No carro, Marina mantém a cabeça baixa, enquanto seus pensamentos rodopiam como uma tempestade em sua mente. Suas mãos repousam sobre o colo, mas os dedos inquietos revelam o nervosismo que pulsa em seu peito. Seu rosto está rosado de vergonha e ela sente o calor subir pelo pescoço, até as bochechas, numa mistura de humilhação e confusão. Não consegue esquecer as palavras de Sávio, cada uma como um golpe afiado que ecoa dentro dela, deixando cicatrizes invisíveis.
“Então era isso que ele pensava sobre mim o tempo todo?”, questiona em pensamento, tentando entender a imagem que passava quando dizia a alguém que queria ser alguém na vida.
Victor lança um olhar discreto em sua direção, percebendo o desconforto evidente em sua postura. Ele suspira, desviando o olhar para a estrada à frente, tentando encontrar as palavras certas para quebrar o silêncio espesso que se instalou entre eles.
— Você não tem nada do que se envergonhar, loirinha — declara com a voz calma, mas firme, mantendo o olhar na estrada.
Marina respira fundo, buscando encontrar um pouco de paz em suas palavras, mas o peso das emoções ainda a sobrecarrega. Ela levanta os olhos, encarando Victor com um brilho hesitante de gratidão e incerteza.
— É difícil não me sentir assim… — responde em um murmúrio. — Tudo o que aconteceu… é como se eu nunca tivesse conhecido o Sávio de verdade.
Victor assente, compreendendo o turbilhão dentro dela. Sua mão repousa sobre o volante, e ele hesita antes de falar novamente.
— Apesar de convivermos com uma pessoa, não a conhecemos de fato e isso serve para todo mundo, por isso, seja mais esperta de agora em diante.
O tom de sinceridade em sua voz penetra fundo no coração de Marina, e ela sente uma estranha sensação de conforto e segurança ali, no carro, ao lado dele. Ela fecha os olhos por um momento, tentando expulsar as memórias dolorosas, tentando se reconstruir a partir de tudo o que desmoronou naquela noite.
— Obrigada… por vir me buscar — sussurra Marina, com a voz embargada pela emoção. — Não sei o que teria feito sem você.
Victor desvia o olhar rapidamente para ela, suas sobrancelhas estão arqueadas em uma expressão de compreensão e cuidado que raramente deixava transparecer.
— Eu estava esperando por essa ligação — ele revela, sem hesitação. — No fundo, sentia que você precisaria de mim.
Aquelas palavras aquecem o coração de Marina de uma maneira estranha e inesperada, uma onda de conforto e segurança preenchem o vazio doloroso deixado por tudo o que aconteceu.
— Nem posso imaginar o quão cansativo foi para você ter vindo por um caminho tão longo — comenta, com o olhar baixo, tentando conter o rubor que sente nas bochechas.
— Eu não me importaria de dirigir milhares de quilômetros, sabendo que você estaria me esperando no final do caminho — responde Victor, seguro e sincero.
Marina desvia o olhar, sentindo as bochechas queimarem.
“Desde quando ele ficou assim… carinhoso?” pensa, surpresa com aquele lado inesperadamente gentil.
Victor geralmente estava distante e crítico, sempre apontando falhas e controlando com firmeza as situações. Agora, no entanto, parecia alguém disposto a protegê-la, alguém que realmente se importava.
— No final, você tinha razão — admite em voz baixa, sentindo-se vulnerável. — Se eu tivesse te escutado desde o começo, não estaria passando por essa humilhação.
Ele solta um suspiro pesado e o maxilar fica levemente tensionado ao lembrar-se de Sávio. A expressão em seu rosto revela um misto de nervosismo e contenção por sentir que poderia ter dado mais alguns socos nele.
— Pode fazer isso ao meu lado, eu não vou fazer nada com você — conclui, voltando o olhar para a recepcionista. — Um quarto, por favor.
Após fazerem o check-in, Victor pega as chaves e caminha com Marina para o quarto. Como acabou quase rolando no chão com Sávio, decide tomar um banho. Quando retorna ao quarto, ele vê Marina já deitada, com os olhos fechados. Mesmo sabendo que ela ainda não está dormindo, decide não a perturbar, então apenas se deita ao lado dela e a puxa para ficar ao seu lado.
Ao sentir os braços firmes de Victor ao redor de seu corpo, Marina deixa-se relaxar, como se, de repente, o peso das últimas horas pudesse se dissolver naquele momento de proximidade. O calor do corpo dele a conforta e, por um instante, consegue esquecer tudo o que a abalou mais cedo.
— Se precisar de qualquer coisa… estou logo aqui — ele sussurra em seu ouvido, com voz baixa e profunda.
Suspirando lentamente, Marina absorve a segurança que ele transmite e sorri, ainda encostada em seu peito.
— Você já está aqui… eu não preciso de mais nada — responde, deixando a voz sair suave.
Enquanto estão ali, juntos, Marina lembra das palavras de Andressa sobre essa viagem. Andressa havia insistido que naquele fim de semana suas dúvidas se dissipariam. E, olhando para Victor, se sente mais segura. Sabia que ele não fazia promessas; não a iludia com palavras sobre o futuro. Mas, por algum motivo, ao lado dele, os compromissos e as expectativas desapareciam. Ali, havia apenas o agora e a sensação de estarem conectados.
Victor aproxima o rosto lentamente e roça seus lábios na pele de seu pescoço, deixando uma trilha de beijos suaves que descem de maneira delicada. Cada toque acende uma faísca em sua pele. Marina sente um arrepio percorrer sua espinha e tudo que quer é sentir aquilo por mais tempo.
— Victor… — murmura, com voz baixa e um pouco trêmula. — Quero que a minha primeira vez, seja com você.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...