Marina não suporta olhar mais um segundo para aquela cena. Com o coração em pedaços e as mãos trêmulas, caminha rapidamente de volta para o quarto. Lágrimas escorrem pelo seu rosto, e ela sente como se uma parte sua tivesse sido arrancada. A imagem de Sávio com outra mulher ainda martela em sua mente, e a sensação de traição é sufocante.
— Como ele teve coragem de mentir olhando nos meus olhos? — sussurra para si mesma, enquanto se esforça para conter o choro.
Com movimentos rápidos, começa a jogar suas roupas na mala, separando apenas o que precisará vestir para sair daquele lugar.
Assim que termina de arrumar tudo, pega o telefone e liga para a recepção, pedindo um carro. A resposta que recebe é um balde de água fria: não há veículos disponíveis para levá-la, dado o isolamento do resort.
Sentindo-se impotente, Marina olha para o celular, o nome de Andressa surge em sua mente, mas logo descarta a ideia de ligar para a amiga, sabendo que ela não poderia ajudar naquele momento. Seus dedos tremem ao percorrerem a tela do celular e se deparam com o nome de Victor. A voz dele ecoa em sua memória, dizendo que ela podia ligar caso algo desse errado. Relutante, pondera por um instante, mas, impulsionada pelo desespero, decide discar.
Em dois toques, a voz grave de Victor responde, fazendo um arrepio percorrer sua espinha.
— O que aconteceu, loirinha? — pergunta ele, direto, como se já soubesse que algo estava errado.
— Você tinha razão — sua voz sai trêmula, tentando conter as lágrimas. — Sávio é mesmo um canalha… me traiu enquanto dizia que me amava.
Há um silêncio breve do outro lado da linha antes de Victor responder, a voz dele está carregada de intensidade.
— Onde você está? — pergunta, com uma firmeza que a tranquiliza.
— Num resort, a quilômetros da cidade — explica, sem esperança.
— Mande-me a localização. Vou te buscar — ele afirma, determinado.
— Eu já disse que estou a uns trezentos quilômetros da cidade — repete, sem acreditar que ele iria até aquele lugar.
— Vai mesmo preferir ficar aí com ele? — pergunta, com uma pitada de sarcasmo atravessando seu tom de voz.
Ela engole seco, mas consciente de que sua única saída era aceitar a ajuda dele.
— Não, eu não quero ficar aqui — revela.
— Mande a localização e me espere na recepção, longe daquele idiota — Victor instrui com firmeza.
— Tudo bem — murmura, desligando a ligação em seguida.
Assim que envia a localização, ouve a porta do quarto abrir.
Sávio entra, com uma expressão relaxada, sem vestígios de culpa, como se nada tivesse acontecido. O cinismo dele e o jeito despreocupado, a enche de indignação.
— Demorei, né? — ele comenta casualmente, sorrindo enquanto se aproxima. — Os rapazes me prenderam na conversa.
Marina o encara, seu estômago embrulha de desprezo e repulsa.
— Aproveitou bastante, Sávio? — questiona, mantendo a voz firme, mas sentindo a ira crescer em seu peito.
— Amor? — ele responde, surpreso com o tom dela. — Está brava porque demorei?
A palavra “amor” dita por ele a faz tremer de raiva.
— Como ousa me chamar de amor? — explode. — Seu desgraçado!
— O que foi, Mari? — ele finge um tom confuso.
— Minha culpa? — Marina sente o sangue ferver.
— Sim, sua. Se não ficasse com essa história de “esperar o momento certo”, nada disso teria acontecido. Já te falei que sou homem, Marina, não sou um adolescente. Preciso de mais do que beijos e abraços. Você se fez de difícil.
Ela o encara, sentindo uma raiva crua tomar conta.
— Ainda bem que nunca fiquei com você. Teria sido o maior erro da minha vida — responde, sentindo um alívio ao dizer isso.
Ele dá uma risada sarcástica.
— Se tivesse ficado, nada disso teria acontecido. Mas parece que você gosta de se fazer de santa, como se fosse a única mulher no mundo.
Suas palavras cortam-na como facas, e, antes que perceba, Marina desfere um tapa contra o rosto dele, que a olha com uma fúria contida, levando a mão no rosto marcado.
— Nunca mais fale comigo — diz Marina, com voz gélida. — Maldito o dia em que pensei que você seria diferente.
Sem querer mais render aquele assunto, ela pega a mala com a expressão firme e determinada.
— E para onde pensa que vai? — ele zomba. — Acha que está perto de casa?
— Sei que não estou, mas pode ter certeza de que qualquer lugar longe de você é melhor — rebate, saindo com passos firmes e fechando a porta atrás de si.
Do outro lado, Sávio apenas observa e um sorriso amargo surge em seu rosto.
— M*****a, acha mesmo que pode sair assim da minha vida? — sussurra, enquanto decide sair do quarto e ir atrás da namorada.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...