Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 152

Na noite de sexta-feira, Joana se senta sozinha à mesa de jantar, o silêncio da casa amplifica o da solidão que sente. Rodrigo e Valentina haviam saído desde a manhã para o novo apartamento, empolgados com os preparativos da mudança definitiva, e Xavier havia embarcado na madrugada para os Estados Unidos, deixando-a com a habitual sensação de vazio. Uma das funcionárias da casa, impecável como sempre, aproxima-se para servir-lhe o jantar sofisticado em uma bandeja de prata.

— O Victor já chegou em casa? — pergunta Joana, num tom casual, enquanto morde um pedaço do seu bife mal passado.

— Sim, senhora — a funcionária responde.

— Chame-o para o jantar, diga que estou sozinha.

A funcionária hesita por um momento, antes de apontar discretamente para o corredor.

— Não precisarei chamá-lo, senhora — diz, direcionando o olhar para Victor, que surge no final do corredor, ajustando os punhos da camisa despreocupadamente.

— Estava falando de mim? — pergunta ele, com um sorriso contido, enquanto se aproxima. Ele se inclina e deposita um beijo breve no rosto da mãe antes de se sentar à mesa.

— Boa noite, querido. Pensei que não estivesse em casa — comenta Joana, tentando soar amável.

Victor sorri, mas seu tom de voz sai meio sarcástico quando responde:

— Só ficarei para o jantar, daqui a pouco tenho um compromisso — revela.

Joana estreita os olhos, mas mantém a compostura.

— Não seja rude, Victor. Não sente pena de me ver assim, sozinha em casa? — pergunta, adotando um tom de lamento e provocação.

Victor a encara por um momento, mantendo a expressão inexpressiva.

— Não, mãe, eu não sinto — responde, sem hesitação.

Joana percebe que o papel de vítima não surtiria efeito com ele, então muda de abordagem, ajustando o tom da conversa.

— Estava com alguma mulher ontem à noite? — pergunta, lançando-lhe um olhar sugestivo enquanto toma um gole de vinho. — Notei que você chegou bem tarde.

Victor esboça um sorriso enigmático e responde sem a encarar diretamente.

— Talvez…

— Por que, em vez de se aventurar com várias mulheres, não dá lugar para uma digna de você? — insiste, tentando provocar uma conversa mais séria.

Ele finalmente a encara, com uma expressão calma, mas deixa uma leve ironia solta no ar.

— Não se preocupe com isso, mãe. Eu já disse que estou pensando nessa possibilidade.

Joana arregala os olhos, surpreendida.

— Sério? — pergunta, com um misto de entusiasmo e ceticismo.

Ele apenas assente, voltando a comer como se a conversa fosse trivial, sua atitude despreocupada contrasta com o entusiasmo crescente da mãe. Joana, no entanto, não percebe que, por trás da fachada relaxada, Victor está longe de estar preocupado com romances ou planos.

Na verdade, a noite anterior havia sido dedicada a algo bem diferente. Enquanto a mãe imaginava uma possível companhia feminina, ele estava reunido com os detetives que havia contratado para seguir Xavier nos Estados Unidos. Na conversa, havia deixado claras suas instruções: não desgrudar do pai desde o momento em que ele desembarcasse do avião.

— Quero tudo registrado — Victor disse, firme e autoritário. — Fotos, vídeos, cada lugar que ele visitar, cada pessoa que encontrar. Não percam um único movimento.

Victor para por um momento, virando-se para encará-la com um sorriso de canto, carregado de ironia.

— Em primeiro lugar, mãe, você está sozinha porque escolheu estar. Podia muito bem ter viajado com o seu marido, mas preferiu ficar aqui lamentando. Em segundo lugar, o tipo de companhia que preciso este fim de semana não é algo que você possa suprir, se é que me entende — provoca, com um brilho de desafio nos olhos.

Joana solta um suspiro exasperado, mas sua expressão logo endurece.

— Victor, já disse para não ser rude! — ela grita, perdendo a compostura, enquanto o vê sair da sala sem mais explicações.

Apenas balançando a cabeça, ignora o protesto da mãe enquanto caminha para a porta da frente. Ele entra em seu carro e acelera, deixando a casa para trás.

No caminho, verifica mentalmente os detalhes que havia planejado. Já tinha pesquisado o voo mais rápido para a cidade onde a avó de Marina morava. “Apenas uma hora e meia,” pensa, sentindo uma ansiedade crescente. Sabia que cada fim de semana com Marina seria precioso e não estava disposto a perder essa oportunidade.

Quando chega ao aeroporto, embarca no voo e passa a curta viagem olhando pela janela, imaginando o momento em que finalmente a verá. Ao desembarcar na cidade, pega um táxi diretamente para o hospital.

Assim que chega, desce do táxi e paga o motorista. Quando se vira em direção à entrada do hospital, para de repente. Lá está ela, saindo do prédio, com o cabelo solto e o rosto visivelmente cansado, mas ainda assim irradiando aquela beleza que sempre o desarmava.

Por um momento, ele fica imóvel, como se o mundo ao seu redor tivesse parado. Seu coração começa a bater mais rápido, e a saudade acumulada durante a semana inteira o atinge como uma onda. Tudo o que quer é correr até ela e segurá-la nos braços, como se aquele abraço pudesse compensar os dias de distância.

— Não acredito que veio até aqui me ver — diz Marina, enquanto sente o calor do abraço dele.

Victor segura o rosto dela entre as mãos, encarando-a com um olhar intenso.

— Claro que vim. Onde mais eu estaria? — responde ele, num tom baixo e sincero. — Uma semana sem você foi longa demais.

— Ainda bem que pensa assim, porque essa noite quero dormir em seus braços — declara Marina, tentando jogar fora toda a timidez.

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