Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 14

A chuva começa a cair com intensidade, martelando ritmicamente o para-brisa do carro de Victor, formando pequenos riachos que deslizam pela superfície de vidro.

Do lado de dentro, o silêncio pesa no ar, tornando a atmosfera quase sufocante. Marina observa as gotas que escorrem, como se o mundo lá fora tivesse desacelerado, enquanto o som dos limpadores de para-brisa cria um ritmo hipnotizante, cortando o silêncio pesado. O tráfego desacelera, os carros se movem irregularmente, e a cidade, que antes vibrava de vida, agora parece envolta em um sonho confuso, onde cada minuto se arrasta como uma eternidade.

No carro, Marina sente o tempo congelar. A cada movimento dos limpadores, uma camada invisível de tensão cresce no ar, sufocando seus pensamentos.

— Será que vamos demorar? — ela pergunta, quase num sussurro, enquanto observa o trânsito imobilizado.

Victor se acomoda no banco, deixando os seus dedos relaxarem no volante enquanto responde, sem pressa.

— Não sei. É o horário de pico, e com essa chuva, qualquer coisa pode acontecer. — Ele a olha com atenção. — Está com pressa? — Seus olhos encontram os dela com uma intensidade que faz o coração de Marina acelerar.

Ela desvia o olhar, sentindo um leve constrangimento sob aquele olhar penetrante.

— Só quero chegar em casa — confessa, tentando manter a voz firme, embora o incômodo de ser observada a deixe vulnerável.

— Tem planos para esta noite? — Victor insiste, sua voz carrega uma curiosidade que a faz hesitar. Há algo nele que parece querer arrancar cada pedaço de verdade de dentro dela.

Marina pensa na mensagem de Sávio, que ainda não respondeu.

— Talvez… — responde evasivamente, sentindo o peso do olhar de Victor sobre ela, tão intenso que faz seus dedos se entrelaçarem nervosamente no colo.

A pergunta que segue a surpreende desconcertantemente.

— Você tem namorado, Marina?

Ela se vira para ele, atônita. De todas as coisas que ele poderia ter perguntado, essa é a última que esperava ouvir. O silêncio entre os dois se torna quase palpável, denso e cheio de implicações.

— Por que quer saber? — responde, com um meio sorriso nervoso. — Está interessado em mim? — Ela tenta rir para aliviar a tensão, mas Victor não ri.

Ele a observa em silêncio. Seus olhos, como facas afiadas, penetram suas defesas. Marina sente um arrepio subir pela espinha.

— Só estou brincando — diz ela rapidamente, tentando quebrar o gelo, mas sua voz sai trêmula, carregada de uma timidez inesperada. Suas bochechas queimam sob o calor que a invade, e ela se odeia por não conseguir controlar suas reações.

Victor continua a fitá-la com uma calma afiada, e, finalmente, responde com uma voz fria e precisa:

— Não estou interessado, loirinha.

As palavras caem como uma pedra no peito de Marina. O tom indiferente dele a atinge.

Ela sente uma mistura de irritação e constrangimento.

— Não é legal você me chamar assim… — diz ela, com a voz mais baixa, desviando o olhar para a janela, como se quisesse se esconder. — Faz parecer que somos mais íntimos do que realmente somos.

— Eu não me importo — responde Victor com desdém, sem dar a mínima para o desconforto dela.

Por um instante, a indiferença dele a irrita profundamente. Ela cruza os braços, tentando recuperar algum controle.

— Tudo bem. Então não se importe quando eu te der um apelido também — retruca, com um toque de desafio na voz, tentando provar que não será intimidada.

14: Um homem que sabe jogar 1

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