximidade inesperada.

— Posso te levar para casa? — ele sugere, com o tom de voz suave, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Marina o encara com um olhar descrente, como se não pudesse acreditar no que acabara de ouvir.

— Acha mesmo que vou cair nessa? — retruca, desafiando-o.

Victor mantém a seriedade, encarando-a diretamente.

— Estou falando sério — declara firme.

— Sinto muito, mas não acredito em você. Sei bem o tipo de joguinho que gosta de fazer. Se eu aceitar, vai me levar para o fim do mundo, só para que eu chegue tarde em casa — responde, convicta.

— Seja sincero, Victor. No meu primeiro dia de trabalho, você apareceu na padaria dos meus pais com um humor terrível. Tenho certeza de que não foi por mim.

Victor suspira, uma breve lembrança do dia em que a conheceu surge em sua mente. Jamais imaginou que aquela jovem de olhar atrevido que o enfrentara com firmeza na padaria se tornaria o centro de seus pensamentos.

— Meu humor é assim o tempo todo — rebate com um sorriso cínico.

Ela revira os olhos, mas também sorri, percebendo o jogo dele.

— É, sei bem disso, mas naquele dia você estava além do seu normal… parecia irritado de verdade — comenta, observando-o atentamente.

Victor hesita por um segundo antes de responder a verdade:

— Estou procurando por uma pessoa — diz, finalmente.

Marina fica intrigada e, com o rosto inclinado, pede mais detalhes:

— Uma pessoa? — repete Marina. — Moro lá desde que nasci, então… por que não me conta quem é? Talvez eu possa ajudar — sugere, inclinando-se levemente na direção dele, com a curiosidade evidente em seu olhar.

Victor a observa por alguns instantes, a intensidade em seus olhos revela uma luta interna. A verdade lateja em sua mente e ele hesita, o rosto se torna uma máscara pensativa enquanto decide até onde deve revelar seus motivos. Em meio ao silêncio, ele parece calcular cuidadosamente suas palavras, medindo o impacto de cada uma antes de serem ditas.

— A amante do meu pai — revela.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)