Sem saber como responder ao pai, Marina fica em silêncio, e é nesse momento que Daniela interfere.
— Está vendo, José? Ela não responde porque sabe que aquele homem não quer nada sério com ela — diz, com tom acusador.
— Daniela, pare com isso e deixe nossa filha nos explicar! — exige José, lançando um olhar firme para a esposa, mostrando que não tolerará interferências.
Marina, sempre uma filha obediente, nunca havia se sentido tão pressionada como agora. Sentia que não deveria precisar dar explicações sobre algo tão pessoal, mas sabia que, naquele momento, era isso que esperavam dela.
— Eu não quero falar sobre mim e o Victor — declara, com seriedade. — Eu ainda moro com vocês, mas preciso lembrar que tenho vinte e dois anos e sou dona da minha própria vida. Entendo que queiram o meu bem, mas preciso que compreendam que eu não preciso me casar com o primeiro homem que conheci — continua, firme, decidida a tomar as rédeas de sua vida.
Daniela, abalada pela resposta da filha, responde com indignação:
— Olha só, como ela está ficando abusada! — explode, com os nervos à flor da pele.
— Já disse para não interferir, Daniela! — exclama José novamente, tentando manter a calma, mas claramente frustrado.
— Como não vou interferir, vendo-a nos tratando assim? Como se não nos devesse satisfação alguma! — protesta Daniela, com a voz tomada pela mágoa.
Vendo a tensão aumentar, Marina respira fundo e se dirige a eles com a voz mais baixa e controlada:
— Não estou tratando vocês com desrespeito — diz, com uma ponta de tristeza no olhar. — Estou apenas dizendo que vocês precisam confiar em mim. Não sou a mesma menina de antes; sou uma mulher que está tentando entender a própria vida. Cometi erros, sim, mas eles são meus, e são as minhas escolhas que irão me guiar.
José observa a filha em silêncio, absorvendo suas palavras, enquanto Daniela, ainda ofegante pela discussão, desvia o olhar.
— Sei que vocês estão tentando me proteger — Marina continua, suavizando o tom —, mas, para mim, está ficando claro que o que realmente preciso agora é de espaço e confiança. Preciso que vocês acreditem que posso tomar as minhas próprias decisões, mesmo que algumas não façam sentido para vocês.
José solta um suspiro e parece mais calmo ao ouvir a filha, embora ainda preocupado.
— Entendemos seu ponto, filha — ele finalmente responde. — Só que tenho medo de seu chefe querer se aproveitar de você, por isso, acho melhor procurar por outro emprego, assim, tudo irá se resolver.
— Ele não está se aproveitando de mim, pai, por favor, não me peça para sair do emprego — implora, a voz fica embargada pelo nervosismo. — É verdade que ele me beijou, mas foi porque eu quis também — revela.
José suspira, tentando manter a calma.
— Existe um ditado muito popular que diz: “onde se ganha o pão, não se come a carne” — explica. — Então, seja lá o que estiver acontecendo entre vocês, é melhor que isso fique bem longe da empresa.
Daniela, que vinha ouvindo em silêncio, perde a paciência ao perceber que o marido está sendo mais flexível do que gostaria.
— Como pode dar esse tipo de conselho para nossa filha? Está mesmo dizendo para ela continuar saindo com aquele homem sem compromisso algum?
— Não entenda errado, mulher — José tenta intervir.
— Não estou entendendo nada errado! Estou vendo você passar a mão na cabeça da Marina, e isso eu não vou aceitar! — declara com veemência e olhar rígido. — Vá para o seu quarto, Marina, e não saia de lá até que seu pai e eu tenhamos uma conversa.
Percebendo que a conversa com o pai não poderia continuar naquele momento, Marina se retira para o quarto. Assim que entra, pega o celular e vê uma mensagem de Victor perguntando se está tudo bem.
“Tudo está um caos, minha mãe viu você me beijar,” responde rapidamente.
Em segundos, a tela do celular começa a piscar com uma chamada de Victor. Ela atende, já esperando a voz preocupada dele.
— Loirinha — ele diz, com a voz baixa e firme. — Como você está?
— Já disse que entendo — interrompe-a com uma suavidade incomum. — Relaxe, loirinha. Darei um jeito nisso.
Victor desliga, deixando um ar de mistério, e Marina se vê ainda mais intrigada. Naquela noite, ela decide ficar no quarto, evitando o jantar para evitar mais conflitos.
Na cozinha, Daniela e José discutem intensamente.
— Não podemos permitir que ela continue nesse emprego. Esse homem só quer se aproveitar dela! — exclama Daniela, furiosa.
— Sei disso, também não gosto da ideia. Mas, no final, é Marina quem decide. Ela já é adulta e, como mesmo disse, foi ela quem quis o beijo — responde José, tentando ser racional.
De repente, a campainha toca e ambos se entreolham, surpresos.
— Quem será? — José pergunta.
— Não sei… espero que não seja a intrometida da Andressa — resmunga Daniela, dirigindo-se ao portão.
Quando o abre, se depara com ninguém menos que Victor Ferraz, em pé, olhando-a com uma firmeza controlada.
— O que está fazendo aqui? — ela pergunta, cheia de desconfiança.
— Boa noite, senhora, sei que não esperavam por minha visita, mas preciso conversar com você e seu marido.
— E sobre o que é? Por acaso, veio nos dar mais uma de suas desculpas — pergunta nervosa.
— Não, eu vim aqui pedir a permissão de vocês para namorar a sua filha.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...