Um chefe irritante e irresistível romance Capítulo 142

Enquanto caminha pela vasta casa, Victor sente o silêncio pesado ao seu redor, num vazio que ressoa nas paredes e corredores amplos. Antes, ele sempre gostou de sua própria companhia; era um homem acostumado a desfrutar da solidão com conforto e até um certo orgulho. Mas agora, aquele mesmo silêncio que outrora consideraria acolhedor se tornou uma presença opressiva, quase cruel. A ausência de Marina transforma cada canto da casa em um lembrete gritante de que ela não está ali.

Ele sobe as escadas lentamente, sentindo o peso de cada passo, e se dirige ao quarto, onde encontra a cama impecavelmente arrumada por Marina antes de partir. Os lençóis lisos e o ambiente em ordem mascaram a intensidade dos momentos que ambos compartilharam ali, como se o fim de semana não tivesse passado de um sonho. Mas ele lembra, com uma clareza forte, de como seus corpos se fundiram em um desejo tão profundo e incontrolável que nem mesmo os lençóis escaparam ilesos.

O cheiro dela ainda paira levemente no ar, então fecha os olhos, inalando aquele último vestígio, o único consolo em meio à solidão sufocante. Um aperto cresce em seu peito, um sentimento ao qual ele nunca havia se rendido antes. Sempre teve controle sobre seus desejos, sempre se contentou em manter mulheres à distância, substituindo-as quando se cansava. Mas Marina era diferente. Ela havia despertado algo profundo, algo que ele não conseguia nomear e nem queria fugir. Por Marina, a necessidade de estar com outra mulher desaparecia; ela era tudo o que queria, e o pensamento de qualquer outra ao seu lado parecia absurdo, vazio. Os sentimentos que Marina despertou eram novos, como se ela tivesse trazido luz a partes de sua alma que ele nem sabia existirem.

Tudo o que deseja agora é mais dela, mais daquele calor que só ela consegue trazer, mais dos risos e olhares, mais do toque suave e da presença silenciosa que preenche a casa inteira. Sentado na beira da cama, ele desliza os dedos sobre o lençol, buscando qualquer traço dela, qualquer conforto para preencher o espaço deixado. Seu coração, agora refém de uma saudade dolorosa, clama pela presença dela.

[…]

Na manhã de segunda-feira, Victor acorda cedo, lembrando-se das incontáveis obrigações que a semana reserva. Determinado a não retornar à casa dos pais, ele solicita a um dos empregados que traga suas roupas para sua nova residência.

— A senhora Ferraz não permitiu que eu trouxesse todas as peças, senhor — informa Geraldo, o empregado, com um tom cuidadoso. — Ela solicitou que o senhor retornasse para casa — acrescenta, com uma expressão quase de desculpas.

Victor esboça um sorriso contido, sentindo uma ponta de exasperação.

— Está tudo bem, Geraldo. As roupas que trouxe já são suficientes por enquanto. Depois irei pessoalmente buscar o restante.

Assim que Geraldo sai, Victor termina de se arrumar e decide tomar o café da manhã na própria empresa, já que estava atrasado. Ao chegar ao andar onde trabalha, ele avista Katrina conversando em sussurros com sua secretária, ambas interrompem o cochicho ao notarem sua presença.

— Bom dia, senhor Ferraz — diz a secretária rapidamente. — A Katrina trouxe alguns papéis importantes para serem revisados. Só que… — A secretária parece ficar tensa, antes de continuar. — Marina não chegou até agora, senhor.

Victor encara ambas com um olhar duro e deixa seu tom de voz sério ao responder:

— A Marina não virá mais. Ela foi demitida — explica.

As duas trocam olhares cúmplices, deixando a curiosidade evidente em suas expressões. Apenas Katrina tem a coragem de perguntar:

— E por que foi demitida? — arrisca, com o tom cheio de interesse.

Victor lança-lhe um olhar frio e direto.

— Não é da sua conta — responde secamente, antes de se virar e entrar em seu escritório, encerrando a conversa.

Assim que a porta se fecha, Katrina se inclina para a secretária, sussurrando com um sorriso satisfeito:

— Eu sabia que isso não duraria muito, mas não imaginei que terminaria tão rápido — comenta, enquanto o olhar cintila de satisfação.

— E o que faço com esses papéis? — pergunta a secretária, um tanto incerta.

— Peça à nova assistente do Rodrigo; aposto que ela ajudará — diz Katrina, saindo com um ar triunfante.

Ela entra no elevador, sentindo-se revigorada, como se tivesse acabado de receber a motivação necessária para o dia. Ao chegar à sua mesa, é chamada pelo chefe.

— Sim, senhor? — responde rapidamente.

— Veio do andar do Victor? — pergunta Rodrigo, com um tom preocupado.