Um chefe irritante e irresistível romance Capítulo 117

Quando chega em casa, Victor exibe uma expressão de tensão mal disfarçada. Mesmo satisfeito com o progresso que ele e Marina haviam tido juntos, a ideia de que ela enfrentaria os pais sozinha naquele momento o deixava desconcertado, sentindo-se parcialmente responsável por toda aquela situação. Relutante em entrar na mansão, decide sentar-se no jardim, onde as flores exalavam um perfume suave que ele, no entanto, mal consegue perceber. Ele desabotoa a camisa e fecha os olhos, tentando relaxar, mas a ansiedade o corrói. Pensar que Marina estava sendo julgada duramente pelos próprios pais fazia com que apertasse os punhos, questionando-se se deixá-la em casa naquela manhã foi, de fato, a escolha correta.

— Algum problema? — A voz profunda de Xavier ecoa atrás dele.

Victor abre os olhos e se vira levemente, vendo o pai em uma bermuda azul e camisa branca, com uma expressão casual que parecia alheia a qualquer tensão.

— E desde quando você se importa com isso? — rebate, voltando o olhar para a frente.

— É claro que me importo, você é o meu filho — responde Xavier, como se fosse óbvio.

Se aproximando com passos calmos e, sem cerimônia, Xavier senta-se ao lado dele no banco de pedra do jardim.

— Eu não sei — começa Victor, com um tom ácido em sua voz —, mas desabafar com você e colocar uma corda no pescoço parece ter o mesmo resultado.

A provocação faz Xavier esboçar um leve sorriso, mas seus olhos demonstram um interesse genuíno.

— Não seja tão desconfiado — comenta, com um toque de paciência. — Vi você saindo ontem à noite e só voltando agora. Então, me pergunto: alguma garota está mexendo com a sua cabeça?

— E se estiver? — desafia, levantando a sobrancelha e estudando o rosto do pai.

Xavier observa o filho em silêncio, aparentemente tentando captar o que estava realmente acontecendo.

— Bem — responde ele, medindo as palavras —, se for isso, acho excelente. Já passou da hora de você se apaixonar de verdade por alguém. — Sua voz sai suave e até esperançosa.

Apaixonar-se? A palavra faz Victor hesitar. Era mesmo paixão, o que sentia por Marina?

— E se essa pessoa não pertencer à mesma classe social que a nossa? — pergunta, curioso pela reação do pai, sabendo que isso poderia testar os limites dele.

Xavier solta uma risada breve e despreocupada.

— Bem… nesse caso, sua mãe teria um infarto — brinca, seus olhos brilham com uma pitada de ironia. — Mas, honestamente, só o fato de saber que você está levando alguém a sério já é motivo suficiente para aceitarmos a sua escolha.

A resposta do pai o tranquiliza, mas Victor questiona-se se Xavier manteria essa mesma postura ao saber que Marina era a pessoa de quem ele falava.

— E quem é essa garota? — indaga Xavier, mais interessado.

Victor sorri, mas permanece em silêncio, provocando o pai com seu olhar.

— Por que não me diz? — Xavier continua, frustrado. — Não entendo como ficamos assim. Éramos próximos e, de repente, você me trata como se eu fosse seu inimigo.

Ele encara o pai, com um semblante sério.

— Não se faça de desentendido, pai. Você sabe muito bem o motivo do meu afastamento.

Suspirando lentamente, Xavier ergue as mãos em um gesto de rendição.

— Tudo bem — admite. — Você está certo. Cometi erros nos últimos meses. Mas saiba que estou tentando me redimir.

— Não acredito em uma palavra do que está dizendo — responde, deixando o sarcasmo escorrer de sua voz.