Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 134

Joana está no carro, impaciente, sentindo o coração bater forte enquanto espera pelo filho. Cada minuto de silêncio parece interminável, e o medo começa a crescer dentro dela — medo de que Marina, com palavras persuasivas, tente fazer Victor mudar de ideia. Contudo, quando se lembra do olhar frio que o filho lançou para Marina, uma faísca de esperança a faz acreditar que, depois de tudo, ele não perdoaria algo tão grave.

Após alguns minutos, Victor aparece no estacionamento do prédio. Ele caminha até o carro com a expressão abatida, como se cada passo pesasse uma tonelada. Quando abre a porta e entra, a mãe o observa atentamente, seus olhos ávidos procuram por qualquer sinal do que ele possa estar sentindo.

— O que você fez, Victor? — pergunta, sem conseguir esconder a curiosidade misturada com alívio.

— O que acha que eu faria? — ele responde com a voz tensa e estridente. — Queria que eu a agredisse, como você estava disposta a fazer? — pergunta, jogando-se contra o encosto do banco enquanto dá a partida no carro.

Joana balança a cabeça, irritada com o tom com que o filho lhe lança.

— Não acredito que aquela mulher sairá vitoriosa. Preciso garantir que o Xavier tire dela o apartamento e tudo o que foi dado a ela por meio de chantagens. Sabia que aquela golpista estava de olho apenas no nosso dinheiro — diz, com voz carregada de desprezo.

Enquanto a mãe fala, Victor mal ouve, perdido em seus próprios pensamentos. As “provas” que o pai lhe mostrou, as acusações, as fotos… tudo parece pesar sobre ele como uma âncora. Como ele poderia acreditar apenas nas palavras de Marina, depois de tudo o que viu?

Joana percebe a indiferença do filho e insiste:

— Filho, está me ouvindo?

— Não quero falar sobre isso — ele responde com a voz dura. — A partir de hoje, aquela mulher morreu para mim. — O tom finaliza a conversa de maneira cortante, enquanto ele desvia o olhar, ignorando o restante dos comentários da mãe.

Joana sente um misto de alívio e satisfação por ver que o filho parece decidido a se afastar de Marina. No entanto, ainda há algo em sua expressão que a preocupa. Ela sabe que precisa conversar duramente com o marido para decidir o próximo passo. Embora não tenha planos de se separar, quer que Xavier entenda que ela não tolerará essa humilhação.

Ao chegar na garagem de casa, Victor estaciona o carro de qualquer jeito. Rodrigo, que estava à espera, observa o irmão e percebe a frieza no rosto dele.

— Como foi? A Marina estava realmente lá? — Rodrigo pergunta, com a voz baixa, porém ansiosa.

— Sim, ela estava — responde Victor, caminhando para dentro da casa com passos firmes e decididos, sem esperar por mais nada.

— Então era verdade? — Rodrigo insiste, sem conseguir esconder uma ponta de dúvida na voz.

— Tudo o que o nosso pai disse é verdade. — responde firmemente, sem olhar para trás, e vai diretamente para o escritório de Xavier.

Ao entrar, vê Xavier sentado, observando uma das fotos de Marina com um sorriso disfarçado de falsa tristeza. A cena acende uma fúria contida em Victor, e ele avança com determinação para cima do pai.

— Seu desgraçado! Como pôde deixar que isso chegasse a esse ponto? — Victor grita, dando um soco no rosto do pai, liberando a raiva que o consumia.

Rodrigo ouve o som do soco e corre para dentro do escritório, tentando separar ambos, mas Victor já havia desferido uma série de socos e chutes no pai, derrubando-o no chão. Mesmo caído, Xavier levanta a cabeça e encara o filho com uma expressão entre dor e um toque de falso arrependimento.

— Eu tentei te avisar para se afastar dela. Tentei proteger você, mas você não quis me ouvir — murmura, cuspindo um pouco de sangue.

— Por que não me disse a verdade antes? — Victor grita, sua voz está rouca de decepção e os punhos estão cerrados com força, enquanto Rodrigo o segura.

— Façam o que quiserem. Eu não ficarei mais nesta casa. Não posso conviver com tanta hipocrisia.

— Para onde vai? — Joana pergunta, alarmada, prestes a correr atrás dele, mas Xavier a detém, segurando-a pelo braço.

— Deixe-o ir. Victor precisa de um tempo para esfriar a cabeça — diz Xavier, fingindo compreensão, mas satisfeito em seu íntimo.

Mesmo preocupada, Joana concorda em deixá-lo partir.

— Vou para o meu quarto — Rodrigo anuncia, percebendo que os pais têm muito o que discutir.

[…]

Enquanto dirige pela cidade, Victor sente o peso da dor e da desilusão esmagando-o. Seus ombros estão rígidos e cada músculo do corpo está tenso. Suas mãos apertam o volante como se nele pudesse ancorar-se. Na mente, um turbilhão de pensamentos retorna repetidamente. Cada quilômetro que anda parece aproximá-lo ainda mais do abismo da confusão.

Finalmente, ele entra pelo portão do condomínio onde havia comprado uma residência. As luzes apagadas da casa aumentam sua sensação de solidão e medo. Parando o carro, ele respira fundo, tentando acalmar-se antes de entrar.

Quando finalmente abre a porta, sente uma presença no escuro. Seus olhos demoram alguns segundos para se ajustar, e então ele a vê — uma silhueta feminina, de pé, perto das janelas de vidro. Um choque de alívio o invade. Ele acende a luz e vê Marina, ela estava ali, parada diante dele, com os olhos vermelhos, de tanto chorar. Sem dizer nenhuma palavra e nem tirar seus olhos dela, ele caminha até o sofá e se senta.

— Bem… sente-se aqui e me conte toda a verdade — diz ele, com a voz grave e decidida.

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