Joana se remexe na cadeira, visivelmente desconfortável com a situação.
Desde que começou a suspeitar das traições do marido, não consegue mais se concentrar em nada.
Aparentemente, tudo estava bem até que Xavier Ferraz começou a ficar distante, chegando tarde em casa ou, em algumas noites, nem voltando, alegando compromissos de trabalho e viagens de negócios. As suspeitas de Joana se tornaram inegáveis no dia em que, sem intenção, entrou de surpresa no escritório do marido e encontrou uma caixa com um luxuoso colar de diamantes. Ao lado, um cartão:
“Para a mulher que alegra as minhas noites”.
Sem querer estragar a suposta surpresa que achava ser para ela, Joana saiu discretamente. Indo ao salão de beleza, se preparar, acreditando que Xavier a convidaria para um jantar ou algo especial naquela noite.
A verdadeira surpresa ocorreu quando recebeu uma ligação do marido informando que teria que viajar por três dias para tratar de negócios. Frustrada e magoada, Joana permitiu que ele fosse, mas observou que a joia também havia ido com ele. Quando os dias se passaram e Xavier retornou, o colar desapareceu. Foi então que percebeu que ele o havia dado a outra mulher. Desde então, começou sua investigação. No entanto, temendo o escândalo que isso poderia gerar, confidenciou ao filho mais novo, Victor, que prometeu ajudá-la a descobrir quem era a amante do pai.
— Só tenho uma dúvida, mãe — comenta Victor, cruzando os braços e fitando Joana com um olhar atento. — O que você cogita fazer quando descobrir quem é a amante do meu pai?
Joana solta um suspiro profundo e seu olhar se torna gélido e distante.
— Ainda não sei exatamente o que farei com essa mulher — responde, com o tom carregado de frieza. — Mas posso garantir que a farei desaparecer das nossas vidas.
Victor estreita os olhos, claramente não convencido.
— E você acha mesmo que isso resolverá o problema? — pergunta ele, num tom desafiador. — O que garante que o papai não irá arrumar outra mulher?
O rosto de Joana se contorce de raiva, e ela solta a voz de maneira descontrolada, deixando evidente seu nervosismo.
— Não, ele não irá! — exclama, quase histérica, deixando a sua voz ecoar pela sala.
— Mãe, você está muito alterada — comenta Victor, tentando manter a calma. — Vou pedir que tragam algo para você beber.
Ele se levanta da cadeira e caminha até a mesa do irmão. Pegando o telefone, contata Marina, pedindo que ela traga dois chás. Quando termina de dar as instruções, volta a se sentar, observando a mãe com cautela.
— Então, me diga… Por que acha que ele não arrumará outra pessoa? — questiona, voltando ao assunto.
Joana solta um riso amargo.
— Porque isso nunca aconteceu antes! — confessa, revelando um tom de frustração. — Sei que é essa vadia quem está enfeitiçando o seu pai, e ele deve estar completamente encantado por ela!
Victor suspira, cansado da mesma conversa.
— Já disse que o melhor seria você falar diretamente com ele, mãe — insiste. — Vocês precisam ter uma conversa séria sobre isso.
Joana o encara, com os olhos faiscando.
— Para ele desmentir tudo e me fazer parecer a louca da história? — retruca com sarcasmo. — Não, Victor. Eu o confrontarei no momento certo, mas só quando tiver provas concretas.
— E o que fará depois? Vai se separar dele?
Sua mãe endireita a postura e balança a cabeça negativamente e com firmeza responde:
— Já disse que o divórcio está fora de questão — sua voz agora é firme e decidida. — Não vou deixar que um casamento de trinta e dois anos seja destruído por uma mulher que quer arruinar minha família — declara, articulando com as mãos. — O que nossos amigos diriam se soubessem de algo assim?
Victor revira os olhos, exasperado.
Marina, mantendo a compostura, responde com educação, embora sua paciência esteja no limite.
— Me perdoe, senhora, mas como eu disse, sou nova por aqui — fala com uma voz controlada, mantendo a cordialidade, apesar de concluir que nenhuma das duas pessoas à sua frente merece o seu respeito.
Joana sorri, mas é um sorriso frio, quase desdenhoso.
— Conversa fiada — retruca. — Aposto que, em vez de pesquisar sobre a empresa, ficou mais interessada nos meus filhos, não foi? — insinua, com veneno nas palavras.
Os olhos de Marina se estreitam por um breve instante, demonstrando o quanto a insinuação a incomodou, mas ela não hesita em responder.
— Não, senhora — diz, com firmeza, sem perder o tom educado. — Minha prioridade ao entrar nesta empresa foi entender minhas funções e afazeres.
Victor sorri de canto ao perceber que Marina não abaixa a cabeça nem mesmo para a mãe dele. No entanto, uma dúvida lhe ocorre: seria ela tão confiante por ter alguém que a protege?
Joana, no entanto, não se deixa abalar pela resposta direta de Marina e continua com sua postura superior.
— Espero que tenha pesquisado apenas isso, mesmo — continua, sem esconder sua arrogância. — Porque, se há uma coisa que eu jamais toleraria, seria uma funcionária qualquer tentar se insinuar para um dos meus filhos.
Os lábios de Marina tremem ligeiramente, mas ela mantém o olhar firme. Seu tom, ainda educado, agora carrega uma ponta de provocação.
— Fique tranquila, senhora Ferraz. Tenho certeza de que os seus filhos já são muito bem cuidados — responde Marina, sem hesitar, com um leve sorriso no rosto. — Meu único objetivo aqui é fazer meu trabalho com competência, não caçar marido.
Joana, claramente irritada com a resposta ousada, ajeita o corpo num gesto brusco. Jamais foi confrontada daquela maneira, ainda mais por uma jovem que deveria lhe tratar com respeito por ser uma funcionária ali.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...