Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 123

Na cozinha, Daniela mantém uma expressão severa enquanto lança olhares reprovadores para o marido.

— Não fique assim, mulher, eu fiz o que era certo — diz José, se levantando para lavar a louça.

— Certo? — Daniela quase sussurra, incrédula. — Você deu permissão para aquele homem fazer o que bem entender com nossa filha!

— Ele é o namorado dela agora — rebate José com firmeza. — E não fale como se a Marina fosse uma criança. Acha mesmo que ela, com aquela personalidade forte, vai deixar alguém fazer o que quiser com ela?

— Acho, sim! Sabe por quê? Porque a nossa filha é ambiciosa, José. Até ontem ela dizia gostar do Sávio, e agora está com esse homem.

— Talvez porque o Victor demonstrou mais caráter e coragem que o Sávio jamais teve — responde ele, irritado. — Escuta aqui, não quero mais ouvir o nome do Sávio nesta casa. O que ele fez com a nossa filha é imperdoável. Prefiro mil vezes vê-la ao lado de alguém que a respeita, do que triste pelos cantos.

Daniela franze o cenho, ainda descontente.

— Não é isso que estou questionando, José, e você sabe muito bem disso — explica, cruzando os braços e se aproximando do marido. — Eu simplesmente não consigo enxergar um futuro estável nisso.

— Ah, como se você pudesse prever o futuro! — José suspira. — Em vez de se preocupar com isso, pense no quanto está afastando a Marina de você com essa atitude. Se a Mari quisesse, ela poderia estar com o Victor pelas nossas costas, mas eles decidiram ser sinceros conosco. Isso não significa nada para você? Aceite essa situação, ou a única coisa que você conseguirá é fazer a nossa filha ir embora. E eu não quero isso.

Daniela encara José, balançando a cabeça em negação.

— Para com isso. Você fala como se a Marina tivesse coragem de nos deixar.

— Se você continuar desse jeito, ela pode encontrar essa coragem sim. Marina é adulta, independente, e a única coisa que ainda a segura aqui somos nós. Se você tornar a estadia dela insuportável, ela não pensará duas vezes antes de partir.

Essas palavras fazem Daniela refletir em silêncio, e José aproveita o momento para se afastar.

— Vou dormir — anuncia. — Mas vou chamar a Mari para entrar, ela está lá fora há um bom tempo.

José se dirige à escada, mas, antes que chegue ao portão, ele se abre, e Marina entra em casa. O rosto dela está levemente corado e seus cabelos estão um pouco desalinhados. Ao perceber o olhar atento do pai, ela tenta ajeitar os cabelos, disfarçando.

— Já estou indo dormir, filha. Tranque o portão antes de subir — orienta com um sorriso.

— Claro, pai. Boa noite!

Marina fecha o portão e caminha para o quarto, com o coração ainda acelerado com as lembranças recentes. Ao se jogar na cama, os pensamentos retornam à intensidade do toque de Victor, os lábios dele explorando cada parte de seu rosto, as mãos firmes, e aquela boca que a possuía com uma mistura de desejo e urgência. Nunca havia sentido algo tão arrebatador.

— Não acredito que estamos realmente namorando — sussurra para si mesma, enquanto os dedos tocam os lábios, ainda sentindo o calor do beijo.

Mesmo com a sensação de que Victor estava dando esse passo mais por querer autonomia, ela não podia negar que, com ele, vislumbrava uma nova liberdade, uma nova descoberta sobre si mesma e sobre o que desejava.

Naquela noite, enquanto o cansaço finalmente a vence, Marina se permite sonhar com o amanhã, sentindo que ao lado de Victor poderia experimentar muitas coisas pela primeira vez.

Victor a observa em silêncio por um momento e um sorriso satisfeito estampa seus lábios. Ele parecia mais leve, visivelmente feliz em tê-la ali consigo, embora não fosse do tipo de homem que admitisse isso.

— Gostou das flores? — pergunta, os olhos fixos nos dela.

— Eu amei — admite Marina, num sorriso tímido. — São lindas.

— Não tanto quanto você. — Ele segura sua cintura e a ergue com firmeza, colocando-a sobre a mesa, seus olhos a percorrem com admiração. — Sabe o quanto esperei para ter essa vista? — diz ele, inclinando-se, com o olhar afiado e cheio de desejo.

— Victor, pare com isso, alguém pode entrar — ela murmura, tentando descer da mesa, mas é interrompida pela firmeza com que ele a impede, inclinando-se ainda mais perto.

— Quem seria o louco de entrar aqui sem a minha permissão? — pergunta, com um sorriso malicioso no rosto, enquanto uma trilha de beijos segue pelo pescoço dela. — E, se por acaso nos vissem, não poderiam fazer nada, já que você é minha namorada, lembra?

Marina morde o lábio, o coração acelerado, mas ainda insegura.

— Victor… até quando vai continuar com essa ideia de namoro?

Ele para por um instante e a encara, num misto de intensidade e afeto no olhar.

— Até você acreditar tanto nisso quanto eu — responde ele, com firmeza, com palavras inesperadamente sinceras.

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