Enquanto está deitada no peito de Xavier, os pensamentos de Andressa vagam para longe, tão distantes que ela sente como se sua alma tivesse abandonado seu corpo exausto e dolorido, reflexo do que havia acontecido mais cedo com Leonel, seguido pela agressividade de Xavier durante o sexo.
A culpa a dilacera, trazendo um vazio sufocante que a faz se sentir reduzida a um mero objeto, usado sem qualquer consideração por seus sentimentos.
Para Xavier, ela era apenas uma posse, algo que ele acreditava controlar, sem nunca oferecer um traço de afeto ou respeito genuíno.
A culpa era sua por se deixar iludir pelo dinheiro e pelas promessas que ele trazia. Pois nunca se importou que ele fosse embora para casa, para junto da família, depois de uma noite quente de sexo. O dinheiro que ganhava dele preenchia os vazios de forma que sempre desejou. Com ele vieram as bolsas de grife, os sapatos perfeitos, as roupas de luxo, joias brilhantes, eletrônicos modernos e toda a ostentação que fascinava jovens da sua idade. Era um sonho que ela podia tocar, sem se importar com mais nada.
Tanto que não se importou com as consequências de seus atos, a ponto de trair uma amiga que sempre foi leal. Agora a culpa a consumia.
Marina… Apenas pensar no nome dela fazia o peito de Andressa apertar. Ela se perguntava o que a amiga estaria sentindo após a punhalada que lhe desferira.
“O que será que ela pensa de mim agora?” Os pensamentos vinham como um redemoinho em sua mente, cada um mais pesado que o outro.
Até aquele momento, Andressa não havia se permitido refletir sobre o alcance de suas ações. Estava tão desesperada para agradar Xavier, tão consumida pela necessidade de conquistar sua atenção e aprovação, que ignorara por completo o impacto devastador de suas escolhas.
“O que será de mim daqui para frente?” A pergunta ecoa em sua mente, acompanhada de um peso esmagador. Voltar para casa era uma ideia impossível. Encarar a amiga, ainda mais. Recuperar a amizade dela? Um sonho distante, quase irreal.
— Que droga — murmura, mergulhando a cabeça na água, como se pudesse afogar os pensamentos que insistiam em persegui-la.
Naquele momento, o ódio por si mesma e por Leonel se misturavam, confundindo seus sentimentos. Foi culpa dele. Foi Leonel quem despertou aquela Andressa de antes, a garota sonhadora, doce e sincera, que acreditava no amor acima de tudo. Agora, esse lado dela parecia uma maldição, trazendo consigo dores que não sabia se poderia suportar.
— Mais uma vez nesse estado? — A voz de Xavier ecoa no banheiro, arrancando Andressa do transe.
Ele está nu, parado junto à porta, encarando-a com aquele olhar frio e inquisidor que sempre a desconcertava.
— Não é nada… só estou pensando no que fizemos — responde ela, tentando manter a naturalidade enquanto seus pensamentos se atropelam.
Xavier avança lentamente, parando ao lado da banheira. Com um movimento casual, senta-se na borda, inclinando-se ligeiramente em sua direção.
— Pensando no que fizemos… na cama? — provoca, com o olhar cheio de malícia, enquanto um sorriso torto surge nos lábios.
Ela revira os olhos, disfarçadamente, mas sua irritação é visível.
— Não, amor. Não estou falando disso. — Ela respira fundo antes de continuar. — Estou pensando no que fizemos no Brasil. Estou me perguntando o que a Marina deve estar fazendo agora.
As palavras saem em um tom mais sério, mais pesado, mas Xavier apenas observa, sem pressa, como se saboreasse o incômodo que a atormenta.
Sorrindo de canto, num sorriso que não chega aos olhos, ele passa os dedos pelos cabelos úmidos de Andressa, como se estivesse analisando suas palavras.
— Você está mesmo preocupada com ela? Depois de tudo? — Ele se inclina, com seus olhos frios fixos nos dela. — Andressa, vou te dizer uma coisa: não devia se preocupar com ela, vai por mim, depois do que você fez, devia se distanciar o máximo possível, para o seu próprio bem…
— Você tem razão — murmura, quase inaudível.
Xavier arqueia uma sobrancelha, satisfeito com a submissão implícita, e se levanta.
— Não demore muito aqui. Reservei um restaurante incrível para nós dois — diz, com uma frieza calculada, antes de se afastar, ignorando completamente os conflitos internos que ela mal consegue disfarçar.
Sozinha no banheiro, Andressa permanece em silêncio, encarando o teto como se a resposta para seus problemas pudesse estar escrita ali. Sua mente, no entanto, não a deixa em paz. Os pensamentos sobre Marina, Xavier e, agora, Leonel, se misturam em um caos que não consegue ordenar.
Decidida a afastar a confusão, fecha os olhos e tenta se concentrar no som da água ao seu redor. Por um instante, a quietude parece alcançável. Mas, um som abrupto faz seu corpo inteiro estremecer. A voz de Xavier ecoa pela suíte, tão alta e carregada de fúria que o ar parece pesar.
A porta do quarto se escancara, batendo contra a parede com força, e Xavier entra como uma tempestade, com uma expressão dura e olhos faiscando. Ele está completamente descontrolado.
— Quem diabos é Leonel e por que ele quer te ver? — ruge, num tom grave e ameaçador, preenchendo cada canto do espaço.
Andressa congela, sentindo o coração disparar. As palavras dele são como um golpe direto.
O que dirá para escapar desse problema?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...