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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 108

Os olhos de Marina fixam-se nos de Victor, buscando uma resposta. O olhar curioso deixa claro que quer entender até onde vai a verdade nas palavras dele. Queria saber se ele está sendo sincero ou apenas jogando mais um dos seus jogos. Mas a expressão séria e firme que ele mantém; não parece dar espaço para brincadeiras.

Percebendo que ele a observa em silêncio, Marina sente um calor subir pelo rosto, se dando conta de que talvez suas perguntas tenham sido mais invasivas do que pretendia. Um rubor discreto surge em suas bochechas e desvia o olhar, sentindo o constrangimento se instalar.

Victor, no entanto, nota o silêncio dela e, contrariando o que imaginara, percebe que Marina não o bombardeia de perguntas como esperava.

— O que foi? — ele pergunta, com a voz baixa e um toque de incerteza evidente.

— Não é nada… — Marina murmura, desviando o olhar novamente, mas o desconforto é evidente. — Talvez eu tenha perguntado sobre algo que não era da minha conta, não é? — acrescenta, sentindo o peso do olhar dele que parecia ver além de sua pele.

— Não se preocupe com isso — responde Victor, mantendo um tom sereno e controlado. — Eu disse que te contaria se viesse comigo, e estou cumprindo minha palavra — acrescenta, sem traço de irritação.

Surpresa pela disposição de Victor em compartilhar algo tão pessoal, hesita por um instante, mas acaba se rendendo à curiosidade que cresce em seu peito.

— E você sabe o nome dela? Ou qualquer outra coisa que ajude? — questiona, com voz suave, mas ainda carregada de curiosidade.

Victor suspira profundamente, o olhar distante contrasta com as palavras que parecem se formar com dificuldade.

— Não, não sei o nome dela. A única coisa que sei é que ela é do seu bairro… e jovem, como você — comenta, enquanto seus lábios formam uma linha de desaprovação e os olhos assumem uma sombra de desgosto.

— Jovem? — Marina repete, com a expressão surpresa refletindo em seu rosto. — Está me dizendo que seu pai tem uma amante mais nova que os próprios filhos?

A expressão de perplexidade em seu rosto é inconfundível. É difícil imaginar Xavier Ferraz, um homem que já passou dos cinquenta, envolvido com alguém tão jovem. A ideia é desconcertante e parece pesar em sua mente, mas Marina escolhe não se demorar muito sobre o assunto, temendo o impacto que essa descoberta poderia ter.

Percebendo o choque estampado nos olhos de Marina, ele deixa escapar um sorriso irônico.

— Ainda bem que não sou só eu que acho isso escandaloso — comenta, e seus lábios repuxam-se em um sorriso sombrio.

Marina reflete por um momento antes de perguntar:

— E o que vai fazer quando a encontrar?

Ele desvia o olhar, sua expressão se endurece, como se estivesse considerando opções nada gentis.

— Isso ficará nas mãos da minha mãe — responde com uma calma que contradiz o peso de suas palavras. — Estou fazendo isso por ela. Se fosse só por mim, já teria resolvido essa história de um jeito bem diferente.

Ao dizer isso, destrava finalmente a porta, porém seus olhos continuam firmes nos dela, transmitindo uma sinceridade que a pega de surpresa.

— Eu não sei por que está me dizendo isso, Victor, mas tudo vai dar certo — ela responde, com confiança em sua voz, suavizando o peso da conversa. — Por mais que você não acredite, eu amo o Sávio e estou confiante de que teremos um fim de semana maravilhoso. Sinto que, depois desses dias juntos, tudo ficará mais claro entre nós. Qualquer dúvida que eu possa ter desaparecerá.

— Quer dizer que você tem dúvidas em relação ao seu relacionamento? — comenta, percebendo que Marina acaba dizendo mais do que deveria.

Ela respira fundo, e um sorriso formal aparece em seu rosto.

— Não quero aprofundar nessa conversa. Obrigada pela carona, senhor Ferraz. E... boa sorte com a sua busca.

Marina abre a porta e sai do carro. Victor a observa por um instante antes de acelerar e desaparecer pela esquina. Ela observa o carro se afastar, mas, ao se virar para entrar na padaria dos pais, algo chama sua atenção. Seu olhar é atraído para o portão da casa de Andressa, agora feito de alumínio branco e reluzente, em nítido contraste com o antigo portão de ferro azul. Ela nota como a casa vem sendo reformada e modernizada nos últimos meses, algo que Andressa nunca teria condições de fazer por conta própria. O novo namorado, com certeza, estava investindo pesado nela e em seu lar. Marina para no meio do caminho, e seu rosto assume uma expressão perturbada.

As palavras de Victor ecoam em sua mente, como se trouxessem uma revelação inquietante: “Eu não sei o nome dela, mas sei que mora em seu bairro e é jovem, como você.” Sentindo um calafrio percorrer-lhe a espinha, uma intuição desconfortável começa a surgir.

— Não pode ser… — murmura para si mesma, tentando desviar aqueles pensamentos. Sua amiga seria incapaz de sair com um homem como Xavier, não seria?

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