Marina entra na padaria, cruzando o ambiente calmo, quase vazio naquela hora, seu olhar logo se volta para a cozinha. Ao entrar, encontra seu pai, sentado à mesa, segurando um copo de água, com os ombros levemente curvados e o semblante abatido.
— Pai, cheguei! — anuncia em voz suave, enquanto se aproxima.
Seu pai levanta os olhos, visivelmente surpreso com a presença dela tão cedo. Ele tenta disfarçar o cansaço com um sorriso breve, mas Marina nota o olhar fatigado que ele não consegue esconder.
— Oi, Mari, não sabia que chegaria tão cedo — ele diz, esforçando-se para levantar-se da cadeira com firmeza.
— Por que está com essa cara? Parece que algo aconteceu — ela insiste, preocupada.
José suspira e, com um sorriso cansado, passa a mão pelo rosto.
— Não é nada, querida. Só estava descansando um pouco. Hoje foi bem movimentado… sexta-feira, sabe como é — explica, tentando aliviar a tensão no rosto.
Marina observa o pai, mas vê que ele está se esforçando para parecer forte. Desde que ela era pequena, José sempre teve essa característica; nunca demonstrava cansaço ou fraqueza.
— Pai, a padaria está quase vazia agora. Por que não fecha mais cedo e descansa? É sexta-feira, pode se dar essa folga, vai por mim.
José ri, sacudindo a cabeça, mas logo desvia o olhar para a prateleira de pães, ainda com algumas fornadas quentinhas.
— Não posso fazer isso, Mari. Ainda tem pão na prateleira e não posso desperdiçar nada.
Ela suspira, frustrada pela obstinação do pai, mas, ao mesmo tempo, compreende sua dedicação.
— Pai, o senhor precisa descansar também. É humano, não uma máquina.
José estende a mão e toca o ombro dela com carinho.
— Sei disso, meu amor. Mas, agora, deixe de se preocupar com isso. Vá para casa, descanse um pouco antes de pegar a estrada com o Sávio. Aproveite esse final de semana, vocês merecem um tempo juntos.
Ela sorri, resignada, percebendo que insistir seria inútil. José sempre foi assim, e sabia que aquele comportamento fazia parte do orgulho dele.
— Tudo bem… Vou subir. Onde está a mamãe?
— Está lá em cima, na cozinha, preparando alguma coisa para você antes de ir.
Ela acena, sobe as escadas e encontra a mãe ocupada na cozinha.
— Oi, querida, você chegou mais cedo hoje — diz Daniela, sem desviar a atenção do que estava preparando.
— Pois é, o Victor me deu uma carona — revela, sem pensar muito nas implicações disso.
Daniela para por um instante e lança um olhar rápido e avaliador para a filha. Embora tente disfarçar, Marina percebe um certo desconforto na expressão da mãe, mas decide não comentar.
— Então… você está animada para essa viagem? — pergunta Daniela, mudando de assunto, enquanto serve um sanduíche e um copo de suco para ela.
— Um pouco — responde, hesitante, enquanto se senta à mesa. — Confesso que estou um pouco apreensiva, mas tudo vai dar certo. Sinto que esse final de semana será especial para nós.
— E será, com certeza! Vocês vão se divertir muito — Daniela diz com um sorriso encorajador. — Aproveite cada momento.
Marina morde o sanduíche, mas sua mente começa a vagar, e a lembrança da conversa com Victor volta à tona. Aquela situação oprimia seu coração, e não conseguia evitar se questionar sobre o que ele tinha lhe contado. Finalmente, decide tocar no assunto, mesmo sem saber ao certo por quê.
— Mãe… — começa, um pouco hesitante.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...